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Notícias / Entrevista da Semana

15/12/2024 às 08:02

ENTREVISTA DA SEMANA

Economista dá dicas para manter controle das dívidas no fim de ano e elege vilão das compras por impulso

Em bate-papo com o Leiagora, Vivaldo Lopes faz também uma análise do cenário econômico atual do Brasil e de Mato Grosso

Luíza Vieira

Economista dá dicas para manter controle das dívidas no fim de ano e elege vilão das compras por impulso

Foto: Leiagora

Fim de ano chegando e o que não faltam são confraternizações, amigo-secreto e aquele presentinho especial para amigos e familiares queridos. As saídas noturnas aumentam, o movimento no comércio triplica e o bolso muitas vezes não suporta a demanda, mesmo com o bônus do 13° salário. Pensando nisso, o Leiagora traz um bate-papo com o economista Vivaldo Lopes, que analisa a conjectura atual do Brasil e de Mato Grosso ao longo deste ano, além de dar dicas de como melhor aproveitar esse período festivo com mais responsabilidade financeira. 

O especialista destaca que, atualmente, fica cada vez mais fácil atrair o consumidor com ‘ofertas imperdíveis’ de crédito e produtos. Com isso, Vivaldo explica que o principal vilão nesta época é o cartão de crédito, uma vez que, com a chegada de um novo ano, as dívidas se acumulam, em especial no mês de janeiro. Ocorre que, junto às faturas do cartão, as dívidas do começo de ano e as contas mensais acabam gerando o efeito ‘bola de neve’ nos orçamentos das famílias brasileiras, que tendem a ficar mais endividadas. 

Confira a entrevista completa:

Leiagora - Como o senhor avalia a atual conjectura econômica do Brasil?

Vivaldo - Eu avalio como um bom ano, no sentido dos fundamentos macroeconômicos do Brasil, são muito bons. Nós vamos crescer de 3,5% a 4% este ano a economia brasileira. Estamos com reservas cambiais acima de 370 bilhões de dólares, o que é interessante. Dá uma garantia para o mundo de que o Brasil vai honrar suas dívidas externas. Inflação que tem um teto de 4,5%, a inflação deve ficar entre 4,5 e 4,8%. 

Portanto, nós não tivemos explosão da inflação, ela está sob controle, mesmo um pouco acima da meta, e os dados macroeconômicos estão sólidos. O que a gente tem de problemas aí é a taxa de juros, que nós vamos fechar o ano com a taxa de juros em 12,25%. Portanto, em 2025, essa taxa alta de juros vai diminuir o ritmo de crescimento da economia.

Leiagora - Em relação a Mato Grosso, como o senhor avalia a atual situação econômica?

Vivaldo - Trazendo para Mato Grosso, também teremos, tivemos um ano de 2024 muito bom. Mato Grosso, segundo dados do governo do Estado, teve um crescimento econômico em 2023 de 14%. Veja bem, enquanto o Brasil cresceu 3,2%.

A economia de Mato Grosso em 2023 cresceu 14%. Em 2024, segundo dados da Secretaria de Planejamento do Estado, a economia de Mato Grosso vai crescer menos. A safra não foi tão grande quanto a de 2022, de 2023, mas também tivemos uma boa safra.

Os problemas que o agro, que é o principal setor da economia de Mato Grosso, teve foi com os preços internacionais. Como nós exportamos muito, isso acabou afetando um pouco o rendimento final do agro aqui em Mato Grosso em 2024. Nada assustador. 

Leiagora - Fim de ano: época em que a população gasta muito mais com trocas de presentes e confraternizações. Como não perder o controle das finanças em meio a ofertas tentadoras?

Vivaldo - O Brasil está convivendo com duas situações que são umas verdadeiras bombas de efeito retardado. Bombas que estão prestes a explodir. Uma é a intensidade com que o mercado financeiro, o mercado bancário oferece possibilidades para a família, para o consumidor gastar mais e gastar até além do que ele pode gastar. Nós somos bombardeados todos os dias com oferta de cartão de crédito, oferta de crédito consignado, oferta de financiamento, de todos os tipos.
 
Então, isso pelas redes digitais, os bancos usando mecanismos digitais para chegar até o consumidor, que antes tinha que ir às casas desses consumidores ou esperar que os consumidores fossem até as agências bancárias. Agora, ele pode fazer isso durante 24 horas por dia, de forma digital, e, naturalmente, isso estimulou muito as pessoas a gastarem além da sua capacidade.

