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Notícias / Geral

11/06/2020 às 16:00

Sem renda, 200 famílias indígenas de Vila Bela dependem da solidariedade na pandemia

Da etnia chiquitano, a população vem sofrendo com carência de políticas públicas e ausência de demarcação territorial

Maria Clara Cabral

Cerca de 200 famílias indígenas da etnia chiquitano estão vivendo em situação precária no município de Vila Bela da Santíssima Trindade (520 km de Cuiabá) durante a pandemia. O cenário, no entanto, só agrava uma situação de vulnerabilidade dessa população, que sofre com a falta de políticas públicas e ausência de demarcação territorial.

Desde março, as famílias que vivem na chamada Aldeia Urbanizada Aeroporto estão sem mantimentos suficientes para alimentar as muitas crianças. Em casa e com as aulas suspensas, elas dependiam das refeições que faziam na escola.

Sem direito à terra, os indígenas não possuem condições de produzir seu próprio alimento, como é cultura de seu povo. “Nas aldeias do mato, os indígenas vivem da terra. Aqui nós não temos onde plantar, precisamos de dinheiro para comprar no mercado”, explica Feliciana Paz, representante da Organização Chiquetana Aeroporto (OCA).

Sem moradias próprias, a liderança chiquetana relata que muitas famílias, sem emprego e renda, chegaram a ter serviços básicos cortados, como luz e água. Antes mesmo da Covid-19 chegar na cidade, os indígenas já eram submetidos a trabalhos de baixo salário e péssimas condições.

“O que mais emprega os indígenas daqui são as fazendas e sítios, que desde o início da pandemia tem dispensando os funcionários”, conta. Ela, que é artesã, também reclama da falta de fomento e espaço para a prática.

Feliciana explica que os chiquitanos também possuem dificuldades de acesso à saúde, já que só existe um agente de saúde para atender a microrregião. Ela conta que ficou doente durante 30 dias e se curou sozinha com ervas medicinais.

Conforme último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Vila Bela registrou 20 casos até essa quarta-feira (10), sendo que 18 estão em isolamento e dois recuperados em uma população de 14,5 mil. Feliciana, no entanto, acredita que os casos estejam subnotificados.

Solidariedade

A liderança indígena se uniu a amiga Eduarda Pavan, graduanda na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para uma campanha de arrecadação de dinheiro e mantimento para a população de Chiquitanos em Vila Bela.

Conforme a estudantes, ela irá prestar contas de todos os gastos feitos com o dinheiro arrecadado pela conta corrente abaixo. “Indígenas resistem à necropolítica imposta pelo Estado Brasileiro há mais de 500 anos, e precisam da sua ajuda para continuar”.

A tatuadora Juliana Fernandez, do estúdio Bugre, em Cuiabá, também somou à ação solidária. “Cada cliente meu que contribuir terá o valor debitado da próxima tatuagem que fizer comigo (após a pandemia)”, escreveu a artista em publicação nas redes sociais.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Dados para doação:

Banco do Brasil – Poupança
Ag: 1216-5
Conta: 112809-4
Eduarda Pavan
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