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14/09/2018 às 19:00

Panorama da Saúde: uma bolsa de sangue pode salvar até 4 vidas

Redação Leiagora

Todo mundo sabe que doar sangue pode salvar vidas. Mas quantas, exatamente? De acordo com a Diretora Geral do MT Hemocentro, Silvana Salomão, até quatro vidas podem ser salvas com uma única bolsa de sangue. O Panorama da Saúde de hoje vai tirar algumas dúvidas sobre o processo pelo qual o sangue passa desde a doação até a transfusão.

Como é o processo de doação de sangue?

Silvana explica, primeiramente, que a doação é um ato altruísta e voluntário. O processo é rigoroso, com o objetivo de garantir a segurança do material coletado. Primeiro, os candidatos a doador vão até uma unidade de coleta e passam por dois testes. Um para verificar se o possível doador não está com anemia, o que impossibilitaria a doação, outro que é uma entrevista, no qual o candidato deve responder uma série de perguntas sobre sua saúde, seu comportamento e os medicamentos que faz uso. Essa etapa é muito importante para identificar pessoas que participam de grupos considerados de risco, nos quais há grande incidência de doenças que podem ser transmitidas pelo sangue. Depois, caso o candidato seja aprovado, ele vai para a sala de coleta. Cada doador contribui com uma bolsa de sangue de 450 ml. A coleta demora cerca de 15 minutos e o doador ganha um lanche ao final para se hidratar e normalizar a pressão arterial. Depois o trabalho fica  a cargo do banco de sangue, e o doador pode ir para casa.

[caption id="attachment_34110" align="alignleft" width="300"]Foto de uma bolsa de sangue no MT Hemocentro Foto: Leiagora[/caption]

O que acontece com o sangue que é coletado?

Todo sangue coletado passa por exames para verificar a existência de doenças. As amostras são testadas para AIDS, hepatite, sífilis, Doença de Chagas e HTLV (Vírus linfotrópico da célula T humana). Além disso, é feito o teste de tipagem sanguínea. Silvana destaca que o Hemocentro possui capacidade para realizar um teste moderno para Hepatite C, Hepatite B e HIV, que consegue detectar o vírus no sangue já cinco dias após a infecção.

Em seguida o sangue é separado em quatro componentes: o concentrado de hemácias, as plaquetas, o plasma fresco (que depois é congelado) e o crioprecipitado. Cada um deles tem uma vida útil diferente. As hemácias podem ficar até 30 dias em estoque, já as plaquetas só duram 5 dias. O crioprecipitado e o plasma possuem um ano de vida útil. Dessa forma, uma única bolsa de sangue pode salvar até quatro pacientes diferentes.

A pessoa que recebeu a transfusão pode ter alguma reação adversa?

Silvana explica que os testes realizados, além de detectar as doenças, também ajudam a aproximar geneticamente o sangue do doador do sangue do receptor. Entretanto, não é possível detectar as doenças ou garantir a compatibilidade em 100%. Para minimizar os riscos, o doador deve lembrar-se de informar, no momento da entrevista, todos os medicamentos que está usando, e não mentir sobre algum comportamento considerado ?de risco?, como ter muitos parceiros sexuais ou fazer uso de drogas injetáveis.

Silvana explica que a transfusão é como um transplante e o sangue recebido pode sofrer rejeição. Por isso, os médicos precisam ficar atentos aos riscos. Mas, muitas vezes, uma transfusão é a única chance de salvar a vida de alguém que sofreu um acidente, ou mesmo para tratar uma doença.

Quem pode doar?

De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, podem doar pessoas entre 16 e 69 anos, que não possuam diagnóstico positivo de doenças infecciosas, que pesam mais de 50 kg, estão bem alimentadas (evitando alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação), que estejam se sentindo bem de saúde e que tenham dormido ao menos 6 horas nas últimas 24 horas. Homens podem doar a cada 3 meses, já para as mulheres o intervalo é maior, de 4 meses. Gestantes e pessoas com doenças crônicas, como diabetes, não podem doar.

