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Notícias / Agro e Economia

14/08/2018 às 14:34

Monsanto deverá pagar indenização para homem com câncer

Redação Leiagora

O americano Dewayne Johnson deverá ser indenizado em 289 milhões de dólares pela empresa de fertilizantes e defensivos agrícolas Monsanto. O júri considerou a empresa culpada por não alertar ao consumidor sobre os riscos carcinogênicos atrelados ao glifosato, princípio ativo dos herbicidas da marca. Johnson desenvolveu um linfoma e o surgimento da doença foi ligado ao uso do herbicida em seu trabalho como jardineiro. A sentença foi divulgada no último dia 10.

De acordo com a defesa de Johnson, o uso dos herbicidas contribuiu para o surgimento do câncer, que foi diagnosticado em 2014. O processo correu no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e demorou somente um mês, pois a vítima pode morrer em breve por causa da doença. Este é o primeiro caso que associa glifosato ao surgimento de câncer que vai a julgamento no país. Entretanto, outros 5 mil processos parecidos estão correndo na justiça norte-americana.

A Monsanto afirmou que o resultado do julgamento não invalida a utilidade dos herbicidas. A empresa também afirmou que irá recorrer da decisão. Em nota oficial, o vice-presidente da Monsanto, Scott Partridge, afirmou que ?a decisão de hoje não muda o fato que mais de 800 estudos científicos e conclusões da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA e de agências regulatórias ao redor do mundo ? baseiam a conclusão de que o glifosato não causa câncer, e não causou o câncer de Johnson?. Em 2017 uma série de documentos foi liberada por uma corte federal estadunidense, acusando a Monsanto de ter pago cientistas para que assinassem artigos afirmando que o glifosato é um produto seguro.

Não há estudos científicos provando que o uso de agrotóxicos, por si só, causa câncer. Porém muitos estudos apontam que há uma correlação. Ou seja, em locais ou populações contaminadas com agrotóxico há um índice maior de pessoas com câncer. Em 2016 agências ligadas à ONU, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) emitiram o parecer afirmando que o glifosato não é perigoso por meio da dieta. Entretanto, pessoas que trabalham com a substância, como era o carro de Johnson, podem ser contaminadas ao entrar em contato diretamente com o glifosato.

Os herbicidas à base de glifosato são responsáveis por parte considerável da receita da Monsanto. A empresa também produz sementes resistentes ao veneno. Assim, o produtor pode aplicar o agrotóxico na lavoura atingindo somente as ervas daninhas, sem atingir a plantação. As ações da Bayer, dona da Monsanto, caíram 10% depois da divulgação da sentença.

Imagem destacada por Karen Eliot disponível em Wikimedia Commons.

Direto da redação, Bárbara Muller.

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