Há quase 20 dias com os bares, restaurantes e casas de shows com as portas fechadas, o setor artístico de Cuiabá também está sentindo os efeitos da crise do novo Coronavírus. Para enfrentar o momento, os cantores e músicos estão se dedicando a outras atividades enquanto aguardam o retorno aos palcos.
O cantor Douglas Trindade foi um deles. Casado e com um filho de três meses, o músico foi pego de surpresa com a notícia do fechamento temporário dos locais onde costumava se apresentar. Ele trabalha há seis anos no ramo e fazia até quatro apresentações por semana. O cachê dos shows era a renda principal da família.
E foi na produção de pães caseiros que Douglas encontrou a oportunidade de continuar ganhando dinheiro e não terminar o mês no vermelho. Poucos dias antes de ser obrigado a ficar em casa, o cantor assistiu alguns vídeos na internet que ensinava a fazer pães recheados. A princípio a produção da iguaria seria apenas para agradar a esposa, mas com a suspensão dos shows ele viu a oportunidade de manter a casa e pagar as contas da família, principalmente as despesas do filho.
Os pães são produzidos sob encomenda feita pela internet ou pelo telefone e são vendidos a partir de R$10,00. “Os primeiros dias foram muito além do esperado. As vendas estão indo bem e o faturamento que estamos conseguindo se aproxima do que eu ganhava quando tocava”, disse Douglas, que pretende continuar vendendo os produtos mesmo quando voltar a cantar na noite.
Acostumado a fazer 28 apresentações por mês, tocando pop rock em bares, restaurantes e eventos particulares em Cuiabá, o cantor Henrique Miranda, encontrou neste momento de crise a oportunidade de trabalhar com marketing digital e conquistar uma nova renda.
Natural de Rondônia, o músico que está há 14 anos no mercado e já participou até de reality show musical, começou a estudar sobre o outro lado da internet no ano passado e descobriu as vantagens das vendas de cursos online. Foi então, que resolveu investir no seguimento e quando teve que parar de se apresentar, o cantor já estava preparado para enfrentar a crise com mais segurança.
Segundo Henrique com o “Brasil parado” as vendas na internet cresceram, contribuindo ainda mais para o seu negócio. “Faço vendas pela internet o tempo todo, mas é claro que eu também gostaria de estar tocando. Mas, da mesma forma que foi doloroso de uma parte, da outra está sendo legal”, destacou.
Já o casal, Letícia Ambrósio e André Prado, estão oferecendo aulas de música também pela internet, enquanto aguardam para voltar aos palcos.
A cantora e o guitarrista já ensinavam técnica vocal e violão antes da pandemia, porém as aulas eram presenciais em duas escolas onde o casal trabalham. Eles conciliavam as aulas com os shows que faziam durante a noite. Porém, com a chegada da pandemia, Letícia e André se viram sem os cachês dos shows, ficando apenas com o dinheiro das aulas.
Para não perderem mais essa renda, as escolas adaptaram o formato das aulas para virtual e abriram novas vagas para continuarem ensinando mesmo durante o isolamento social. Segundo Letícia, as aulas onlines são flexíveis e podem ser agendadas no horário que o aluno preferir. Os agendamentos devem ser feitos pelo telefone (65) 98419-5110.
“É um momento difícil e todo mundo fica nervoso, mas precisamos ter paciência para encarar esse período e voltar logo para os palcos”, disse Letícia.
Auxilio emergencial
Os profissionais autônomos, informais e microempreendedores individuais (MEI) dos setores culturais, do esporte e lazer também têm direito ao auxílio emergencial instituído como proteção social durante a crise causada pela pandemia do coronavírus.
Para receber as três parcelas de R$ 600 a R$ 1200, os profissionais devem se cadastrar no site www.auxilio.caixa.gov.br ou pelo aplicativo CAIXA | Auxílio Emergencial. O acompanhamento do cadastro será feito no próprio site ou aplicativo.
Trabalhadores que não possuem vínculo empregatício e atuam de forma autônoma como artistas, técnicos e produtores culturais, recreadores, animadores de festas e educadores físicos são alguns dos possíveis beneficiários do auxílio.
“Muitos profissionais da área de cultura, esporte e lazer precisam desse recurso, pois foram os primeiros a parar de trabalhar por conta do acesso fechado aos ginásios, estádios, academias, museus, galerias, cinemas, bares, enfim, e serão os últimos a voltar a trabalhar. Essa é uma ajuda que será importante”, relata Allan Kardec, titular da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), Allan Kardec.
A pasta também programa lançar editais próprios e apoiar iniciativas que promovam a geração de renda dos profissionais dos setores cultural e esportivo. Dentre os projetos previstos, o edital Arte e Cultura em Meios Digitais vai propor a transmissão de programação cultural pela internet e a venda de ingressos solidários possibilitará a contratação antecipada de serviços para realização após o período de pandemia.
“Nós da Secel estamos preparando vários movimentos para contribuir com a classe artística e esportiva nesse momento de crise. Preparamos editais e outros projetos como o pagamento de cachês antecipados para shows e de incentivo a pessoas físicas e jurídicas para contribuírem com os programas de geração de renda do setor e doação de donativos”, informa o secretário.
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