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18/12/2018 às 07:22

Vencedor do Prêmio Camões, Germano Almeida é pouco conhecido no Brasil

Redação Leiagora

Germano Almeida, 73, é o principal escritor de sua geração em Cabo Verde. Best-seller também Portugal, venceu em 2018 o prêmio Camões, principal láurea da literatura em língua portuguesa. De seus 17 romances, no entanto, apenas um ?"O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo"? saiu no Brasil, publicado há mais de 20 anos.

"Meu livro saiu no Brasil pela Companhia das Letras, uma grande editora que o publicou com muitas esperanças. Mas Cabo Verde ainda é muito pouco conhecido no Brasil. Naquela época, era menos ainda. Ninguém sabia de nós e, portanto, ninguém nos procurava", disse a respeito do fraco desempenho do livro em terras brasileiras.

Para o escritor, o cenário tem mudado progressivamente, e os brasileiros estão cada vez mais interessados pelos autores africanos.

"A partir dos estudos universitários, já se conhece mais sobre autores africanos, sobre os cabo-verdianos. O brasileiro começou a se interessar mais pela literatura de Cabo Verde. Acho que, se publicassem um outro livro meu hoje, seria bem melhor", aposta.

Fã de Jorge Amado e Guimarães Rosa, o cabo-verdiano reconhece que também é difícil encontrar livros brasileiros em seu país natal.

"Nós não temos acesso diretamente, acompanhamos à medida que eles vão sendo publicados em Portugal", lamenta.

Almeida conversou com a reportagem durante a Morabeza, maior feira literária da lusofonia da África, na qual foi uma das estrelas.

Com 1,90 m, sempre vestido de branco e com um largo sorriso no rosto, o autor não passava despercebido entre o público, com quem posou para fotos e deu autógrafos.

Germano Almeida ficou famoso pelo humor irônico, recheado de críticas sociais, que imprime a seus textos. Seu romance de estreia, "O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", conta a história de um homem que enriqueceu vendendo guarda-chuvas em uma cidade em que praticamente nunca chove.

"Eu sou de uma terra em que a realidade desafia a ficção. As pessoas estão sempre a nos oferecerem material sobre o que escrever", diverte-se.

Advogado, Almeida fez faculdade em Portugal, mas regressou a seu país logo após terminar o curso. Ele se diz apaixonado pelo arquipélago cabo-verdiano.

"É interessante porque a minha ilha, Boa Vista, tem 4.000 habitantes e eu já publiquei dois livros sobre ela. Um amigo meu me perguntou como é que eu arranjei sobre o que escrever dois livros sobre uma ilha tão pequena. Eu sempre digo que as histórias estão todas lá, nas pessoas", diz.

Almeida diz que ter recebido o Camões "perturbou um pouco seu dia", com mais telefonemas e gente querendo entrar em contato. Com isso, sua produção literária acabou sendo inevitavelmente afetada.

"Eu estava a escrever um romance quando me anunciaram o prêmio Camões. Desde aí eu nunca mais peguei nele", lamenta. *A jornalista Giuliana Miranda viajou a convite do festival Morabeza

Direto de Mindelo/Cabo Verde, Giuliana Miranda, FolhaPress

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