O governo de Mato Grosso finaliza, nesta semana, os primeiros estudos sobre o cenário do coronavírus no Estado e as projeções para os próximos dias. No entanto, o documento pode não ser divulgado, segundo o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo.
"Não queremos ser mais um daqueles que contribuem para ampliar ainda mais a preocupação da população", disse Figueiredo, em coletiva de imprensa nessa segunda-feira (6).
O estudo, encomendado pela Secretaria de Saúde (SES), é aguardado desde as últimas semanas de março, quando Figueiredo ponderou que só depois que Mato Grosso registrasse 50 casos confirmados de Covid-19 (doença causada pelo coronavírus) seria possível traçar os cenários do vírus.
Agora, passada a marca sinalizada, o secretário alega que os dados só devem se tornar públicos se assim o governo decidir. A ideia, segundo explicou Figueiredo, é que eles sejam usados como base para decisões e estratégias do Estado no enfrentamento ao vírus.
Figueiredo também ponderou que, nos últimos meses, diversos estudos e projeções apontando os possíveis cenários da Covid-19 em todo o mundo surgiram. No entanto, ele disse que Mato Grosso tem “condicionantes peculiares”.
Em outras oportunidades, o secretário de Saúde também já tinha “desacreditado” de outros estudos, garantindo que a margem de pessoas infectadas seria bem menor do que a que estão sendo apontadas. Semana passada ele chegou a dizer que esses estudos seriam “futurologia” e que não os lia.
Essa declaração foi dada após Figueiredo ter sido questionado sobre um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde.
Atualmente, Mato Grosso possui 76 casos confirmados de pessoas infectadas por Covid-19 e uma morte. Contudo, também nesta segunda-feira, Figueiredo reconheceu a existência da subnotificação da doença e estimou que o número real de pessoas infectadas no estado gire em torno de 600 casos. O número foi estimado quando o Estado tinha a confirmação de apenas 60 pacientes.
A realidade não é exclusivamente mato-grossense, porém. Estudo da Escola de Londres de Higiene e Medicina, publicado na Folha de São Paulo, pontuou que o Brasil só detecta 11% dos casos sintomáticos do coronavírus. Isso significa que a cada um caso detectado há outros 10 não mapeados.
Mesmo reconhecendo a subnotificação, o Estado ainda não é capaz de mudar o cenário, uma vez que Mato Grosso não dispõe de testes suficientes para testar todos os seus habitantes.
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