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28/10/2019 às 15:41

Homem com vagina diz que deixou de ser mulher trans reorientado pela fé

Robert considera a expressão "cura", em relação ao homossexual, "estranha". Prefere "reorientação".

Leiagora

Homem com vagina diz que deixou de ser mulher trans reorientado pela fé

Foto: Reprodução

Para tudo que Sabrina quer descer!

Depois de fazer a transição de gênero, alterar o nome social e se submeter a duas cirurgias de redesignação sexual, o administrador paulistano Robert Diego de Paula, 33 anos, resolveu "voltar às origens". Ele explica: "A princípio, criou Deus os céus e a terra, e viu Deus que o mundo era bom. Perfeito. O homem, a partir da criação, tem de viver na sua função original. Precisa entender que foi feito para a alegria e a perpetuação da espécie."

Desafortunadamente, Robert não pode seguir os desígnios perfeccionistas de Deus, já que agora tem uma vagina, mas não um útero. Está impossibilitado de procriar: "Quando digo 'homem', falo da espécie humana em geral. Individualmente, eu me privei da possibilidade de reproduzir, como tantas pessoas que o fazem por escolha própria. Isso não quer dizer que a função original mudou. Uma cadeira que tinha quatro pernas e, de tanto uso, perdeu uma, não perdeu sua finalidade original".

O marceneiro que recupera a cadeira, no caso do ser humano, é Jesus. Para isso, Ele conta com a ajuda de seus seguidores. Robert considera a expressão "cura", em relação ao homossexual, "estranha". Prefere "reorientação". "Essa pessoa precisa mudar sua ótica antropológica, para se enxergar como ele é, e recuperar seu fim específico, o da reprodução", acredita.

Adeus, Sabrina 

Filho do meio de uma família de cinco irmãos criados apenas pela mãe, Robert conta que fez a transição de gênero aos 15 anos, quando passou a usar peruca, vestido e salto alto. Diz que não sofreu preconceito em casa. "Eu frequentava a igreja (Batista) desde os 7 anos, mas ali eu abri mão. Era inconciliável." Aos 16, modelou o rosto, os seios e o corpo com silicone, e começou a se prostituir.

Aos 18, mudou-se para a Europa. Aos 22, em uma vinda ao Brasil, deu entrada na papelada para alterar o nome. Faltava o principal: "Me olhar no espelho e nunca mais vê-lo [o pênis]". Aos 24 anos, fez a primeira cirurgia de redesignação sexual, em Bangcoc, na Tailândia. Repetiu aos 26, na Espanha, "por questões estéticas, para ficar mais bonita". Nas duas, gastou cerca de R$ 100 mil ("contando os dias internado, a recuperação e o tempo que eu fiquei sem trabalhar").

Aos 27, às vésperas de se casar com um italiano em Roma, desistiu. O noivo era um amigo, não um amante: os dois moravam juntos mas não havia relacionamento sexual. De acordo com Robert, o italiano era separado da mulher e alimentava um amor  platônico por Sabrina. "Em coisa de dois dias, eu deixei tudo aquilo para trás", lembra.

Qual a explicação? 

"Sempre tive no coração questionamentos sem resposta. Queria saber o que é a eternidade. Descobrir o que vem depois. Diante do infindável, não vou me preocupar com os 80 anos [que pode viver]."

Mas se os questionamentos sempre existiram, por que chegar ao ponto de fazer a cirurgia? 

"Era um sonho tão profundo que ofuscou a realidade. Quando se concretizou, a vida ficou sem sentido. Eu me perguntava: 'E agora?' É que nem aquela doideira do casamento, que a mulher passa a vida sonhando em usar o vestido de noiva e, quando acontece, ela vê que não era nada de tão grandioso. A vida é assim."

Confusão de criança 

Apesar de já na infância não ter se identificado com o gênero que lhe foi atribuído biologicamente (masculino), Robert hoje não usaria o termo "identidade de gênero" para definir o papel social que uma pessoa escolhe desempenhar (masculino, feminino, ambos ou nenhum deles). Prefere usar "ideologia de gênero", já que acredita que a discussão sobre o assunto é permeada de valores e ideias.  "[No começo de setembro] O Dória mandou recolher uma cartilha escolar por que dizia lá que a identidade de gênero não é definida pelo sexo biológico. Ele estava certo! Qual a base científica disso?" (Uma semana depois, a Justiça determinou que o governo devolvesse as cartilhas nas escolas).

Se Robert não concorda com o conceito de identidade de gênero, como explicar o caso dele próprio (que se reconhecia como menina desde muito pequeno)? Ele diz que pode ter sido uma confusão de criança. Alego que pode não ter sido. Pelo sim, pelo não, ele afirma que quando alguém aparece com "dúvidas", ele ajuda a esclarecê-las.

Um exemplo: 

"Outro dia, um adolescente de 19 anos me procurou dizendo que vivia uma confusão. Amava a namorada, mas pensava em deixá-la para assumir um relacionamento gay. Propus conversarmos e, durante esse tempo, o deixei livre para pensar. Até que ele disse: 'Robert, te ouvindo, eu vejo que há possibilidade de continuar com a minha namorada'. Pois ele está com ela e vai se casar, feliz. Eu pergunto: esse menino reprimiu o desejo homossexual dele? Não. Ele só viveu aquilo como se fosse real."

Robert cita a escala de Kinsey, que define o comportamento sexual de acordo com uma gradação que vai de 0 a 6, sendo 0 o mais heterossexual, e 6, o mais homossexual: "Um homem que transou apenas uma vez com outro pode ser considerado homossexual?", pergunta.

Eu: Pode ser considerado hétero? 

Ele: "Por que não? Eu jogo esse homem no 6, ou mostro a ele que o 0 está mais próximo?" 

Glamourização do trans

Robert acredita que atualmente a transgeneridade está glamourizada e que muitos adolescentes dizem se identificar com o gênero oposto só para fugir do padrão, sem apresentar nenhum histórico de conflito de gênero. "Hoje, uma pessoa que sequer tem uma aparência feminina diz: 'Eu quero mudar de nome'. Vai ao cartório e passa a ser uma mulher na certidão. Então, a nossa luta [dos transexuais] de muitos anos pra transicionar, conquistar o direito de mudar de nome e de sexo foi banalizada. Isso é assustador!"

 
Fonte: UOL
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1 comentário

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  • Elias 29/10/2019 às 00:00

    Vc era bem.melhor de Sabrina viu..eu pegava..oooo

 
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