AGORA POD | Traços de quem é capaz de cometer crimes bárbaros podem ser percebidos desde a infância
No bate-papo, o médico Werley Peres, especialista em psiquiatria, ainda alertou aos pais e às famílias que é preciso ter um olhar diferenciado com filhos
O médico especialista em psiquiatria Werley Peres afirmou que os fatores que levam uma pessoa a cometer um crime bárbaro podem aparecer desde a infância ou adolescência. Em entrevista ao Agora Pod desta semana, o profissional explicou o que é o transtorno de personalidade, como perceber os sinais e ainda fez um alerta aos pais sobre a importância do afeto e limites às crianças.
“Para a pessoa cometer um crime bárbaro, ela provavelmente já tem sinais desde a infância ou adolescência de que há um comportamento diferente, há um comportamento patológico, e isso é evidenciado até na escola. A forma como ela lida com os colegas, a forma como ela se percebe, a forma como ela lida com as regras, e isso já demonstra lá desde a infância traços”, afirmou em entrevista.
Apesar disso, o especialista destacou que, na psiquiatria, não se faz diagnóstico de transtorno de personalidade em pessoas abaixo de 18 anos, isso porque, até esta fase, a pessoa ainda está formando a sua personalidade.
Peres explicou que os transtornos de personalidade presentes em autores de crimes bárbaros são condições formadas desde a infância, quando a pessoa começa a ficar disfuncional entre a cognição ou inteligência junto com o emocional.
“Um processo de referências ruins como pais, mães, a forma como é criado, com traumas, pode moldar uma personalidade com traços patológicos, o que a gente chama de transtorno de personalidade”.
Um transtorno mental, como uma esquizofrenia, a depressão, é diferente do transtorno de personalidade, são coisas distintas. “A gente não pode confundir transtornos de humor, transtorno psicótico com transtorno de personalidade”, ponderou.
No bate-papo, o especialista ainda alertou aos pais e familiares que é preciso um olhar diferenciado aos filhos e com aqueles que estão por perto. Também orientou sobre a importância do afeto e dos limites nas relações com seres em formação da personalidade.
“O que a gente precisa hoje em dia na vida das crianças, adolescentes não é presente, é presença. E nós precisamos de rotinas e limites. E é isso que molda a nossa personalidade e o nosso caráter. São limites e rotina”, alertou.
“Tem muita gente que viveu com um monte de trauma e não comete crime, porque ela talvez teve, de alguma forma, freios que eu diria assim o amparo da família, alguém observou, afeto. Eu sempre falo que onde passa afeto dificilmente você vai ter transtorno de personalidade”, completou.
Werley explicou também sobre a perversidade nata de algumas pessoas, que pode estar ligada às condições fisiológicas.
“Não que a pessoa já nasça má. Isso até é um conceito filosófico. A sociedade, o meio que pode transformar essa pessoa. Essa condição de que ela já nasce agressivo pode acontecer? Pode, pode sim, se ele tiver algum trauma no lobo frontal no cérebro, porque o lobo frontal é onde ele consegue reconhecer a empatia, o afeto, a noção de limites”, concluiu.
O tema foi debatido em entrevista ao Agora Pod desta semana, para esclarecer como pensam as mentes criminosas capazes de cometer crimes atrozes, como os ocorridos no Estado recentemente, que chocaram a população.
Assista a entrevista
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