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Notícias / Agro e Economia

07/06/2020 às 16:00

Sesp diz que roubos de carga diminuíram em MT, mas sindicato afirma que “número é irreal”

Roubo caminhões com combustível lidera o ranking e o roubo de defensivos agrícolas é o de maior valor agregado

Edyeverson Hilario

Sesp diz que roubos de carga diminuíram em MT, mas sindicato afirma que “número é irreal”

Foto: Secom

Um recente relatório da Superintendência do Observatório de Violência da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SESP) informa que houve redução no volume de roubos de cargas em Mato Grosso. Segundo a atualização, de janeiro a abril deste ano ocorreram dois roubos a menos do que o mesmo período do ano passado. Contudo, representante do transporte de cargas diz que “esse número é irreal”.
 
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga no Estado de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Vieira de Amorim, explica que a pandemia da Covid-19 diminuiu o transporte de cargas em 60%. Segundo ele, com o fechamento das empresas, houve redução nas vendas e consecutivamente no transporte dos produtos. As únicas coisas que estão transportando em grande volume são grãos e cereais. “Produção agrícola que vai para exportação ou para o mercado interno”, relata.
 
Por esse motivo, o representante das empresas transportadoras criticou que a SESP “não tem nem vergonha de falar isso. Esse número é irreal. Deu uma caída no movimento do transporte de cargas no estado. Uma queda brutal, gigante, e esses números aí de que hoje mantem quase o mesmo patamar do ano passado, significa que na prática aumentou. Se pegar e fazer o comparativo pela proporcionalidade de produção do ano passado para esse ano, vai ter uma conclusão de que o roubo aumentou”.
 
Tendo em vista esses números, Eleus diz que para ele, que está no seguimento, “o número não se aplica. Nós não aceitamos isso”.
 
O roubo de combustível é o que mais ocorre aqui no estado, conta o presidente. Depois vem o de eletroeletrônicos e então o de grãos e defensivos agrícolas. Desses, o último é que tem o maior valor agregado, chegando a montantes milionários.
 
Eleus ainda disse que esse relatório não leva em consideração os crimes de saques e roubo parcial de carga. Explica que a SESP só considera como roubo os crimes em que o caminhão desaparece e toda a carga é roubada. “Se um caminhão for roubado, mas não tiver a carga totalmente subtraída e for encontrado abandonado em algum outro lugar, eles não consideram roubo de carga, mas furto. Por isso, não entram nessa estatística”.
 
O representante das empresas ainda relata que há muitas subnotificações de crimes do tipo, pois muitas transportadoras acabam não comunicando a ocorrência do roubo. “Não registram o boletim de ocorrência porque sabem que não vai resolver. Acabam bancando por conta própria a indenização paga aos clientes”, diz.
 
Agricultores compram produtos roubados sem saber
 

No caso dos roubos agrícolas, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antônio Galvan, é taxativo em dizer que os produtos roubados, de fato, são consumidos em algum local na atividade agrícola.
 
Contudo, adverte que nem todos os produtos de origem de furto e roubo são consumidos ou comprados de forma direta pelos produtores. “Muitos podem estar consumindo sem saber. Não estou inocentando que não haja produtores que também compra direto de quem rouba, mas na maioria das vezes esse produto está sendo esquentado lá”.

Ele também relata que muitas vezes o agricultor é vítima de funcionários de empresas que vendem os insumos, e ainda de furtos, uma vez que eles sabem quando os produtores recebem novos carregamentos. “Tem muito produtor que embarca [em negociações] achando que está recebendo o produto que ele comprou de um comércio, de uma revenda, mas é produto tem origem em roubo”, explica.
 
Segundo ele, esse tipo de crime acontece com frequência porque os produtores não ficam vistoriando embalagem por embalagem dos produtos que recebem na lavoura. “Não é possível fazer uma conferência de cada lote”.
 
Galvan conta que em muitos casos, o produto roubado é comprado de pessoas que trabalham no ramo e dizem representar empresas sérias. Recentemente a polícia prendeu um homem que trabalhava em uma empresa que fazia revendas, mas que atuava como informante de ladrões. “Ele era criminoso, mas a revenda não tinha nada a ver com os crimes”, relata.
 
Apesar de ter uma redução de apenas dois crimes, no período de janeiro a abril deste ano, em vista do que foi registrado nos mesmos meses do ano passado, o presidente da Aprosoja disse que a polícia tem dado respostas muito boas a esse tipo de crime. “Há muitos relatos de que tem melhorado bastante esse aspecto, em vista do que se via a 2, 3 e 4 anos. Contudo, nem por isso conseguiu inibir todos”, afirma.
 
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