O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Fernando Tinoco, defendeu que os “profissionais de excelência da segurança pública” sejam ouvidos sobre a utilização de câmeras nas fardas antes de que qualquer projeto nesse sentido seja implantado. Ele argumentou essa necessidade quando questionado sobre a ação de cinco militares que são suspeitos de participação no plano de assassinato do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato nery, como desvendado pela Polícia Civil na semana passada.
“Antes da mudança, primeiro se faz uma pesquisa interna. Os profissionais de excelência da Polícia Militar já foram consultados? Às vezes, aborda muito aquele policial que já cometeu algum erro, mas e o policial que não cometeu nenhum erro? Já foi feita alguma pesquisa para ver se os profissionais de segurança pública entendem a necessidade de se utilizar câmeras nas fardas? Isso vai causar alguma desmotivação no setor da segurança pública?”, pontuou o militar.
O comandante deixou claro seu posicionamento contrário ao uso da câmera nas fardas, alegando que a medida traria desmotivação aos agentes públicos que, em sua opinião, desenvolvem um excelente trabalho na garantia da segurança à população. Para exemplificar, utilizou a ‘Operação Tolerância Zero’, que é desenvolvida contra o crime organizando desde o ano passado e suas ações já teriam reduzido em 26% os homicídios em Mato Grosso.
“Então, eu entendo que o uso de câmeras em fardas representa aí, a princípio, uma desmotivação para os profissionais da segurança pública e, como comandante-geral da Polícia Militar, sou contra a utilização e entendo que é um assunto que precisa ser estudado, bem debatido, principalmente com os profissionais da segurança pública, porque isso pode gerar desmotivação e deficiência ao atendimento à população”, defendeu.
Renato Nery
Sobre as medidas adotadas a respeito dos cinco policiais militares alvos de mandados de prisão da “Operação Office Crimes – A Outra Face”, da Polícia Civil, por planejar o assassinato do advogado, o comandante da PM se esquivou em tratar. Disse que gostaria que as perguntas fossem feitas à Polícia Civil e se limitou a informar que as medidas administrativas foram todas adotadas pela PM.
Quando perguntado porque alguns dos policiais que voltam à cena nessa operação já eram acusados de envolvimento em um grupo de extermínimo investigado na Operação Simulacro, anos atrás, ainda estavam em atuação na Força Tática, novamente o comandante se esquivou de responder e disse que os questionamentos deveriam ser feitos à polícia judiciária.
“A PM é uma instituição extremamente transparente e está a disposição para que seus profissionais possam estar respondendo, lógico que com a presunção de inocência e exercendo os seus direitos de defesa também”, pontuou.
Renato Nery foi morto em 5 de julho de 2024. Ele chegava a seu escritório quando foi atingido por um tiro na cabeça. O advogado chegou a ser socorrido e submetido a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.