Prestes a encerrar o período de quatro anos de duração legal da Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB), o deputado Lúdio Cabral (PT) defende maior diálogo com as bases etaduais e municipais dos partidos integrantes do grupo. Para ele, as lideranças de ponta precisam ser ouvidas antes que seja tomada uma nova decisão sobre repactuar a Federação ou encerrá-la de vez.
O petista acredita que a ampliação do diálogo pode evitar dificuldades regionais, como ocorreu em Mato Grosso, especialmente em Cuiabá, nas eleiões municipais deste ano.
Lúdio lembra que a Federação Brasil da Esperança surgiu em 2022 com o objetivo de dar força ao PV e ao PCdoB que são partidos menores para que eles buscassem uma representatividade nacional. Todavia, após as eleições de 2022, as três siglas entraram em rota de colisão para escolher seus aliados nas eleições municipais de 2024, tal como aconteceu em Cuiabá quando lideranças do PV se dividiram entre apoiar a candidatura de Lúdio e apoiar Eduardo Botelho (União).
“Em 2022 [a Federação] foi pensada para a eleição nacional, mas sem muito diálogo nos estados. Em 2024, a gente teve muita dificuldade para encontrar uma sintonia aqui em Cuiabá. Felizmente encontramos já no início do processo eleitoral. Esse debate [ampliar ou terminar a Federação] precisa acontecer nas bases, porque aí cada partido vai tomar a sua decisão. O problema da Federação foi exatamente isso, de ter sido pensada para a eleição sem o diálogo com as bases. Agora a gente tem que fazer esse diálogo para que a Federação seja mais do que uma ferramenta para desempenho eleitoral dos partidos, mas que seja pensando em um projeto para o país, para os estados e para os municípios”, disse o deputado durante entrevista nesta segunda-feira (23).
Atualmente o PT estuda duas possibilidades: a primeira seria encerrar de vez a Federação e cada sigla segue seu caminho nas eleições gerais de 2026 com a liberdade de realizar coligações com quem quer que seja.
Outra possibilidade seria a de ampliar os partidos dentro da Federação Brasil da Esperança. Neste caso, o bloco receberia a chegada do PSB, PDT, Rede e Psol, unindo esses partidos pelo prazo legal de quatro anos, ou seja, para as eleições gerais de 2026 e para as eleições municipais de 2028.
Acontece que, embora a união de sete partidos em único bloco seja tentadora, é importante destacar que a realidade nacional é diferente da estadual e da municipal.
Um bom exemplo é em Mato Grosso: dentro do PSB e do PDT, muitos filiados não são ideologicamente ligados à esquerda. Tanto é que deputados antigos do PDT, como o próprio Nininho, desejam mudar de partido para não serem confundidos como deputados da esquerda e que apoiam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).