A delegada Ana Cristina Feldner, que retornou à equipe que investiga o esquema de interceptações telefônicas clandestinas, conhecido como "Grampolândia Pantaneira", conversou com a reportagem do Leiagora/LTV para falar sobre os próximos passos da investigação e contou que os militares envolvidos serão chamados para prestar novos depoimentos. Além disso, ela disse que todos que tiveram os telefones grampeados serão notificados.
Apesar das confissões dos militares envolvidos no caso da Grampolândia no processo militar, a delegada explica que haverá aproveitamento do que já foi apurado, mas será necessário realizar novas oitivas para elucidar os crimes comuns.
”Provavelmente, é preciso que eles sejam ouvidos novamente para que complementem as questões, porque quando eles foram ouvidos na Justiça Militar o foco é o crime militar, então eles são indagados naquele âmbito, onde os acusados/investigados são apenas os militares, cometendo crimes militares”, esclarece.
A delegada afirmou ainda que as pessoas que foram vítimas do esquema de interceptações telefônicas serão notificadas. “Essas pessoas têm que ser, inclusive, ouvidas para que a gente entenda também qual a motivação, o que levou a elas serem interceptadas de forma ilegal”, garantiu.
Feldner, que reassume as investigações depois de um tempo afastada, diz que os atos já realizados serão aproveitados para dar seguimento às investigações.“Todos os atos que já foram realizados serão aproveitados até pelos princípios administrativos - da celeridade, da economia processual - e nós vamos dar sequência realmente a tudo que já foi feito até o momento”, pontuou Feldner.
Ana Cristina lembra que nenhuma etapa das investigações foi concluída até o momento, havendo ainda seis inquéritos em tramitação.“No primeiro momento, as investigações da primeira fase ainda estavam em andamento, não havia conclusão e fechamento de nenhum dos inquéritos, quando o STJ avocou as investigações. Agora elas retornam. Então não houve ainda o fechamento de nenhum dos inquéritos”, explicou.
Segundo ela, o objetivo é a conclusão das investigações o mais rápido possível.
“O foco da equipe continua o mesmo, que é realmente o fechamento total dessas investigações. Estamos trabalhando com dedicação exclusiva para que a gente consiga realmente concluir,” acrescentou a delegada.
Ministério Público
Quanto aos membros do Ministério Público que se envolveram no esquema, a delegada explicou que eles serão investigados pelo próprio órgão.“Houve uma decisão do STJ determinando que o inquérito referente ao Ministério Público fosse investigado pelo próprio Ministério Público, da mesma forma dos juízes, que foi encaminhado para a Corregedoria do Judiciário”, ponderou.
Eleições
Questionada se o esquema dos grampos poderia ter beneficiado o ex-governador Pedro Taques, denotando uma possível fraude às eleições, Ana Cristina argumenta que é necessário aguardar a conclusão das investigações, para que não haja pré-julgamentos.
“Nós vamos aguardar o final das investigações para que a gente possa realmente dar um parecer final concreto, sem especulações, de forma completa. Hoje qualquer informação seria um achismo e seria de forma parcial”, alegou.
Prazo
A delegada ressaltou ainda que, mesmo focando na celeridade dos inquéritos, não é possível determinar nenhum prazo para o encerramento do caso da Grampolândia Pantaneira, por ser uma investigação muito complexa.
“É complicado determinar prazo, porque, dependendo de uma diligência, ela gera outras, dependendo do resultado até de uma simples oitiva de uma testemunha se vê necessário ouvir outras, dependendo da análise de dados gera uma outra medida ou não”, afirmou Ana Cristina.
“Nós estamos falando de milhares de ligações, então realmente é um campo abrangente bem grande”, finalizou.
Retorno Ana Cristina Feldner já comandou as investigações referente aos grampos ilegais, porém, como o processo passou a tramitar no STJ devido ao fóro privilegiado do então governador Pedro Taques (PSDB) ela deixou o caso e, em seguida, ficou afastada para licença-maternidade, retornando esta semana aos trabalhos.
Para atender um pedido da 7ª Vara Criminal para reforçar a força-tarefa de investigação, Feldner foi nomeada coordenadora das investigações pelo delegado-geral Mario Demerval.
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