Vazamento de informações e fraude em relatórios para "fazer um estardalhaço". Essa seria uma prática bastante comum no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Mato Grosso. Foi o que revelou o cabo PM Gerson Luiz Corrêa Junior, ex-Gaeco.
Em audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, no bojo da Operação Ouro de Tolo - segunda fase da operação Arqueiro -, o militar reafirmou que o grupo de investigação do Ministério Público atuava para fazer um show "pirotécnico". Para isso, aliás, usava a imprensa.
O caso já tinha sido revelado por Gerson quando ele foi interrogado no âmbito da Grampolândia Pantaneira. O caso investigou um esquema de escutas telefônicas clandestinas orquestrado no âmbito da Polícia Militar e governo do Estado, entre 2014 e 2017.
Dessa vez, para outro juiz, Gerson reafirmou as declarações. Segundo ele, o Gaeco praticava "manipulação seletiva", divulgando para jornalistas específicos informações sigilosas.
No caso em questão, da Ouro de Tolo, a informação privilegiada foi vazada para a TV Centro América, afiliada da Rede Globo. Na época, em 2015, o jornal local veiculou um áudio envolvendo um desembargador do Tribunal de Justiça e o então governador Silval Barbosa.
O diálogo, da forma como foi divulgado, sugeria que haveria um favorecimento à então primeira-dama Roseli Barbosa, que havia acabou de ser presa, alvo da operação. O caso chegou a ser apurado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que inocentou o desembargador.
“Quando eu falo manipulação seletiva na verdade é para poder pegar um fato de uma investigação e jogar a imprensa para trazer o viés pirotécnico. Isso aconteceu, sim, na operação", disse o cabo ao emendar que os vazamentos atenderiam interesses pessoais dos membros do Ministério Público.
O cabo da PM também revelou que chegou a fraudar o relatório das investigações, para que Roseli Barbosa não constasse como investigada.
Na época, segundo o militar, Roseli ainda era secretária de Trabalho e Assistência Social (Setas) e uma das principais investigadas. No entanto, caso a informação viesse à tona, o Gaeco não teria mais competência para investigar o caso. Por isso, segundo Gerson, ele foi ordenado a retirar o nome da primeira-dama.
Por conta das declarações de Gerson no âmbito da Grampolândia, o Ministério Público investigou seis promotores e procuradores da Casa. Apenas um deles, o Marco Aurélio de Castro, foi denunciado à Justiça pelo vazamento de informações sigilosas. A apuração contra os demais foi arquivada.
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