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Notícias / Polícia

08/12/2019 às 09:30

MT registra mais de 1,6 mil desaparecidos de janeiro a outubro em 2019

93% dos casos de desaparecimento foram solucionados pela DHPP

Luzia Araújo

MT registra mais de 1,6 mil desaparecidos de janeiro a outubro em 2019

Foto: Facebook

Era final da manhã do dia 20 de outubro, quando Samuel Victor da Silva Gomes Carvalho, de 06 anos, chegou na casa da avó, no bairro Jardim Iguaçu, no município de Rondonópolis, para almoçar depois de mais um dia de aula.

Sabendo que o menino não gostava de feijoada, Lucineide Pinto da Silva Blass, de 47 anos,fez questão de preparar algo especial para o neto. Sopa com legumes, carne e macarrão foi o prato escolhido. “Nossa! Ele comeu duas vezes”, lembrou a mulher.

Depois da refeição, Samuel falou para avó que ela nunca mais tinha feito arroz doce e pediu para Lucineide que o fizesse. Querendo agradar o neto e aproveitando que tinha leite em casa, a mulher concordou e foi preparar o doce, um dos mais favoritos do pequeno.  

Enquanto aguardava a sobremesa, Samuel pegou o celular da avó que estava em um balcão da casa e foi para o quarto brincar com o telefone. Essa foi a última imagem que Lucineide tem do neto.

Concentrada na preparação do doce, a avó esqueceu do menino por alguns minutos e quando foi procurá-lo não o encontrou. Lucineide ainda procurou o neto em outros cômodos da casa, mas Samuel não estava mais lá. A avó suspeita que o menino tenha pulado o portão para brincar na rua, depois que o celular descarregou.

“Não vi ele pulando. Imagino que ele pulou o portão e foi para rua brincar e nunca mais vi ele”, disse Lucineide recordando que o portão da casa estava trancado no dia do desparecimento justamente para evitar que o menino saísse.

Desesperada, Lucineide procurou uma delegacia da Polícia Judiciária Civil e registrou o sumiço neto, que segundo ela era hiperativo e estava fazendo uma bateria de exames para iniciar o tratamento.

Desde então uma força-tarefa foi montada na cidade e região para localizar o menino, que está há quase 50 dias desaparecido. A família chegou a receber alguns pedidos de resgate, mas todos não passaram de trotes.  

Uma varredura às margens do Rio Arareau foi realizada e mais de 20 pessoas ligadas a criança já foram ouvidas, porém nenhuma informação ajudou na localização de Samuel. Segundo a Polícia Judiciária Civil, as diligências continuam em buscas do menino, mas de forma sigilosa para não atrapalhar as investigações.

De forma paralela e com ajuda de uma vizinha, a avó percorreu outras cidades próximas de Rondonópolis,  distribuindo panfletos com fotos do neto na esperança de encontrar a criança. Ela disse que não sabe mais onde procurar e acredita que alguém deve ter pego o menino.

“Alguém pegou ele, mas eu não sei quem, porque eu não tenho inimigos. Penso nele 24 horas por dia. Acredito em Deus e depois no trabalho da polícia. Tenho muita esperança de encontrá-lo. Sei que o nosso Samuel vai voltar”, disse emocionada.

O sumiço de Samuel é um dos 1.665 casos de desaparecimentos registrados em Mato Grosso, de janeiro a outubro deste ano. Em Cuiabá e Várzea Grande, os casos de pessoas desaparecidas são investigados na Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP) pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas.

Segundo o delegado, André Renato Gonçalves, 416 pessoas sumiram em Cuiabá e Várzea Grande no primeiro semestre deste ano. Desse total, 379 foram localizadas, o que corresponde a 93% dos casos solucionados.

André explicou que não existe prazo para se registar uma Boletim de Ocorrência quando uma pessoa desaparece. “Se falam em 24 horas, mas não existe isso. Um familiar ou um amigo que perceber que aquela pessoa saiu da rotina e não retornou, pode fazer o boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou por meio da delegacia virtual, que é enviado direto para o Núcleo”.



Depois do registro, os policiais iniciam as primeiras diligências para encontrar o desaparecido. “Os policiais entram em contato com os familiares e chamam as pessoas para serem ouvidas e descrever a rotina do desaparecido. Também são gerados cartazes com a foto da pessoa, que são fixados nos lugares com grande circulação de pessoas. Em muitos dos casos, o desaparecido retorna em poucas horas e o procedimento que foi gerado é arquivado”.

Entretanto o delegado disse que existem casos mais complexos, como o das mulheres Talissa de Oliveira Ormond, 22 anos e Benildes Batista de Almeida, 39 anos, desaparecidas em 2013, após serem mortas por Adilson Pinto da Fonseca, 48 anos, com quem tiveram um relacionamento.

Ambas foram enterradas no quintal da casa do homem no bairro Nova Conquista, em Cuiabá. As ossadas das vítimas foram localizadas em maio deste ano depois das investigações do Núcleo de Pessoas Desaparecidas. Adilson está preso. “Eram casos antigos e complexos, que investigamos e chegamos a autoria até com a identificação dos corpos”.

Briga em casa por questões familiares é a maior motivação que leva uma pessoa a deixar o lar, explicou o delegado. “Todos os casos são apurados. A grande maioria é por questão fútil, briga no lar, mas logo solucionamos”.  

André disse ainda que as pessoas podem ajudar os policiais a encontrar uma pessoa desaparecida, ligando para os telefones 197 ou 3901-4833, que é direto do Núcleo, porém o delegado ressalta que informações falsas precisam ser evitas para não atrapalhar os trabalhos.

“Infelizmente existem pessoas que passam informações falsas. Isso acaba atrapalhando o trabalho, porque o esforço que está sendo gasto para se constatar um fato que não é verifico, poderia estar sendo empregado em algo que verdadeiro”.
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1 comentário

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  • JURACi de Fátima 22/03/2021 às 00:00

    Procuro um irmão que a muito anos não veijo aí formação que ele mora na cidade Rondonópolis irmã Juraci Miranda quem procura

 
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