A senadora Selma Arruda (Podemos) alegou que a falta de organização e de respeito dentro do PSL, seu antigo partido, foi o que levou ela migrar para o Podemos. Ela ainda demonstrou indignação com a postura da sigla após o episódio com o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL). E ainda reclamou do fato de membros do DEM terem mais acesso ao chefe do Executivo do que os do seu próprio partido.
A senadora frisou que a sua mudança de partido não foi por ‘birra’, nem uma declaração contra Bolsonaro, ao contrário disso, o motivo seria uma exigência de respeito a ela e aos seus eleitores. Selma prometeu manter coerência para que possa continuar levantando as suas bandeiras de combate a corrupção. Tanto que preferiu se manter na base de apoio ao presidente.
A parlamentar relatou que a maioria da bancada do PSL no Congresso sente que há um distanciamento com o presidente. Para ela, esse domínio que o Democratas criou no governo não é saudável, principalmente, por não ser base de Bolsonaro no Congresso. “Tenho uma demanda de saúde de Mato Grosso para falar com o ministro que é do DEM há dois meses e ele não me atende. Em compensação, qualquer parlamentar do DEM chega lá e é atendido na hora que quer”, pontuou em entrevista à Rádio Vila Real FM nesta segunda-feira (23).
Selma relatou que o DEM sabota, vota contra e ‘desce o pau’ no presidente no Congresso, sendo incoerente. Enquanto os democratas têm uma certa preferência, os membros do PSL brigam pelo presidente e não possuem acesso ao que é mais republicano.
A senadora alegou que há descontentamento ao comportamento do partido que não tem uma base ou conexão com o governo Bolsonaro, apontando que falta liderança. “O partido cresceu rápido demais, então não tem uma estrutura. Talvez haja muito cacique para pouco índio. Mas a gente via mesmo lá na Câmara aquelas discussões onde o partido votava a metade a favor e outra metade contra o mesmo projeto. Poxa vida, é um partido só né”, disparou.
A senadora ainda confirmou que o estopim que fez com que ela trocasse de partido saindo do PSL foi a pressão feita pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, para que ela retirasse a assinatura para a abertura da CPI da Lava Toga. Mas também a falta de organização dentro do PSL, analisando que não há como ficar em um local onde não sente segurança.
Selma disse que não falou mais com o presidente sobre a sua saída, nem tão pouco com o Flávio, principalmente, após a briga entre eles. “Não tive acolhimento no PSL como tive no Podemos. Quando houve a discussão com Flávio, o presidente do partido me ligou no outro dia e me deu um conselho estranho: convida ele para um cafezinho, se ajeite que não queremos perder uma senadora. Quer dizer, eu ainda teria que pedir desculpas, é isso?”, questionou.