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20/10/2019 às 16:00

Artistas enfrentam altura e velocidade para manter viva arte do circo

Lona erguida, picadeiro montado e plateia lotada. É hora do espetáculo! O Portal Leiagora esteve no circo Kroner, instalado em Cuiabá, para conhecer os artistas circenses que colocam a própria vida em risco para arrancar aplausos da plateia.

Luzia Araújo

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Foto: Giuseppe Feltrin

Lona erguida, picadeiro montado e plateia lotada. É hora do espetáculo! A magia do circo atrai pessoas de todas as idades e mexe com a imaginação do público a cada atração que sobe ao palco. O Portal Leiagora esteve no circo Kroner, instalado em Cuiabá, para conhecer os artistas circenses que colocam a própria vida em risco para arrancar aplausos da plateia e manter viva a arte do circo.

Um deles é o sorridente Lucas Robatini, de 27 anos. Ele faz parte da equipe de motoqueiros que se apresenta no Globo da Morte, uma das atrações mais esperar do show.

O rapaz nasceu em uma família circense, onde seu avô era dono de circo e o seu pai se apresentava no espetáculo. A paixão pelo picadeiro foi passando de geração em geração e ele e seus primos também se encantaram pela arte.

No início, Lucas gostava de cuidar dos animais, mas como a proibição dos bichos no circo, o rapaz teve que aprender uma nova atividade. Foi então que ele partiu para o Globo da Morte. Junto com outras crianças que moravam no circo, Lucas começou brincando de bicicleta dentro da esfera, até o dia em que seu avô chamou sua atenção dizendo que o lugar não era brinquedo e que era para ele aprender ou sair de lá.

“Então, decidi fazer. Comecei a treinar, levei muitas quedas até aprender e chegar onde cheguei”, disse o rapaz.



 Lucas lembra que nesse período teve fraturas graves, em uma delas estourou os dois ligamentos de um dos joelhos. Ele confessa que pensou em desistir, mas que o incentivo dos familiares e o desejo de se tornar um globista eram maiores.

O rapaz confessa que sente medo até hoje quando vai entrar no Globo da Morte e que respeita muito o aparelho. “Não sei explicar o que faço para enfrentar o medo, acho que a adrenalina é maior. Eu tenho medo, mas ao mesmo tempo tenho respeito pelo aparelho, pelo o que estou fazendo e pela máquina que estou em cima. Entro no Globo sabendo dos riscos que podem acontecer, além disso sempre conferimos os materiais antes das apresentações”.

Lucas é a quarta geração de artistas circenses na família e diz que o circo é a sua vida. “Minha vida sempre foi no circo. Graças a ele conheci o mundo inteiro. Já fui para Europa. Conheci várias culturas e vários idiomas. Tudo que sou e sei vem do circo”.



Já Leofácio Baptista, de 30 anos e Raphael Arnellas, de 37, vão as alturas em cima de duas rodas.  Se apresentando na atração Freestyle, a dupla salta de motocicleta chegando a alcançar 10 metros de altura no picadeiro.

O catarinense Leofácio é piloto profissional desde 2012, mas começou a andar de motocicleta ainda moleque na fazenda da família. O tempo passou e o rapaz se mudou para Joinvile, onde conheceu o downhill, uma modalidade de ciclismo que consiste em descer o mais rápido possível um determinado percurso.

Porém, ele percebeu que o seu negócio era na motocicleta e resolveu se juntar com um amigo para se apresentar saltando com ela. O piloto confessa que até hoje sente medo ao encarar um salto, mas que o profissional precisa trabalhar o sentimento para superá-lo.

“Quando achei que não tinha medo, me machuquei e quebrei os meus dois pés. Fiquei 90 dias de cadeira de rodas e mais um bom tempo de muleta. Gosto muito do esporte, por isso tenho que encarar o medo ou eu paro, mas parar não é uma opção para mim. Não agora”, disse.

Leofácio está há 40 dias longe da família e disse que esta é a sua primeira experiência no picadeiro. Ele contou que na última vez que entrou em um circo era muito pequeno e sentiu medo de aceitar o convite para trabalhar no lugar.

“Estava com medo de vir para o circo porque não sabia quem eu iria encontrar aqui, mas quando cheguei conheci uma realidade bem diferente. Aqui todo mundo é uma família. De Cuiabá, não sei para onde vamos, mas pretendo ir junto”, destacou.

Por outro lado, Raphael Arnellas, de 37 anos, já esteve em um circo antes e disse que as apresentações no picadeiro são um desafio para o piloto. “Conseguimos encaixar o esporte com a arte circense”, disse.

Raphael começou a andar de moto em competições de motocross quando tinha 12 anos, mas foi em 2004 que resolveu se dedicar ao freestyle, saltando com os amigos nos finais de semana na cidade de Campinas, no interior de São Paulo.


Dois anos depois, conheceu algumas equipes de apresentações e começou a fazer show na motocicleta. Em 2007, Raphael sofreu um grave acidente e ficou na dúvida se iria continuar saltando.

“Quando estava quase desistindo recebi um convite para ir para Indonésia fazer shows. Eu aceitei e desde então me dedico ao esporte, passando por vários países só trabalhando em cima da moto”.

O piloto disse que foi trabalhar em circo para viver uma nova experiência profissional. “É obvio que quando você vai trabalhar com algo que coloca sua vida em risco, sentimos aquele frio na barriga. Todos os espetáculos exigem uma concentração e uma preparação psicológica para isso, mas a nossa maior satisfação é o reconhecimento do público”, destacou.

Circo Kroner

O Circo Kroner leva alegria e atrações diversas ao público há 27 anos. Ele é original da Alemanha e está na sua quinta geração. Em Cuiabá, os espetáculos são de terça a sexta-feira, às 20h30 e aos sábados e domingos, às 16h, 18h, e 20h30. Atualmente, 100 pessoas trabalham no circo.

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