Completa neste sábado (5) um ano da execução do advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery. Ele foi morto com um disparo letal na porta de seu escritório, em Cuiabá. O crime ganhou grande repercussão em Mato Grosso e as investigações já resultaram, até o momentom na prisão de 10 envolvidos, entre eles, empresários e policiais militares. Porém, a Polícia Civil não descarta novos incriminados.
As investigações conduzidas pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam que o assassinato foi encomendado por motivos relacionados a uma disputa por mais de 12 mil hectares de terra em Novo São Joaquim (485 km de Cuiabá). A vítima havia vencido uma ação judicial que causou prejuízos a empresários envolvidos na disputa e também havia denunciado supostos esquemas de atuação ilegal no meio jurídico.
Os mandantes
O casal de empresários de Primavera do Leste, César Sechi e Julinere Goulart Basto está preso desde maio, acusado de ser o mandante do homicídio. Eles foram localizados em um condomínio de luxo da cidade (243 km de Cuiabá) e estão com a prisão temporária prorrogada por mais 30 dias pela Justiça.
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Julinere chegou a confessar informalmente, no dia da prisão, que contratou o policial militar Jackson Pereira Barbosa para planejar o assassinato. Ela teria relatado à polícia que o marido falava com frequência, sob efeito de álcool, sobre matar Renato Nery. Apesar da confissão espontânea, a empresária recuou de um novo depoimento formal, alegando que sua defesa não teve acesso aos autos.
Denúncias e novos nomes
Além dos dois autores diretos, o MPMT também denunciou recentemente os PMs Jackson Pereira Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira, que atuaram no planejamento e execução do crime. Jackson teria intermediado os pagamentos e coordenado o esquema, enquanto Ícaro forneceu a arma usada, uma pistola Glock.
Outros quatro policiais militares também foram presos em março, durante a segunda fase da “Operação Office Crimes – A Outra Face”. Eles são acusados de forjar um confronto para plantar a arma do crime, mas foram soltos no fim de junho. O Ministério Público recorre para que os quatro voltem à prisão.
O caso também menciona a possibilidade de envolvimento do advogado Antonio João de Carvalho Júnior, que chegou a ser denunciado por Renato Nery pouco antes do assassinato, sob a acusação de integrar um suposto “escritório do crime” com ramificações no Judiciário. A DHPP não descarta que mais nomes da família Sechi possam ser responsabilizados.
O crime
Renato Nery foi atingido por um tiro na cabeça na calçada de seu escritório. Ele chegou a ser socorrido, passou por cirurgia, mas morreu horas depois. A emboscada teria sido cuidadosamente planejada e custou aos mandantes cerca de R$ 200 mil, pagos em parcelas.
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De acordo com as investigações, Heron Teixeira Pena Vieira, policial militar, foi o intermediário que obteve a arma do crime e a repassou ao caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, responsável por executar os disparos. Ambos estão presos preventivamente e foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado.