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18/02/2019 às 13:52

Zine cuiabano é selecionado para Feira e Festival em São Paulo

Josiane Dalmagro

Três cabeças jovens e pensantes de Cuiabá decidiram aliar forças e criar um coletivo policultural para produção de artes variadas, o Coma Fronteira.

Marcella Gaioto, Caio Ribeiro e Pedro Duarte se uniram para produzir, com vertente para diversas linguagens e, como resultado de um dos trabalhos realizados pelo grupo, está o zine ?Dentro do ser?, selecionado para participar de duas importantes mostras da literatura independente brasileira, a 3ª Feira Interativa de Zines e Afins (FIZ) e o 4º Festival de Leitura e Literatura de Bauru (FELELI), que serão realizadas entre abril e maio deste ano, em São Paulo.

O Caio gosta de teatro, já produziu peças, filme, tem livro publicado, a Marcella faz Letras, escreve e flerta com as artes visuais, já o Pedro também escreve, tem um blog, desenha e faz foto.

O zine surge para os três como uma possibilidade de publicação editorial, em tempos de crise editorial e queda significativa na venda de livros, que se vê pelo Brasil afora.

?O processo de composição do zine foi bastante particular. Eu sempre me interessei por questões existenciais, que são temas bastante recorrentes, tanto na filosofia quanto na literatura. Quando soube dessas feiras de produção independente, tratei logo de escrever sobre algo que me interessava, e por isso surgiu o ?ser dentro do ser?. Daí, pedi pro Caio me ajudar com os textos, e ele me mandou alguns poemas dele?, diz a estudante de Letras.

Ela conta que tentou trazer algumas influências que tinha do Wladimir Dias-Pino, de rompimento com a linguagem e que, em relação aos textos, procurou refletir acerca da relação com os animais, que apesar de ser algo tão comum e presente na nossa vida, muitas vezes não paramos pra pensar tanto sobre eles.

?Não fui pretensiosa. Em resumo, busquei romper bruscamente com o significado, sugerindo um novo, por meio da maneira como nomeamos os animais. No final, eu e o Caio - que topou de primeira a assumir minha ideia - chegamos a essas metáforas?, relata a jovem artista.

Depois de finalizado todo o processo criativo e de confecção, os autores inscreveram o material pra feira, que uma semana depois foi selecionado.

?Dia 27 de abril estaremos lá, representando Cuiabá com nossa zine ?ser dentro do ser? e rompendo mais uma fronteira?, diz a garota.

O grupo explica que o que estão tentando fazer é propor uma nova forma de ver a arte descentralizada em várias linguagens, de forma que possam acessar melhor o público. É disso que vem a ideia de comer a fronteira, romper a fronteira com a cidade, com as pessoas, com a linguagem também, colocada por eles.

?Isso tudo vem de três amigos que descobriram ter sensibilidades muito parecidas com relação às artes. Gostamos de não centralizar em uma só linguagem. Ainda há muitos espaços imaginários entre nós, preconceitos e coisas estabelecidas entre um e outro. A arte é melhor maneira de romper isso?.

?Escolha uma música e dance comigo?

O grupo se reuniu recentemente para realizar uma integração público artista, onde eles se reuniram no centro da cidade, propondo aos transeuntes que dançassem com eles, após escolher uma música.

?A condução do processo tem sido reuniões entre os integrantes, com a abertura de um tipo de laboratório de práticas de intervenção no espaço público. Dessa ideia, surgiu o ?escolha uma música e dance comigo?. A gente levou um celular e um fone de ouvido lá na Praça Alencastro e deixamos que as pessoas escolhessem suas músicas preferidas para ouvir.

O interessante foi que a gente percebeu que até mesmo num espaço de um quarteirão, como é a Praça Alencastro, tivemos de lidar com a fronteira que se revelou ali, entre as pessoas que estavam dentro da estação (apreensivas na espera do ônibus) e as que estavam na praça (que aproveitavam o espaço para descansar depois de um longo dia de trabalho ou na escola)?, diz Marcella.

Dessa experiência, Marcella revela a sensação de que as pessoas ainda não são tão acostumadas com esse tipo de coisa, pois alguma reagiram com certa desconfiança e achavam que o grupo cobraria pela intervenção.

?A gente ainda tá em processo com esse experimento e ainda vamos fazer algumas vezes antes de pensar nas próximas ações?, finaliza.

O custo do zine é R$ 7,50 por exemplar, e a entrega é realizada pessoalmente. Mais informações pelo (65) 99668-7299.

Direto da redação, Josiane Dalmagro

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