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07/11/2018 às 06:47

Diretor francês e produtor brasileiro farão thriller sobre espiões cubanos

Redação Leiagora

Autoproclamado um "esquerdista antitotalitário", o cineasta francês Olivier Assayas vai para Cuba em fevereiro filmar "Os Últimos Soldados da Guerra Fria", thriller inspirado no livro-reportagem homônimo escrito pelo jornalista mineiro Fernando Morais sobre agentes secretos cubanos que atuaram na Flórida.

A produção será do brasileiro Rodrigo Teixeira, de "Me Chame pelo seu Nome". No elenco foram confirmados Gael García Bernal, Penélope Cruz, Wagner Moura, Pedro Pascal e Edgar Ramírez.

"É uma história que me interessa porque tenho opiniões conflitantes a respeito", diz o diretor à reportagem. "Não sou fã do socialismo castrista, mas certamente não sou pró-Estados Unidos nessa questão." Assayas se refere à história real que inspira a trama, o aprisionamento de cinco espiões cubanos pelo governo americano, nos anos 1990. O quinteto fazia parte da Rede Vespa com a missão de se infiltrar em organizações anticastristas da Flórida, que tinham planos de cometer atentados terroristas em solo cubano e assim aniquilar o turismo na ilha. "O FBI fechou os olhos para isso", diz Assayas, que define o tom de seu novo longa como algo mais assemelhado a "Carlos, O Chacal", minissérie que ele lançou em 2010. O grande trunfo, segundo o cineasta, foi ter conseguido autorização para filmar em Cuba. "Recriar o país em outro lugar seria um pesadelo." Para o produtor Rodrigo Teixeira, dono dos direitos do livro de Morais, será um filme que lidará com nuances vindo à tona num mundo polarizado. "Nesse momento de ideologias mais fortes e menos profundas, ele vai falar sobre informações verdadeiras e falsas, deixando o julgamento para o público", diz Teixeira. Foi ele quem escolheu Assayas para dirigir o longa. "Na primeira reunião, ele já me apresentou um projeto e mostrou uma visão bastante clara sobre o filme." Diretor de "Personal Shopper" e "Acima das Nuvens", o cineasta francês está na capital fluminense para apresentar seu longa mais recente, "Vidas Duplas", que integra a programação do Festival do Rio. A história gira em torno de um editor de livros, ameaçado pela revolução tecnológica dos e-books, e de um escritor que costuma transformar seus envolvimentos amorosos em mote para suas autoficções. Cinematograficamente, o novo longa revela menos do estilo ousado de Assayas -como forma calcada no diálogo, se assemelha mais a um título genérico da produção francesa atual. Ainda assim, o cineasta embute referências pop e divagações filosóficas sobre o mundo contemporâneo que fazem jus à sua filmografia. Um dos aspectos que mais chamam a atenção em sua obra é justamente a forma como ele sempre inclui citações aos dilemas do presente, como os impactos da tecnologia na rotina. "Tento fazer filmes que lidam com o real em oposição aos filmes que só querem ser filmes", diz o diretor. "Não quero fazer filmes, quero capturar momentos que representam o mundo. Por isso meus personagens sempre debatem o que vivemos hoje." Assayas retoma também certa metalinguagem já presente em "Acima das Nuvens" -história em que Juliette Binoche interpreta uma atriz que em tudo se parece justamente com a própria. Em "Vidas Duplas", ela dá as caras novamente, mas agora no papel de outra atriz, Selena, casada com o editor interpretado por Guillaume Canet. Num dos trechos do filme, os personagens citam o próprio nome de Binoche -com ela mesma em cena. "Há certa falácia na ideia de que o ator vai ficar apagado para mergulhar no personagem", diz o diretor.
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