O vereador por Cuiabá Rafael Ranalli (PL) — autor da lei que proíbe o uso de recursos públicos municipais para eventos que façam apologia ao crime — minimizou a gravidade das piadas discriminatórias e de apologia ao incesto e à pedofilia que levaram o humorista Leo Lins a ser condenado a oito anos de prisão.
Segundo Ranalli, Lins estaria sendo vítima de “perseguição”. “Eu fui criado nos anos 80, faziam piada até comigo. Todo mundo está sujeito. O piadista vive disso. Ele é humorista, mas nesse país estão perseguindo o outro lado. É uma ditadura instaurada, velada”, declarou o vereador nesta terça-feira (10).
Ranalli, que também é policial federal, deixou claro que a sua luta é especificamente contra o crime organizado e classificou a condenação de Lins — em meio à recente soltura do do MC Poze do Rodo — como uma “inversão de valores”.
“O que a gente não pode é incentivar a juventude a participar do crime organizado, o que acontece com os conhecidos MCs. ‘O legal seria portar um fuzil, ir para cima da polícia, praticar o tráfico de drogas’. É essa cultura que a gente está tentando combater [...] Enquanto isso, o MC Poze, que faz apologia ao crime organizado, foi solto. É a inversão de valores que a gente cita a todo momento. É mais fácil você incentivar o uso de drogas e armas neste país do que fazer uma piada”, comparou.
Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, mais conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso no dia 29 de maio, no Rio de Janeiro, sob acusação de associar-se à organização criminosa Comando Vermelho e fazer apologia ao tráfico de drogas. Cinco dias depois o artista foi solto após a Justiça constatar que a detenção foi feita com base em “interpretações subjetivas” e sem provas concretas.
De acordo com os advogados criminalistas Rafael Valentini e Laura de Azevedo Marques, entrevistados pela Agence France-Presse (AFP), é enganoso comparar a prisão temporária de Poze com a condenação de Lins, já que o humorista não teve a prisão decretada pela Justiça e deve seguir em liberdade até o final do processo.
Condenação polêmica
O humorista Leo Lins foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão após veicular conteúdos considerados preconceituosos em um show de stand-up realizado em 2022. Além da pena, o comediante terá que pagar uma multa correspondente a 1.170 salários mínimos vigentes na época da gravação, além de uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
Os vídeos publicados nas redes sociais de Leo Lins continham declarações ofensivas contra negros, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus, idosos, obesos, pessoas com HIV e pessoas com deficiência. Além de minimizar relações insestuosas e o abuso sexual de crianças.
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