A postura do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), de se recusar a dialogar com lideranças políticas ligadas à esquerda, voltou a gerar críticas na Câmara Municipal. O vereador Daniel Monteiro (Republicanos) foi um dos que reagiram. Para ele, um prefeito não pode condicionar a busca de investimentos ao campo ideológico de quem ocupa o Palácio do Planalto.
“O dinheiro que está em Brasília não é do Lula, não é do Bolsonaro, não é do Tarcísio. É do povo brasileiro. Temos a obrigação de dialogar com todas as autoridades para trazer recursos para nossa cidade”, afirmou, lembrando que a população depende de resultados concretos, não de disputas partidárias.
Esse distanciamento, segundo Monteiro, ajuda a explicar a falta de entregas após nove meses de governo. Ele ironizou que nem mesmo obras simples, como a inauguração de uma ponte de madeira, foram realizadas até agora. “Eu torço para que o prefeito consiga virar essa situação e comece a fazer entregas, porque é isso que o povo precisa”, completou.
As críticas ganharam força também pelo comportamento do prefeito em casos pontuais. Um exemplo foi a exposição de uma moradora do Contorno Leste, apontada por Abílio em entrevista por supostamente gastar com o “jogo do tigrinho” enquanto aguardava apoio para reformar a casa.
Monteiro evitou comentar diretamente o episódio, mas considerou equivocada a forma como o prefeito conduz o tema. “Quando o prefeito entra nesse tipo de caricatura, cria cortinas de fumaça que apenas reforçam a falta de entrega”, disse.
Na avaliação do parlamentar, a insistência em colocar a ideologia no centro da gestão atrapalha Cuiabá. Embora se identifique como um político de centro-direita e apoie nomes como Tarcísio de Freitas no cenário nacional, Monteiro ressaltou que mantém diálogo com vereadores progressistas e defende que o Executivo siga o mesmo caminho.
“Ele tem todo o direito de se posicionar. Eu acho que todo político tem que ter um posicionamento ideológico, tem que ter alguma coisa que o guie ideologicamente para que ele tenha um compromisso de vida com a política. O que eu não posso é achar que a minha ideologia me confere o direito de ser o ditador. Eu não posso achar que a minha ideologia é a única que existe no mundo. Eu preciso governar para todos”, afirmou.
Com esse argumento, Monteiro reforçou a ideia de que a política deve ser guiada por convicções, mas também pela capacidade de governar para além da própria base de apoio. “Você é eleito por uma parcela, mas precisa governar para 100%” concluiu.
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