Enquanto o futebol profissional brasileiro e europeu tenta lidar com os sucessivos escândalos de manipulação de resultados — que envolvem nomes como Lucas Paquetá e Bruno Henrique —, no futebol amador o alerta também já foi aceso. Para Poli Kieske, coordenador do Peladão, o maior torneio amador do país, o mundo das apostas representa um risco grave, especialmente para campeonatos que funcionam na base da confiança e da paixão comunitária.
“Então, eu sou contra isso aí no futebol amador. Eu acho que o futebol amador não está preparado para isso. Eu acho que ainda precisamos evoluir muito, porque se no profissional de time de campeonato da série A, da Europa, Brasileirão, acontece, imagina um futebol amador nosso. Então, eu sou totalmente contra esse vínculo de colocar apostas no futebol amador", afirma Poli em entrevista ao Agora Pod.
Segundo ele, o Peladão já teve até patrocínio de uma casa de apostas, mas a própria empresa percebeu os riscos envolvidos. “Na última edição teve uma casa de apostas, inclusive aqui de Cuiabá que contribuiu e patrocinou o o Peladão até eles verem o risco muito alto. Se no profissional, que o cara já ganha horrores de dinheiro, os cara ainda faz maracutaia (sic), fico imaginando no Peladão”, diz.
Poli destaca que, além da falta de estrutura para fiscalizar, o maior risco é ético. “Eu sou até contra de fazer isso para não querer manchar nenhuma equipe, né? Já pensou, você apaixonado pelo seu time do bairro, seu time tá lá na semifinal. Aí você contrata um cara que não tem amor, não tem nada, tá pagando o cara, o cara faz uma burrice ainda lá no jogo, não vai ficar uma coisa boa”, exemplificou.
O alerta de Poli vem num momento em que a legalização das apostas esportivas no Brasil ainda avança sem uma regulamentação sólida e sem um sistema de controle efetivo nos torneios. “O Peladão é um campeonato social, feito para fomentar o esporte, unir os bairros e oferecer oportunidade. Apostar nisso é brincar com o sentimento de milhares de pessoas”, reforça o organizador.
Em abril deste ano, Bruno Henrique foi inidicado pela Polícia Federal, por ter supostamente forçado dois cartões amarelos na partida entre Flamengo e Santos, no Brasileirão de 2023. Além do rubro-negro, o meia Lucas Paquetá, do West Ham (Inglaterra), e o atacante Luiz Henrique, ex-Botafogo e atualmente no Zenit (Rússia), viraram alvos nos últimos anos por suspeita de fraude em jogos.