Uma verdadeira guerra de oferta de crédito para o consumidor e, do outro lado, um endividamento inédito na história econômica do Brasil. Oitenta e um por cento das famílias brasileiras têm dívidas e desses 81%, 73% têm dívidas além da sua capacidade. E desse total, pelo menos 15% já afirmaram que não têm condição de pagar suas dívidas. Então, é um cenário perigoso para as famílias, perigoso para o comércio, perigoso para o sistema financeiro, e é ruim para a economia do Brasil. As pessoas estão tão endividadas porque logo ali na frente essa bolha pode explodir. 

Por outro lado, quando chega nesse período natalino, as pessoas parecem que esquecem tudo isso, esquecem que estão endividadas. Esquece que tem que pagar as contas cotidianas ao longo de janeiro e acabam gastando, continuam gastando um pouco acima da sua capacidade. Uma parte porque são muito estimulados pela publicidade, outra parte pelo ambiente natalino e a terceira parte com impulsão ao gasto mesmo, que isso fica mais aflorado no Natal. 

Leiagora - Com isso, quais são as principais dicas para manter o equilíbrio das contas?

Vivaldo - É uma equação que caminha para termos um bom consumo. De novo, agora, no período natalino, e janeiro em diante, de novo, a gente provavelmente vai ter um aumento de endividamento. Eu recomendaria muita cautela, evitar gastos por impulso e, principalmente, ter um planejamento do que cabe no seu bolso. Não adianta gastar agora para pagar em 12 parcelas ao longo de 2025.

É lembrar que, além das 12 parcelas do que a pessoa vai consumir, comprar agora no Natal e pagar ao longo de 2025, tem as contas normais que ela já tem, contas que ela já paga normalmente, contas de internet, de água, de energia, de móveis ou eletrodomésticos que já tenham sido comprados e estão sendo pagos. A prestação às vezes do imóvel que foi financiado, tudo isso vai continuar existindo ao longo de 2025. Portanto, muita cautela, muito cuidado e evitar o gasto por impulso.

Leiagora - Então, a gente poderia elencar aqui como o principal vilão, talvez o cartão de crédito, nesse caso? 

Vivaldo - Exatamente. O cartão de crédito tem sido o vilão das pessoas mais endividadas, do total das dívidas das pessoas, 85% são dívidas com cartões de crédito. A outra parte são compras parceladas que, depois, não couberam dentro do orçamento da pessoa. E mais, o cartão de crédito, quando você não paga a fatura em dia, a taxa de juros do cartão de crédito é uma verdadeira extorsão, é um escândalo no Brasil. É 455% de juros ao ano. É insuportável isso e impagável.

Hoje, o grande vilão da dívida das famílias e dos consumidores são as faturas não pagas com cartão de crédito. 

Leiagora - Nessa época, muita gente recebe também o 13º. O senhor tem alguma dica de como melhor aplicar essa renda extra?

Vivaldo - A primeira dica que eu dou para o cartão, para o 13º é reservar pelo menos 50% do décimo, pelo menos 50% para pagar dívidas. Mais do que você usar o dinheiro para sair comprando, consumindo e ficando alegre durante alguns dias, e chorando ao longo de 12 meses de 25. É melhor usar a parte do valor para pagar dívidas que já estejam pressionando o seu orçamento. A outra parte, aí sim, ponderar bem, comprar presentes dentro da sua possibilidade, lembrar que você não é obrigado a dar presente para todos os vizinhos, para todos os parentes, para todos os sobrinhos, não. É preciso ter cautela. Só dá presente para todo mundo quem tem muito dinheiro. E, normalmente, quem tem muito dinheiro não faz isso para sair presenteando todos.

Então, é reservar bem, focar naqueles que são muito essenciais, importantes, importam muito para você na hora de comprar presentes. E também entender que presentes é um mimo, não é um ativo, um patrimônio que você vai gerar para outra pessoa. Compram uma coisa mais em conta, mas que vai dar alegria para quem receber. E, se possível, pelo menos 10% do décimo deixar para investimento ou para você entrar 2025 com alguma reserva financeira para enfrentar as despesas que virão em 2025.
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