O advogado e escritor Eduardo Mahon lança seu novo título, “A gente era obrigada a ser feliz”, nesta sexta-feira (22.03), às 19h30, no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso.
O novo romance é 13º do escritor e conta a história de um homem que passou seus dias a cuidar de cavalos, salientando sua relação com os animais.
Aurélio Espírito Santo narra suas vivências dentro de um quartel, passando por eleições, golpes e muitos outros momentos de um recorte temporal.
A professora doutora da UFMT e integrante da Academia Mato-grossense de Letras (AML), Marília Beatriz de Figueiredo Leite, escreveu uma resenha sobre o livro do seu par, onde discorre com entusiasmo análitico a narrativa de Aurélio:
O título “A Gente era obrigada a ser feliz” é o signo indicial do romance. Aponta para duas oposições era obrigado e ser feliz. Tal aproximação parece curiosa e surpreendente.
Existe o lance dentro de uma circularidade em que texto e realidade se fundem, sem se confundirem. Nesta estrutura recíproca e original há o vislumbre do instalar de um esforço e um fazer criativo e singular.
O pano de fundo deste livro é a ditadura militar instaurada, que ressoa em todo o território nacional e espoca nas grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. E o espaço carioca é a cena em que tudo acontece (locus do era obrigado).
Na favela nasce o personagem Aurélio Espírito Santo (eis um batismo incoerente proposital ou inconsciente) que é aquele que deve ser feliz. Eis aí a centralização das forças e o núcleo do círculo opositivo.
A escritura romanesca de Mahon mostra mais uma vez a força, a disponibilidade de desabrochar e permanecer, de estabelecer um viver no mundo, na dependência de um outro: o leitor.
Os diálogos de Espírito Santo com os cavalos (também com nomes “exóticos”) conduzem à constatação da base antropomórfica, que lança no espírito a solidão do personagem.
Entre o alto e o baixo, entre a cidade e a favela, entre o rápido raciocínio e a lerda ação vai o romance trilhando seu caminho intertextual.
A obra "A gente era obrigada a ser feliz" é um resumo dos homens que lutam no anonimato e um fragmento da memória histórica. O personagem acentua sua solidão com uma conduta impecável de fidelidade e afeto tanto aos amigos em silêncio como especialmente nas longas conversas e conselhos com os equinos.
O trato do obrigado e do ser feliz sinaliza a força do escrevente /artista/coletor da humanidade entristecida. Impositivo lembrar o crítico e ficcionista Severo Sarduy: “a literatura é uma arte de tatuagem: inscreve, cifra na amorfa realidade da linguagem informativa os verdadeiros signos da significação”.
Logo após o evento, será apresentado o monólogo Progresso, encenado por Ivan Belém, com direção de Luiz Marchetti e texto de Eduardo Mahon.
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