O deputado federal Coronel Assis (União) afirmou que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) já estava definido antes mesmo de sua conclusão. A declaração foi dada no episódio deste domingo (30) do Agora Pod, em uma entrevista em que o parlamentar falou sobre política, segurança pública e seus planos futuros.
O deputado teve uma carreira consolidada na segurança pública, tendo sido comandante do Bope, do Gefron, secretário-adjunto da Sesp e comandante-geral da Polícia Militar entre 2019 e 2022. Ele ingressou na política em 2022, quando foi eleito deputado federal com 47.479 votos.
Ao longo do episódio, o parlamentar defendeu medidas mais duras na área da segurança pública e falou sobre projetos que propõem aumento de penas e maior proteção à atividade policial. Além disso, analisou o cenário político de 2026 e os possíveis caminhos da direita em Mato Grosso e no Brasil.
Um dos assuntos levantados durante a entrevista foi o julgamento ocorrido na semana passada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF. Assis deixou clara sua insatisfação com a Suprema Corte.
"Olha, na verdade, parece-me que isso já era um jogo de cartas marcadas. Infelizmente, todos nós já tínhamos uma percepção de que essa decisão de se tornar réu, tanto o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro quanto demais pessoas ali, já estava totalmente orquestrada para acontecer", declarou o deputado, ao comentar o julgamento que tornou Bolsonaro réu sob a acusação de incitar tentativa de golpe de Estado.
Para ele, a ação no STF demonstra uma fragilidade do sistema de Justiça no país. “Essa corte superior do STF, eu acho que deixa um pouco a desejar”, completou. O parlamentar destacou ainda que a defesa de Bolsonaro foi prejudicada por não ter tido acesso à íntegra da delação de Mauro Cid, o que aponta para uma desproporção no julgamento.
"Nós temos ali um julgamento que, infelizmente, a defesa — pelo que vimos em todos os vídeos, em todo momento — reclamou muito de não ter acesso à íntegra de áudios. Eu lembro de um recorte, de um defensor que disse assim: 'Olha, vocês estão dando recortes da delação de Mauro Cid. Eu quero ver a íntegra'. Por quê? Porque em um julgamento você tem a acusação e você tem a defesa. A acusação vai fazer os seus recortes, mas eu, a defesa, preciso também fazer os meus recortes. E a defesa, minhas amigas, a defesa é algo quase que sagrado", declarou.
Ainda sobre o julgamento, Assis citou a teoria do jurista alemão Günther Jakobs sobre o Direito Penal do Inimigo, que propõe um tratamento mais rigoroso para determinados infratores. Para ele, o STF tem agido dessa forma com Bolsonaro e fez um alerta para que os cidadãos fiquem atentos a essa questão.
"Não estamos vivendo aqui a teoria de Günther Jakobs, que é o Direito Penal do Inimigo? Não é isso mesmo? Porque isso nem se caracteriza, né? Eu não sei se vocês conhecem essa teoria, mas Günther Jakobs diz que, quando um criminoso comete o crime buscando a vantagem financeira e, além disso, busca o domínio de um Estado, então o Estado tem que se mostrar mais forte do que você. E hoje a gente vê que está acontecendo dessa forma. Assim, isso aqui é uma observação que eu acho que todo brasileiro tinha que fazer", analisou.
Por fim, o parlamentar defendeu que Bolsonaro deveria ter sido julgado pela Segunda Turma do STF, o que, segundo ele, garantiria maior isenção na decisão final, diante da alegada parcialidade do ministro Alexandre de Moraes.
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