Pecuarista e proprietário da Estância Bahia, Maurício Tonhá, popularmente chamado de ‘Maurição’, é o responsável por realizar o maior leilão do mundo, o Mega Leilão, que ocorre uma vez por ano no município de Água Boa (738 km de Cuiabá).
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Leiagora conversou com Maurição, que já foi prefeito por dois mandatos de Água Boa. Na entrevista ele avalia como está o governo Mauro Mendes (DEM) e de Jair Bolsonaro (PSL). O pecuarista também comenta sobre o valor da carne, um dos principais pratos da comida brasileira.
Confira a entrevista completa aqui:
Leiagora- O senhor deixou a política definitivamente? Ninguém da família tem interesse em disputar algum cargo eletivo?
Maurição – Não pretendo mais voltar para a política. Meu projeto de vida é tocar a Estância Bahia Leilões, vender boi, contar história e empolgar o Brasil que planta e cria. Ninguém da minha família tem interesse em entrar para a vida pública. A gente pode fazer política sem estar na política. Como empreendedor, faço política no dia a dia.
Leiagora- É ruim para região não ter o ‘costume’ de não eleger representantes para a Assembleia e Câmara Federal?
Maurição- Isso não é um problema meu, mas do Araguaia. A região tem que ter maturidade e união para ter pessoas preparadas para defender seus interesses. Hoje temos um deputado, o Dr. Eugênio, de Água Boa.
Leiagora- O senhor está filiado em algum partido?
Maurição- Não me lembro! Posso estar e não me recordar. Se estiver, não tenho vínculo.
Leiagora- A crise afeta o setor da agropecuária ?
Maurição- Sim! O problema afeta todos os setores e todos os cidadãos. O atual momento em que o país vem passando da falta de credibilidade afeta e muito. Diminuiu o consumo, preço de venda ou para quem comercializa o gado.
Leiagora- Mato Grosso é o maior produtor de gado do mundo. Por que a carne no Estado está cara?
Maurição- Eu não concordo! Você é leiga. A carne de Mato Grosso é a mais barata do Brasil, do mundo. É apenas R$10 ou R$12 o quilo. Agora, tem a carne de R$ 100 o quilo, que são vendidas em boutique de carne. São carnes nobres. Caro é uma garrafa de água mineral de R$ 10 ou um cafezinho de R$ 7. A carne é barata no país inteiro. Se você for em um restaurante de carne nobre, você pagará pelos serviços. Um boi para nascer demora 9 meses. A vaca para parir demora 30 meses. Para abater é mais 20 ou 30 meses, totalizando 60 meses de história de vida daquele pedaço de carne que o consumidor está comprando.
Leiagora- Quando o senhor começou a sentir a crise econômica chegar?
Maurição- Eu nunca vivi nenhum dia fácil em minha vida. O que existe são momentos mais difíceis para uns. Mas tem aqueles que, mesmo na crise, tem oportunidades. Tem um cidadão que não deixou saudade no Estado, ele dizia; quando houvesse muito choro ele iria vender lenço. Então deve estar chorando e usando muito lenço. Está faltando credibilidade nas instituições de todos os níveis. Ninguém acredita em ninguém. Funcionário não acredita no patrão e patrão não acredita em funcionário. Temos uma Justiça do Trabalho que acaba com a vida de quem empreende. Os três poderes não estão em harmonia. Então, as dificuldades são na confiança.
Leiagora- Como o senhor avalia o governo do Mauro Mendes?
Maurição- É muito cedo para avaliar. Conheço o Mauro Mendes e acho que ele está no caminho certo, mesmo com as dificuldades iniciais, principalmente do aumento do imposto muito antipatizado por mim e pelo cidadão. Ninguém gosta de pagar imposto e principalmente num momento de dificuldade. Mas o Mauro é empreendedor, corajoso e preparado. Acredito em um bom resultado de governo.
Leiagora- E o governo Jair Bolsonaro, como está sendo na sua avaliação?
Maurição- Olha, na minha leitura, ele está melhor do que encomenda. Eu, particularmente, quando saiu a lista dos candidatos a presidente na última eleição, ele foi um dos que eu tinha pouca probabilidade de votar. Mas ao longo do tempo percebi que os demais eram mentirosos, vazios e covardes. Mais uma vez tentavam fazer as coisas de acordo com o que o marqueteiro mandava. Me lembro de um cidadão de número 45 que era a favor da Reforma da Previdência. Foi chamado a atenção pelo Paulinho da Força, e de forma covarde, voltou atrás.
Já Bolsonaro continua até agora com as mesmas posições, mesmo após a facada que levou. Continua a favor do porte de arma, da liberdade e contra o MST, que é um movimento de pessoas de más índoles. Invasão de terra é uma coisa, reivindicar Reforma Agrária é outra coisa.
Os políticos, 90%mudam discurso, fazem negociata. Até então, Bolsonaro está melhor do que encomenda, mas a covardia da classe política e da imprensa de tentar trazê-lo para o jogo da covardia, para fazer com que ele se renda, são pessoas mal-intencionadas. Vou usar uma frase bíblica para definir o presidente e seus inimigos, “o Davi vai vencer o Golias”.