“O medo é o equilibro que nos mantém sãos para realizar o nosso trabalho”. A declaração é do sargento PM, Clodoaldo Maia, um dos setes policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) que atuam no Esquadrão Anti-Bombas da unidade.
Veterano na atividade, o caveira já era do Bope quando participou do curso de técnico explosivista em 2013 e desde então atua em ocorrências policiais de alta complexidade com a presença de explosivos. A unidade é o único batalhão no Estado especializado para atender nesse tipo de situação.
Atualmente, o Bope conta com sete policiais especialistas em técnicas anti-bomba e pretende realizar um novo curso no ano que vem, para aumentar esse número e chegar a 12 explosivistas. A última capacitação foi em 2014.
Na unidade, o esquadrão anti-bomba é estruturado para realizar o trabalho em situações pré-incidentais, nas quais os policiais agem de forma preventiva, junto com o canil do Bope, em varreduras de instalações.
Os explosivistas também são acionados em situações incidentais, quando é localizado algum artefato explosivo, seja por não ter sido detonado ou abandonado pelo criminoso. Nesse último caso, o local é isolado e o esquadrão anti-bomba acionado para fazer a intervenção com segurança.
“Quando se identifica qualquer ameaça de artefato explosivos, dentro do protocolo de atuação padrão, a primeira intervenção vai ser do primeiro policial que chegar no cenário. Ele vai identificar a ameaça, isolar o local e acionar o esquadrão”, disse o comandante do Bope, Ronaldo Roque da Silva.
Para atender as ocorrências, os explosivistas utilizam equipamentos importados que garantem a proteção do policial, entre eles estão o robô controlado remotamente, braço robótico, scanner móvel e a roupa anti-fragmentação, que pesa 38 quilos.
“O procedimento de segurança é chegarmos e removermos o material com todo o aparato necessário para segurança do operador, das pessoas ao redor e com a intenção de minimizar os danos no patrimônio”, completou Roque.
Legado da Copa
O Bope já tinha na sua estrutura um esquadrão anti-bomba para situações envolvendo explosivos, mas que atuava com poucos materiais para fazer as intervenções. Com a realização da Copa do Mundo me Cuiabá, no ano de 2014, o esquadrão recebeu aporte de mais equipamentos para poder atuar de maneira mais eficiente e segura, já que era uma exigência da Fifa para as sedes do evento.
“Era uma exigência que as sedes do evento tivessem dentro da unidade anti-terrorismo, uma esquadrão anti-bomba. Então, o batalhão que já tinha uma estrutura montada e recebeu mais materiais necessários para poder ser empregado na Copa. Isso ficou de legado e utilizamos isso até hoje”.
Além de mais materiais, o Bope também enviou um policial da unidade para fazer o curso de explosivista na Colômbia, onde ficou um ano e meio. No mesmo tempo, outros profissionais também se preparavam no Brasil. Quando todos retornaram, a unidade montou o curso técnico explosivista no batalhão.
Capacitações
Duas edições do curso técnico explosivista já foram realizadas no Bope. De acordo com o comandante, para atuar no esquadrão anti-bomba o policial precisa preencher vários requisitos e passar por um rigoroso processo seletivo, que ajuda a identificar quais profissionais possuem o perfil para a atividade.
O curso de explosivista é uma capacitação interna e não é ofertado para outras unidades. Ele tem duração de dois meses.
“Esse processo tem que ser rigoroso por se tratar de um conhecimento que não pode ser difundido facilmente. O profissional que vai atuar no esquadrão precisa ter controle emocional elevado e ansiedade diminuída. Quem está lá tem que ser aquela pessoa consciente e ter a frieza necessária para estar manuseando o explosivo, porque sabe que qualquer equivoco pode custar vidas, inclusive a dele”.