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30/12/2019 às 08:02

Promotores e ex-governador são acusados de participarem do esquema de grampos ilegais

Este caso ficou marcado com as emoções ao desvendar os mistérios que envolvem tantas figuras públicas

Luana Valentim

Promotores e ex-governador são acusados de participarem do esquema de grampos ilegais

Foto: Divulgação

O ano de 2019 foi bem movimentado, no Poder Judiciário diversas ações e decisões tomaram conta dos noticiários do Estado de Mato Grosso. Como no caso dos grampos ilegais que apesar de ter vindo à tona em 2017, o desdobramento deste processo juntamente com o julgamento dos militares teve continuidade e sua finalização neste ano.

Primeiro, vamos fazer um resuminho do caso. O escândalo ficou nacionalmente conhecido como Grampolândia Pantaneira que consistia em um grupo de cinco militares que teriam feito uma ‘barriga de aluguel’ interceptando os telefones de inimigos políticos do então govenador Pedro Taques (PSDB). As negociações teriam sido feitas pelo seu primo e ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques com a contribuição do seu irmão, o advogado Pedro Zamar.

Com exceção de Pedro Taques, todos os demais chegaram a ser presos. Mas atualmente, encontram-se em liberdade com medidas protetivas.

Em junho, o Ministério Público Estadual pediu arquivamento da ação instaurada contra o ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques e das delegadas da Polícia Civil, Alana Derlene Sousa Cardoso e Alessandra Saturnino de Souza Cozzolino, todos acusados dos crimes de interceptação telefônica e quebra de segredo de Justiça sem autorização judicial.

Para que entendam melhor, Paulo Taques teria inventado uma articulação para atentar contra a vida do governador. Até disse que a sua amante estava envolvida com o ex-bicheiro João Arcanjo com esse objetivo. Então ele apresentou um papel qualquer para as delegadas pedindo pela interceptação telefônica para ‘salvar’ a vida de Taques. Elas aceitaram.

Em julho, o cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa pediu para fazer uma delação premiada, mas o MPE negou. Vale ressaltar que ele passou a ser considerado a peça chave de todo o esquema com suas declarações bombásticas no ano passado.

Ele acusou promotores de Justiça de terem participado do esquema ao viabilizarem as investigações e ações judiciais. De acordo com o que está no despacho, Gerson apresentou provas que apontam que os áudios e vídeos das operações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado foram manipulados.

Ainda aponta que há omissão de resultados do sistema oficial utilizado pelo Gaeco para realizar as interceptações telefônicas de um órgão.  Além da existência de uma ‘verba secreta’ em benefício do Gaeco.

No mesmo mês, Paulo Taques foi denunciado pela Procuradoria-Geral de Justiça no processo que investiga os grampos. Ele teria pedido para que fossem realizadas as interceptações sem autorização legal e para investigar Tatiane Sangalli Padilha e Caroline Mariano levadas no efeito do bojo das operações Forti/Pequi e Querubim, imputando-lhes crime dos quais eram inocentes.

Tatiane era assistente de gabinete e amante de Paulo entre 2009 e 2015, quando ele assumiu o cargo de secretário-chefe da Casa Civil. Ela perdeu o cargo no início da gestão Pedro Taques e passou a cobrar outro cargo de seu amante, com a negativa, houve o rompimento do relacionamento.

Em um reinterrogatório, o primeiro a ser ouvido foi o coronel Zaqueu Barbosa que confessou os grampos a pedido de Paulo Taques sob a justificativa de que as pessoas grampeadas estariam atrapalhando as eleições. Ele ainda revelou que recebeu R$ 12 mil para efetuar as interceptações.

A PGJ arquivou os inquéritos das delegadas Alana e Alessandra.

Já finalizando o mês, o procurador-geral de Justiça José Antônio Borges informou que o MPE tem uma empresa que fornece o Guardião e ela é que fará a auditoria, afirmando que a própria empresa que foi indicada no inquérito que deve fazê-la. Tá, vou explicar, essa empresa foi citada por Gerson que disse que foi por este sistema que as interceptações foram realizadas. E para fazer a auditoria que verificaria o envolvimento dos promotores, seria o mesmo sistema.

E o mês de julho findou com Paulo Taques virando réu na ação dos grampos ilegais.

Em agosto, Borges revelou que a instituição e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública assinaram em 2010, um Termo de Cessão de Uso de Bem Móvel a Título Gratuito de duas placas e um Hard-lock da marca Witron. Essas placas que constavam as interceptações.

Logo em seguida, a deputada estadual Janaina Riva (MDB) que foi uma das grampeadas, virou assistente de acusação no caso.

O MPE também decidiu investigar Paulo Taques e as delegadas. E em setembro, eles foram acionados por improbidade administrativa.

A delegada Ana Cristina Feldner também decidiu ouvir novamente os militares.
Em outubro, os promotores foram inocentados.

Novembro, chega o julgamento dos militares. O promotor Alan do Ó entendeu que sem esse esquema, Taques nem eleito teria sido. A condenação caiu somente para Zaqueu que cumprirá 8 anos de prisão em regime aberto. Ele também perdeu a patente de coronel, porém, com a manutenção do salário. ​A PGJ é quem vai analisar se o coronel deve ou não, ter a patente rebaixada. 

O cabo Gerson recebeu perdão judicial por ter colaborado com a investigação. Os coronéis Evandro Lesco e Ronelson Jorge de Barros e o tenente-coronel Januário Antônio Edwiges Batista foram absolvidos.

Zaqueu recorre a sentença. Mas falta saber o resultado ainda.

Vazou para a imprensa o vídeo do depoimento de Zaqueu para a delegada. Ele disse que Pedro Taques mandou destruir todo o material dos grampos.

Bom findamos o ano, mas será que essa história chegou ao fim? Para saber, fique coladinho com a gente e confira as emoções que 2020 nos trará.

 
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