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02/08/2018 às 11:25

Isolado e envolto em impopularidade, MDB inicia convenção para lançar Meirelles

Redação Leiagora

Dois dias antes da convenção que deve oficializá-lo candidato do MDB ao Planalto, nesta quinta-feira (2), Henrique Meirelles ainda tinha dúvidas sobre fazer ou não referência direta a Michel Temer em seu discurso. O ex-ministro da Fazenda media o custo político de citar o presidente mais impopular da história -com 87% de desaprovação- em um dia que será marcado pela captação de imagens e áudio para sua campanha no rádio e TV.

Mas não teve jeito: Michel Temer foi incluído nominalmente no texto do candidato. A convenção do partido teve início por volta das 8h no CICB (Centro Internacional de Convenções do Brasil) e até às 10h40 estava bastante esvaziada. Nem o candidato nem Temer haviam chegado ainda.

Estacionado com 1% nas pesquisas, Meirelles deve ter sua candidatura confirmada nesta quinta sob o desafio de romper com o isolamento partidário e se desgarrar do peso da impopularidade do governo Temer, do qual foi chefe da equipe econômica por pouco mais de dois anos. A tarefa é hercúlea e soma-se ao fantasma da cristianização que ronda o MDB desde 1989, quando Ulysses Guimarães foi lançado à Presidência para, em seguida, ser abandonado pelos emedebistas.

Na véspera da convenção, nesta quarta-feira (1), o presidente do MDB, Romero Jucá (RR), trabalhava para que o vice de Meirelles fosse anunciado durante o evento. A escolha estava entre três nomes do partido, já que nenhuma aliança havia sido fechada até então, e a preferência era pelo perfil de uma mulher.

O objetivo do anúncio era se diferenciar de adversários que se oficializaram candidatos sem chapa definida, como Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT), que hoje lideram as pesquisas sem Lula (PT). O roteiro traçado por Meirelles para tentar vencer essas questões será colocado em prática oficialmente na convenção da sigla, em que reforçará a ideia de que Temer não é o tema de sua campanha, mas sim economia, programas sociais e sua biografia, com a qual se apresenta como "resolvedor de problemas".

Meirelles dirá que, como ministro da Fazenda, foi chamado por Temer -e daí virá a menção ao presidente- para tirar o Brasil da crise e lembrará da época em que comandou o Banco Central durante os oito anos de governo Lula (PT). Como revelou a Folha de S.Paulo, o presidenciável vai lançar pelo menos dois projetos complementares ao Bolsa Família, principal bandeira dos governos do PT, para tentar avançar sobre o espólio de eleitores de Lula caso o ex-presidente seja impedido de concorrer.

As citações ao petista, inclusive, são um dos principais pilares de sua campanha, que tenta surfar nos bons indicadores econômicos daquele período. Sua atuação no Banco Central, porém, não teve relação direta com a criação de emprego e aumento da renda, hoje são motes recorrentes de seu discurso de candidato.

Temer, por sua vez, deve se colocar fora da campanha, ao dizer que precisa se preocupar em governar o país. O presidente, porém, sabe que sua gestão não deve aprovar mais nenhuma medida importante nos próximos meses e, pela lei eleitoral, também não pode inaugurar obras, por exemplo.

Investigado por corrupção, obstrução da Justiça e organização criminosa, Temer perderá o foro especial ao deixar o poder, em 2019. Para ser oficializado o nome do MDB ao Planalto, Meirelles precisa de metade dos 594 votos dos convencionais.

O ex-ministro, que vai pagar a campanha de seu próprio bolso, já disse que está disposto a gastar até o teto de R$ 70 milhões estabelecido pela lei eleitoral para o primeiro turno da campanha presidencial. Parte do custo da convenção, de cerca de R$ 1,6 milhão, também será arcada por ele.

 

Direto de Brasília, Folhapress

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