Vereadores de oposição comemoraram os dois anos de ‘impunidade’ da cena em que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) aparece pegando dinheiro do ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Sílvio César Corrêa.
Sílvio foi o responsável por gravar o prefeito recebendo maços de dinheiro e os colocando no paletó. A suposta propina paga a Emanuel seria para que ele apoiasse, na época, os projetos do ex-governador.
Para os vereadores Diego Guimarães (PP) e Abílio Jr. (PSC) é difícil lutar contra o corporativismo institucional e com a base do prefeito na Câmara Municipal.
“Justiça tardia não é justiça, é injustiça. A sensação que temos é de que o crime compensa. Dois anos sem sequer uma denúncia, sem concluir a investigação. A base do prefeito bloqueando toda e qualquer investigação e impedindo que seja levado a fundo a [averiguação relativas] ao escândalo do paletó. Não podemos admitir isso. Ele permanece inerte, calado para aquela cena estarrecedora. Fica como forma de protesto com este bolo. Não é comemoração, é celebração que não podemos ficar anestesiado com a corrupção. Precisamos agir e que as instituições funcionem e que os culpados sejam punidos pelos seus erros”, discursou o vereador Diego.
Já o vereador Abílio criticou aqueles que pretendem apoiar uma provável reeleição do prefeito, mesmo com a cena, dita por ele como ‘deplorável’. “ Não adianta estarmos aqui para fiscalizar, batendo em cima, sendo que existe corporativo institucional que deixa acontecer o que está acontecendo. O prefeito está pensando em reeleição e tem partido e vereadores que estão comungando com isso. Isso tem que acabar, não dá para deixar o paletó no poder”, criticou.
CPI
A Câmara criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, para apurar uma suposta obstrução de justiça por parte do prefeito citado na delação premiada do ex-governador.
Presidente da CPI, vereador Marcelo Bussik (PSB) lamenta que a justiça tenha 'barrado' as investigações e prejudicou os trabalhos da Comissão. "O procedimento era investigatório e não de julgamento. Era apurar os fatos ouvir pessoas. E essa paralisação prejudiciou e até hoje, ninguém sabe o que era aquele dinheiro que ele pegou", lamentou.
Outros flagrados
A ex-prefeita de Juara (709 km ao Norte de Cuiabá), Luciane Bezerra (PSB), ex-deputado federal Ezequiel Fonseca (PP), ex- estadual José Domingos Fraga (PSD), ex-deputado Hermínio Barreto, conhecido como J. Barreto (in memoriam), ex-deputado Alexandre César (PT) , ex-deputado Antônio Azambuja (PP) e o ex-deputado Airton Rondina, o “Airton Português” (PSD).
Os vídeos anexados a delação de Silval Barbosa também mostraram o ex-deputado estadual Baiano Filho (PSDB) conversando com Silvio. Ele não chega a receber qualquer dinheiro, mas fala em valores e questionou um “acerto” que não foi cumprido.
O ex-deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) chegou a ser gravado, mas não apareceu recebendo dinheiro.
