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10/09/2018 às 14:25

Uma eleição regida pelo carisma

Redação Leiagora

O atentado cometido contra o deputado federal e candidato a presidente pelo PSL, Jair Bolsonaro, foi o ponto alto desta eleição até agora.

Desde a última quinta-feira vários prognósticos têm sido feitos para identificar o impacto deste crime político nos rumos eleitorais. Muitos afirmaram que o candidato disparará nas intenções de voto e garantirá uma vitória em primeiro turno. Outros são mais cautelosos na garantia de sua passagem para o segundo turno. Quero analisar alguns impactos políticos deste atentado neste artigo.

Esta eleição já vinha sendo regida pelo carisma desde o começo, sobretudo pela presença de Luiz Inácio Lula da Silva. Após o impeachment de Dilma Roussef, Lula e o PT se livraram do passivo político da baixa popularidade do Governo federal e o passaram para consórcio MDB-PSDB. Na oposição, Lula saiu de cerca de 17% de intenção de voto e 55% de rejeição de 2016 para os atuais 39% de intenção e 40% de rejeição. Do outro lado houve uma reação. Todas as eleições desde 1989 tiveram como eixo o voto Lula e anti-Lula. Ele já foi encarnado por Fernando Collor, FHC, Serra, Alckmin e Aécio Neves. Agora a farda coube a Jair Bolsonaro, pelo perfil carismático semelhante a Lula, a radicalização política e a guinada à direita provocada pela crise e pela evaporação do PSDB no bojo da Lava Jato e da crise do Governo Temer. As intenções de voto cresceram junto com Lula, já que o eleitor viu nele o candidato mais competitivo para enfrentar o ex-presidente.

O candidato já vinha num movimento de mistificação, que leva seus eleitores a chamá-lo de mito. O atentado da semana passada apenas reforça esta situação, proporcionando a vitimização necessária para fortalecimento deste tipo de personagem. Lula teria sido preso injustamente, segundo seus apoiadores. Bolsonaro sofreu tentativa de assassinato por ameaçar as estruturas e sistemas de dominação seculares. Ambos usam o estilo populista, mobilizando temas diferentes. O fato do candidato ter escapado ileso reforça este caráter messiânico, que consta inclusive em seu nome. Como sobreviveu à uma morte quase certa, estaria ?predestinado? à salvação que seus eleitores esperam dele.

Com isto, foi criada uma membrana em torno dele. Ficou muito mais difícil para seus adversários o agredirem na campanha, já que podem ser acusados de insuflar animosidades contra alguém hospitalizado e que foi vítima de um crime. Ficaria fortalecida a sensação de que as vítimas são, na verdade, os algozes, que vem sendo bem trabalhada pelo candidato do PSL há muito tempo.

Outro aspecto que favoreceu o candidato foi o tempo de exposição na mídia que ele obteve após o fato. Desde a quinta-feira que as menções a seu nome aumentaram de forma exponencial, dada as tendências que os meios de comunicação têm para a cobertura de crises. Isto lhe permitiu romper o cerco do pouco tempo de propaganda eleitoral reservado à sua coligação e também a relação difícil que possui com os grandes grupos de comunicação no Brasil, em face de sua postura crítica. De modo involuntário, eles passaram a cobrir os acontecimentos que o envolvem, por conta da audiência que este tipo de situação gera.

Ou seja,  o capitão foi o grande beneficiário até agora do atentado. Sua vaga no segundo turno fica quase garantida e os adversários tendem a brigar entre si pela segunda vaga. Até porque ele é considerado o adversário ideal a ser batido, por conta de sua rejeição elevada. Nas simulações ele perde para quase todos os seus possíveis rivais. Uma grande incógnita é se esta rejeição também cairá como aconteceu com Lula. Só o tempo dirá.

https://youtu.be/rAPYb1bRmzw
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