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25/03/2019 às 16:38

Evento debate aumento de violência e mortes de mulheres em Mato Grosso

Simpósio de Gênero e Feminismos tratará defesa, garantia e promoção dos direitos das mulheres

Josiane Dalmagro

Evento debate aumento de violência e mortes de mulheres em Mato Grosso

Foto: Ilustrativa

Nesta quinta-feira (28.03) será realizado o “II Simpósio de Gênero e Feminismos”, das 08h às 12h e 14h às 18h, no Auditório da FAECC/UFMT, voltado para população acadêmica, mulheres cis, negras, indígenas, trans (transgêneros e transexuais), travestis e público em geral, para debater a defesa, garantia e promoção dos direitos das mulheres.

Entre as palestrantes estão Priscilla Mendes e Luisa Lamar, que trarão o debate sobre Des (construindo) Gênero, Corpo e Sexualidade - Discriminação de gênero, estereótipos, identificação e orientação sexual.

Lelica Elis Pereira de Lacerda falará sobre Machismo Institucional e a Luta dos Feminismos no Brasil - A construção histórico-social do machismo institucional e a luta das mulheres pela autonomia de seus corpos, feminismo negro e os espaços de atuações, feminismo lésbico e transfeminismo.

Lidiane Patrícia Ferreira e Silva irá abordar o Envelhecimento Ativo. Terceira Idade e sua relação com o Feminismo - Envelhecimento e trabalho, tecnologia, sociedade e direitos.

E, para finalizar, Vera Bertoline trará ao debate o outro lado do paraíso: o agressor em evidência na dinâmica do ciclo de violência contra a mulher - O trabalho realizado com homens que cometeram crimes contra mulheres na perspectiva do rompimento do ciclo de violência.

O projeto, de autoria do Centro de Referência em Direitos Humanos de Cuiabá (CRDH), vinculado à Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho e Cidadania, foi elaborado e executado pela Coordenadoria e pela Equipe de Educação em Direitos Humanos do CRDH, e em parceria com a UFMT, por meio das Coordenações dos Cursos de Psicologia, Serviço Social e Direito, pretende-se realizar um debate multi e transdisciplinar sobre as ideias e conceitos que permeiam a violação dos direitos dessas mulheres, que cotidianamente são vítimas de preconceitos, assédios e violências de múltiplas naturezas, que agridem a dignidade humana.

“Discutir o feminicídio e do transfeminicídio dessas populações vulneráveis é uma pauta que não se esgota, pois precisamos continuar abordando sobre a nocividade dos discursos de ódio, machistas, misóginos e transfóbicos contra os diversos jeitos de ser mulher na sociedade contemporânea”, diz trecho do projeto do debate.

Para se ter uma ideia, em 2016, Mato Grosso registrou 104 homicídios de mulheres, estando no 16º lugar no ranking entre as Unidades Federativas do Brasil com maior número de homicídios de mulheres.

Os estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro estão nos três primeiros lugares do ranking, com 507, 441 e 428 homicídios de mulheres, respectivamente, no ano de 2016, conforme tabela de dados oriundos do Atlas da Violência 2018.

Segundo Relatório sobre Violência Doméstica Contra Mulheres, do Instituto Maria da Penha (IMP), os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) já mostravam que, em 2013, o Brasil já ocupava o 5º lugar, num ranking de 83 países onde mais se matam mulheres. São 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, em que quase 30% dos crimes ocorrem nos domicílios.

Além disso, uma pesquisa do DataSenado (2013) revelou que 1 em cada 5 brasileiras assumiu que já foi vítima de violência doméstica e familiar provocada por um homem. Os resultados da Fundação Perseu Abramo, com base em estudo realizado em 2010, também reforçam esses dados – para se ter uma ideia, a cada 2 minutos 5 mulheres são violentamente agredidas.

E não se trata apenas de feminicídio, mas de racismo lesbofobia também, já que as mulheres negras e lésbicas morrem mais! Considerando o recorte racial e étnico, conforme Relatório de Violência contra Mulheres em Dados do Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) no Brasil as mulheres negras são mais assassinadas do que as mulheres de outras raças e etnias.

Os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde mostram que, enquanto a taxa de homicídios de mulheres brancas em 2015 foi de 3 para cada 1000,  a de mulheres negras foi de 5,2 para cada 1000.

Considerando o recorte do gênero feminino dentro da População LGBT+ (mulheres lésbicas, mulheres trans e travestis), dados do Instituto Patrícia Galvão, no Dossiê do Lesbocídio mostram que, no período de três anos, entre 2014 e 2017, o assassinato de mulheres lésbicas teve aumento de 237%, mostrando mais uma das facetas do ódio e do preconceitos contra as pessoas que fazem parte da população LGBT+.

Já o Mapa dos Assassinatos de Travestis e Sexuais no Brasil de 2017, elaborado pela Associação de Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), aponta 179 casos de assassinatos de pessoas trans, sendo 169 travestis e mulheres trans e 10 homens trans.

Aqui em Mato Grosso há o Grupo de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH) vinculado à Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP), que atende os casos de crimes cometidos contra a população LGBT+.
Conforme Relatório do GECCH, de 2018, foram registrados 111 crimes de homofobia em Mato Grosso, entre janeiro e dezembro. Foram registrados ainda 22 mortes homicídios e outros crimes relacionados, sendo 07 homicídios de pessoas trans e 02 suicídios de mulheres lésbicas.

O relatório da GECCH conclui que, entre os principais tipos de violações/atendimentos verificados contra e para a mulher, estão a violência autoprovocada, negligência, transfobia, violência física, violência psicológica e lesbofobia.
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