A inaptidão para ser um doador pode ser temporária (estar no meio de um tratamento com medicamentos que impedem a doação, por exemplo), ou permanente (ser portador de HIV ou outra doença que pode ser transmitida pelo sangue, por exemplo).

Silvana explicou que homens homossexuais não podem doar por determinação do próprio Ministério da Saúde. A proibição se dá porque estudos epidemiológicos sugerem que esse grupo está mais vulnerável a ser portador do vírus da AIDS. A restrição não se aplica a mulheres homossexuais. Apesar das polêmicas e discussões em torno dessa proibição, o Hemocentro não pode fugir dessa regra.

O uso de algum medicamento pode impedir a doação?

Alguns medicamentos comumente utilizados, como anticoncepcional e remédios para a menopausa, não impedem a doação. Entretanto, é o profissional responsável que vai determinar se pode ou não acontecer a doação. Até substâncias que parecem inofensivas, como remédio para fazer o cabelo crescer, podem fazer mal. ?Existem remédios que são teratogênicos, ou seja, afeta o feto se uma gestante tomar o sangue que provém de um doador que estava tomando o remédio para fazer o cabelo crescer?. Por isso, é importantíssimo que o doador informe todas os medicamentos que faz uso no momento da entrevista, e cada caso será avaliado.

[caption id="attachment_34108" align="alignleft" width="300"]Foto da sala de coleta do MT Hemocentro Foto: Leiagora[/caption]

Onde há pontos de coleta de sangue?

A sede do MT Hemocentro fica no centro de Cuiabá. O Hemocentro é o único banco de sangue público de Mato Grosso. Ainda na capital, há outro ponto de coleta do Pronto-Socorro. Em algumas cidades do interior também há pontos de coleta que enviam as amostras para serem testadas na capital. Além disso, o banco de sangue conta com o Hemobus, uma unidade móvel de coleta que pode atender tanto doadores de Cuiabá quanto do interior.

Como é selecionado o local onde ficará estacionado o Hemobus?

A diretora do Hemocentro afirma que o ônibus pode ir para qualquer local, desde que haja um número mínimo de 60 candidatos a doadores. Dessa forma, é possível supor que haverá ao menos 40 bolsas coletadas ao dia, compensando o custo de deslocar o ônibus e a equipe. Silvana afirma que várias empresas e instituições são parceiras, pedindo uma visita do Hemobus. Até o fim deste ano a agenda já está fechada. Neste sábado (15), ele estará na AV. X ? NR. 164, no Distrito Industrial de Cuiabá. Já no dia 17 (segunda-feira), ele estará estacionado no Centro Norte da capital, Rua Campo Grande, Nº 499.

Na última semana de setembro, o Hembus estará no município de Nobres (125 km de Cuiabá) no dia 25 e depois estará em Chapada dos Guimarães (68 km de Cuiabá) no dia 27.

Qual a importância das campanhas de doação e quais estão ocorrendo em Mato Grosso?

Silvana aponta que o MT Hemocentro tem seus doadores fidelizados, ou seja, que sempre voltam para doar. Porém a instituição sempre está atrás de novos doadores, já que os números de pessoas que precisam e que doam nunca é o mesmo. A sede do Hemocentro tem capacidade para 120 bolsas diárias, entretanto, a média fica em torno de 80 bolsas por dia. Ela destaca que, no último dia 7 de setembro ocorreu uma campanha de doação juntamente com o Exército. Ainda neste mês, está ocorrendo uma campanha juntamente a maçonaria de Cuiabá, e outras ações estão previstas em parceria com a BPW Cuiabá (Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Cuiabá). Segundo a diretora, a ação junto à associação está ajudando a igualar o número de doações de sangue feitas pelo público feminino com o número de doações do público masculino. Haverá, também, uma corrida de rua, de 7km, marcada para dia 29 de setembro. Os atletas que doarem sangue são isentos de pagar a taxa de inscrição. Leia mais em:

1ª Cor­rida pela Vida está com ins­cri­ções abertas

Direto da Redação, Bárbara Muller.

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