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05/05/2019 às 10:54

No Rio, Los Hermanos finca pé na zona de conforto e faz show para convertidos

Leiagora

No Rio, Los Hermanos finca pé na zona de conforto e faz show para convertidos

Foto: Reprodução da Internet

O Los Hermanos continua o mesmo, e se isso é bom ou ruim, fica a gosto do freguês.

A freguesia que encheu o Maracanã neste sábado (5) não deu sinais de que pediria seu dinheiro de volta. Verdade que já eram em sua maioria fãs devotados, que aproximam o hermanismo de uma religião.

E, para essa legião de convertidos, os profetas barbudos do pop nacional Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba entregaram o que prometeram, e sem arriscar um dedo mindinho para fora da zona de conforto. A setlist foi recheada com vários dos hits que emplacaram de 1999, quando estouraram com "Anna Júlia", a 2005, lançamento do último de seus quatro discos, o "4", dois anos antes de cada hermano ir para seu canto.

De 2007 para cá, eles se reuniram em algumas ocasiões, e, apesar de Amarante ter dito durante a última delas, quatro anos atrás, que "o Los Hermanos nunca foi um negócio", a impressão que fica é outra.

Mais do que amigos com saudade uns dos outros, e vontade de criar algo novo com velhos parceiros, parecem sócios numa empreitada: uma banda consciente da forte marca que criaram, e que ainda é plenamente capaz de render um dinheirinho.

Quando chegarem ao fim desta nova turnê nacional, em 18 de maio, com um show em São Paulo, eles terão passado por 11 cidades. E nelas deu até para monetizar com a venda de souvenires, como copos de R$ 10 (o semblante dos quatro gravado no plástico) e uma bolsa (uma "ecobag", prefere chamar a vendedora) de R$ 20.
A história pode ser cruel com artistas que num dia estão no auge, e no outro, se conseguem agendar apresentações em festas de 15 anos ou feiras temáticas Brasil afora já é muito.

Nesse ponto, os hermanos são um case de sucesso: não são exatamente assíduos na mídia, e ficaram um tempão sem lançar material novo (há uma faixa de 2019, aguenta que já falaremos dela). Ainda assim têm fôlego para lotar o Maracanã e arrebatar fãs histéricos ao sinal do primeiro acorde.

Depois deles, o pop-rock brasileiro não produziu grupo algum apto a essa façanha. Casa cheia num estádio desse tamanho, hoje, é algo reservado a outros filões, como o sertanejo de Marília Mendonça ou o funk de Anitta.

Mas a maré de trintões e quarentões no show (a geração que já gostava deles anos atrás) é uma pista para sacar que os hermanos têm um público fiel, mas não necessariamente renovado.

Uma plateia que vibrou com "Anna Júlia", que já deixou de ser tabu para a banda que por anos desdenhou do primeiro hit de sua carreira -introduzida no cancioneiro nacional com um clipe estrelado por Mariana Ximenes, até versão com o beatle George Harrison (1943-2001) ela ganhou.

Carro-chefe do disco de estreia dos Hermanos, lançado há 20 anos, a música sobre a "sempre tão linda" mocinha que esnobava o eu-lírico estourou numa época em que a MTV ainda dava as cartas no mainstream musical, o UOL (portal do Grupo Folha) tinha só três aninhos, Twitter, Facebook e YouTube sequer existiam, e a expressão "influenciadores digitais" soaria, no máximo, como um conceito futurístico tirado de um genérico de "Blade Runner".

"Anna Júlia" deu as caras, ela e mais 26 músicas, num setlist que liquidificou clássicos como "Sentimental" (aquela em que Amarante desafia se há alguém mais sentimental do que ele) e "Todo Carnaval Tem Seu Fim" (um chamado para "brincar de ser feliz") com a novata "Corre Corre".

A banda estava há 14 anos sem lançar música nova, hiato quebrado em abril, com este puro-sangue do hermanismo: letra e melodia entre a fofura melancólica e a sofrência hipster, sem a voltagem política que se sobrepôs nos anos em que Camelo, Amarante, Barba e Medina foram cada um cuidar da sua vida. Vide versos como "eu acho graça que a vida passa, e a solidão é mais".

Vibrações políticas mesmo, só no coro de "ei, Bolsonaro, vai tomar no cu!" que por vezes brotou do público. O que se via no palco estava mais para quatro homens feitos que acham graça que a vida passa, e a nostalgia é mais. 

SETLIST NO MARACANÃ

A Flor
Além do que se Vê
Retrato pra Iaiá
O Vencedor
O Vento
Todo Carnaval Tem Seu Fim
Condicional
Corre Corre
Primeiro Andar
A Outra
Morena
Pois É
Sentimental
Samba a Dois
Tenha Dó
Quem Sabe
Descoberta
Anna Júlia
O Velho e o Moço
Paquetá
Do Sétimo Andar
Último Romance
Conversa de Botas Batidas
BIS
Deixa o Verão
Azedume
Pierrot
Direto do Rio de Janeiro, Anna Virgina Balloussier-Folhapress
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