Facção pretendia aumentar em 150% taxa de galões de água e estruturava rede de distribuição
Autoridades também alertaram que a cobrança pelos galões de água e a construção de galpões próprios para a distribuição de produtos em determinadas áreas do Estado podem transformar esses locais em reféns de milícias
Comerciantes extorquidos por membros do Comando Vermelho em Cuiabá e Várzea Grande estavam prestes a enfrentar um aumento de 150% na taxa cobrada por galão de água, que deveria ser obrigatoriamente adquirido do estoque controlado pela facção. Segundo o coordenador-geral do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor de Justiça Adriano Roberto Alves, o objetivo do grupo criminoso era expandir seu domínio não apenas sobre a distribuição de água, mas também sobre outras mercadorias.
"Eles cobraram, inicialmente, eles tinham um projeto de dominar toda a distribuição de água. A gente detectou que inicialmente seria R$ 1 e eles teriam um preço final para vender cada galão e, depois, iriam passar, no ano de 2025, para R$ 2 a R$ 2,50 por galão vendido", esclareceu o promotor, destacando a majoração na taxa de extorsão.
Em coletiva de imprensa, os responsáveis pela operação revelaram que a facção criminosa já estava estruturando sua rede de distribuição.
“Eles estavam montando sub-galpões, galpões com destinos, inclusive para armazenar. Então, eles iam diretamente na fonte, compravam esses galões e aí revendiam, obrigavam vários comerciantes a comprar deles. […] Eles estavam buscando justamente isso, domínio não só dessa taxa, mas assim, a gente constatou que tinha uma propensão de dominar a cadeia produtiva, não só das águas, mas de outras mercadorias como a gente viu em outras operações”, afirmaram as autoridades.
As autoridades também alertaram que a cobrança pelos galões de água e a construção de galpões próprios para a distribuição de produtos em determinadas áreas do Estado podem transformar esses locais em reféns de milícias. Segundo os investigadores, o cenário pode se aproximar ao que ocorre no Rio de Janeiro, onde milicianos controlam a oferta de diversos serviços e produtos em algumas comunidades.
“O discurso é que amanhã vai pagar mais pelo gás, amanhã não vai pagar mais pela internet, amanhã não vai pagar mais pelo água, se isso continuar, provavelmente”, pontuaram.
“A gente, o Gaeco, queria deixar bem claro que está de portas abertas para receber essas denúncias. Essa operação só chegou nesse ponto porque pessoas que foram extorquidas tiveram coragem de vir aqui, não identificamos nenhuma, mas pegamos o máximo de informações que elas tinha para nos passar. Se tiver alguém sofrendo extorsão, seja no comércio de gás, do comércio varejista, se trouxerem a informação, nós batermos duro nessas pessoas para combater esse tipo de crime”, acrescentou o promotor.
Acqua Ilícita e confronto
Na operação deflagrada nesta quinta, conforme coletiva concedida pelos integrantes do Gaeco, 'Ferrame' era considerado uma das lideranças da comercialização clandestina e milícia no comércio de água mineral.
As informações preliminares dão conta de que, durante cumprimento de mandados no âmbito da Operação Acqua Ilícita, os dois alvos reagiram à abordagem e foram atingidos.
A ação das forças de segurança visa ao combate à extorsão, lavagem de dinheiro e organização criminosa que vinha prejudicando comerciantes de água mineral e aumentando os preços para os consumidores, com o objetivo de enriquecer criminosos que aterrorizam a população em Mato Grosso.
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