17/07/2018 às 07:10
Maisa Martinelli
A 16ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro instaurou um inquérito a fim de averiguar a morte da bancária mato-grossense Lilian Calixto, ocorrida no último domingo (15) após um procedimento estético de aumento de glúteo. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) abriu sindicância para apurar os fatos. Informações preliminares revelam que a cirurgia teria sido realizada pelo médico Denis Cesar Barros Furtado, em um apartamento.
A Polícia Civil afirmou que as investigações seguem sob sigilo, porém, segundo familiares, o médico está com a prisão decretada e estaria foragido. Duas secretárias dele também teriam sido presas e estariam sendo interrogadas.
Lilian teria sofrido uma embolia pulmonar após passar por um procedimento de preenchimento de glúteo com polimetilmetacrilato (PMMA), o mesmo produto que quase matou a ex-modelo Andressa Urach em 2014. De acordo com amigos, Calixto teria concluído a cirurgia e passou mal horas depois. Os relatos apontam ainda que o médico não teria sequer acompanhado a paciente ao hospital. Ela foi internada no sábado à noite e uma amiga que sabia da cirurgia foi informada de sua morte na madrugada de domingo.
Segundo informações de colegas, o marido dela está no Rio de Janeiro resolvendo os trâmites de translado do corpo. O laudo da perícia ainda não foi finalizado. A causa da morte somente será confirmada após a conclusão desse documento, que indicará se houve erro médico ou não.
Natural de Barra do Bugres/MT, Lilian era gerente de uma rede bancária em Cuiabá e tinha 46 anos. Além do marido, ela deixou dois filhos, um de 20 anos e uma de 13.
O MÉDICO
Na página pessoal de Denis Furtado, ele se autointitula especialista em nutrologia, endocrinologia, tratamento de dor crônica e doenças degenerativas, entre outras. Mesmo não sendo cirurgião plástico e nem ser membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o médico realiza atendimentos em quatro cidades brasileiras (Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Manaus), e divulga, em sua página, vários resultados do antes e depois dos procedimentos.
A SBCP confirmou que Furtado não possui registro no órgão. Além disso, a busca no site do Conselho Federal de Medicina aponta que o médico não tem nenhuma especialidade cadastrada.
[caption id="attachment_24666" align="aligncenter" width="432"] O médico Denis Furtado. Foto: arquivo pessoal[/caption]ATUALIZAÇÃO
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) emitiu uma nota lamentando a morte de Lilian. Confira na íntegra:
"A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) lamenta por mais um óbito de paciente que realizou um procedimento estético com um não especialista. A bancária Lilian Calixto, 46 anos, morreu no último domingo, 15, após complicações de um tratamento realizado por um médico não especialista e em local inadequado. Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico realizou o procedimento em sua residência, o que é proibido.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica repudia e reprova procedimentos médicos na área, realizados por não especialistas, e sobretudo nestes moldes. A crescente invasão da especialidade por não especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e fatais como este.
A SBCP disponibiliza em seu site, Facebook, e-mail ou telefone, uma consulta para saber se o médico é ou não credenciado pela Sociedade para realizar uma cirurgia plástica.
A formação do cirurgião plástico é diferenciada, uma vez uma vez que ele deve obrigatoriamente, após os 6 anos da graduação em medicina, passar pela formação de cirurgião geral (2 anos) antes de cumprir mais 3 anos em cirurgia plástica, somando no mínimo 11 anos de formação.
Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tem alertado reiteradamente a população sobre os riscos dos procedimentos que envolvem PMMA. A SBCP aguarda por decisões judiciais que possam definitivamente impedir que profissionais médicos e não médicos sem especialização em cirurgia plástica realizem procedimentos sem qualificação."
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