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Notícias / Agro e Economia

15/02/2020 às 08:09

Surto de coronavírus pode aumentar envios de carnes mato-grossense para o exterior

Uma possível recomendação da OMS pode mudar o cenário atual da demanda por proteína animal no mundo

Edyeverson Hilario

Surto de coronavírus pode aumentar envios de carnes mato-grossense para o exterior

Foto: Divulgação/Abiec

Indícios de que o novo coronavírus tenha surgido na cidade de Wuhan, na China, pode pôr em xeque a continuidade das vendas de proteínas não inspecionadas no país asiático. Isso, porque as suspeitas são de que o surto tenha partido de um mercado que vende frutos do mar e carne de animais selvagens, a exemplo de morcegos e cobras. Diante desse cenário, uma possível recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) pode mudar o comércio de proteína animal no país.

O mercado da carne na China tem passado por uma reviravolta nos últimos anos. A começar pelo surto de Peste Suína Africada (PSA) que já dizimou cerca de 41% do plantel do país. Vale ressaltar que a China lidera o ranking de maior rebanho de suíno do mundo.

Por esse motivo, o país asiatíco precisou aumentar consideravelmente o volume de importação de proteína animal. Dados do Departamento de Alfândegas da China (GACC) dão conta de que durante o mês de dezembro de 2019, o aumento das importações feito pelo país foi superior a 95%, se comparado ao volume adquirido em dezembro de 2018.

Diante dessa conjuntura, a demanda internacional por proteína animal deve continuar em alta na China. O que possibilita o aumento de envios de carnes brasileiras para o continente asiático. Visto que não há previsão para retomada da produção em grande escala, devido aos problemas sanitários no âmbito animal e humano.

Para a diretora executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno, esses graves problemas podem beneficiar o comércio internacional das proteínas animal, já que a adoção de uma nova política alimentar pode mudar os hábitos alimentares dos países da Ásia.

“Ela está vinculada ao hábito alimentar deles de comer carne fresca e comer carne de animais que não são inspecionados. Esse surto já é o terceiro vírus que entra por essas vias. A tendência é que a OMS comece tentar modificar esses hábitos alimentares dos chineses para que eles passem a consumir cada vez mais, produtos inspecionados. Carne de animais domésticos e não de outros animais, igual eles comem”.



Apesar do surto ter começado no final do ano passado, Daniella disse que não houve redução no volume das compras, pelo contrário, “eles estavam [se programando para] o feriado do ano novo chinês. Por isso, compraram muito. Foi um volume muito grande até dezembro, porque eles precisavam desse suporte para os 30 dias que não compram comida, [devido a folga do trabalho que param as linhas de produção]". 

O diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues de Castro Júnior, ponderou que em função das doenças o comércio das carnes melhorou muito. Crescimento que não ficou apenas na carne bovina, mas atingiu tanto o mercado da carne de aves, quanto a da proteína suína.

Segundo ele, as expectativas são que as exportações continuem a fluir com o preço da carne em um patamar bastante interessante, tanto para bovinocultura como suinocultura e aves. Eles têm problemas e possivelmente vão precisar de exportação de carnes e commodities”.

Lógico que por se tratar de questões que envolvem o ser humano, os produtores lamentam, mas, por outro lado, ficam satisfeitos "que as exportações possam melhorar”.



Dessa forma os suinocultores podem melhorar as suas margens de lucro e recuperar parte dos investimentos feitos nos últimos, quando o custo de produção chegou a ser superior ao valor do animal vendido. “Apesar que nós tivemos na suinocultura uma queda do final do ano. A redução é típica, mas os preços não eram para cair em função da peste suína africana e pela demanda que teve, mas caiu um pouco”.

Custódio conclui que “esses preços provavelmente vão subir novamente e deve se manter no patamar bastante satisfatório nesses anos vindouros”. Contudo, observa que a preocupação é com o custo de produção em função principalmente do milho que tem subido assustadoramente.
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