Se aproveitando da popularidade recente do FaceApp, aplicativo de manipulação de imagens que voltou a bombar nas redes sociais nos últimos dias ao envelhecer rostos, criminosos têm oferecido na internet supostas versões premium do serviço gratuitamente. É golpe e, em uma das tentativas de disseminar o conteúdo falso, cerca de 100 mil pessoas clicaram.
Na realidade, a versão "Pro" do FaceApp é oferecida dentro do próprio app em um sistema de assinatura.
Segundo alerta emitido pela empresa de cibersegurança Eset, a versão "premium" gratuita é oferecida em um site falso que tenta imitar o do FaceApp. O ataque é focado em usuários de Android.
Para obter o suposto app, as vítimas são obrigadas a clicar em anúncios, a preencher pesquisas e a instalar aplicativos pagos. Essas ações ajudam a encher os bolsos dos criminosos, que lucram com a atenção dos usuários em acompanhar os anúncios. A página ainda pede para ativar notificações no telefone, que levarão a novas ofertas falsas.
Por fim, explica a Eset, é feito o download do FaceApp para o telefone –o mesmo de sempre, não uma versão turbinada, como a prometida. O problema: ele não é baixado na loja oficial do Google, o que permitiria aos criminosos instalar vírus no telefone em vez do aplicativo.
De acordo com Daniel Barbosa, pesquisador de cibersegurança da Eset, links para essa página –e outras com atividade semelhante– podem ser encontrados em buscas na internet, bem como em vídeos no YouTube ou compartilhadas em aplicativos de mensagens, como o WhatsApp.
Esse tipo de farsa é comum, explica, e outras com comportamento semelhante devem aparecer.
Por isso, deve-se tomar cuidado com o conteúdo enviado por terceiros (e sempre suspeitar). "É importante adotar ferramentas de proteção, manter o celular atualizado e não clicar em links de correntes", alerta Barbosa.
O FaceApp caiu no gosto do público pela primeira vez em 2018, quando passou a oferecer a opção de "trocar o gênero" dos usuários. Por meio de inteligência artificial, também transformou internautas em crianças.
PRIVACIDADE
Outra ameaça à segurança dos usuários envolvendo o FaceApp diz respeito à privacidade. O app coleta dados pessoais para realizar seus serviços sem deixar explícito qual tratamento dá a essa informação.
A prática é comum a aplicativos do gênero. Especialistas ouvidos pela reportagem, no entanto, dizem não ter encontrado nenhuma irregularidade específica dentro do FaceApp, apesar de criticarem sua política de privacidade.
No documento, o FaceApp diz coletar os dados fornecidos pelo usuário, como as fotos enviadas, com a possibilidade de compartilhar as informações com terceiros.
Direto de São Paulo, Raphael Hernandes / Folhapress