Pré-candidato ao Senado pelo PSDB e ex-deputado federal, Nilson Leitão defendeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) das acusações de incitar a população contra o Congresso Nacional e ministros do Supremo Tribunal Federal.
A polêmica tomou conta da mídia na terça-feira (25), depois que Bolsonaro encaminhou, do seu telefone pessoal, um vídeo que convoca a população para defendê-lo e atacar os poderes Legislativo e Judiciário. A mensagem foi recebida por diversos parlamentares e ex-congressistas.
Ao ser questionado sobre a atitude do presidente, durante o lançamento de sua pré-candidatura nessa quinta-feira (27), Nilson defendeu a democracia e a isonomia dos poderes.
Em um discurso sobre "a beleza da democracia", o ex-deputado reconheceu que o sistema depende de todos e alertou que "não é fechando o Congresso que resolve a democracia".
Na visão do tucano, o presidente teria sido mal entendido sobre o assunto. Ele lembrou que Bolsonaro também saiu do Congresso Nacional, depois de ter sido deputado por quase 30 anos. Além disso, seus filhos ocupam vaga no Senado e Câmara Federal e municipal, no Rio de Janeiro.
"A Constituição é inteligente. Ela coloca que tem que ser harmônica, mas ninguém pode ser dono de ninguém. A democracia é bonita devido a isso. Então tenho certeza absoluta que o presidente da República não quer fechar o Congresso. Ele pode ter problemas com algum lá dentro, mas ao contrário disso. O Congresso não vai morrer", completou.
O ex-congressista também defendeu a manifestação, agendada para o dia 15 de março. Ele avaliou que o ato é legítimo, faz parte da política e que "ninguém pode reclamar". Como exemplo, citou que, quando deputado federal, esteve na manifestação em prol do impeachment da ex-presidenta Dilma Roussef (PT), em São Paulo, no ano de 2016.
"A esquerda fez esse movimento a vida inteira. Vão ter os que são contra e os que são a favor. É da democracia esse debate e isso enriquece", disse.
Já na manhã desta sexta-feira (28), Nilson revelou, em entrevista à Rádio Capital FM, que telefonou para Eduardo Bolsonaro na quinta-feira, questionando a real intenção da manifestação.
Segundo o ex-parlamentar, o ato polêmico seria em apoio a Jair Bolsonaro, por ter vetado um projeto aprovado pelo Congresso. "E se a manifestação for por apoio a esse veto, pode ter certeza que tem meu apoio", garantiu.
O vídeo e o veto
O caso envolvendo Jair Bolsonaro começou depois que o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei que pretendia dar "super-poderes" ao relator da Comissão de Orçamento, mundando as regras para execução do orçamento em 2020. O projeto significaria que a União não teria controle dos recursos e dos cronogramas de repasse dos valores.
Além disso, o Congresso pretendia ter R$ 30 bilhões do orçamento impositivo, cujo valor total é de R$ 80 bilhões. O caso levou inclusive o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, a atacar os parlamentares, acusando-os de fazer “chantagem” e de tentar um "golpe do parlamentarismo branco".
Diante do impasse, Bolsonaro vetou o projeto e um vídeo anti-Congresso passou a circular nas redes sociais. Bolsonaro, acessando a um deles, replicou a mensagem no Whatsapp.
A repercussão do caso, porém, foi gigantesca e Bolsonaro passou a ser acusado de crime de responsabilidade. Sobre o caso, ele confirmou ter encaminhado as mensagens, mas minimizou a situação, dizendo que usa suas redes para divulgar notícias que não são repassadas pela imprensa.