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02/07/2020 às 19:50

CRM vai investigar adjunto da Saúde e outros médicos da gestão por omissão e retaliação

Eles serão investigados por omissão e retaliação aos profissionais que fizeram denúncias contra a administração municipal

Alline Marques

O Conselho Regional de Medicina (CRM) de Mato Grosso abriu uma sindicância para investigar médicos ligados à gestão municipal de Cuiabá por omitir as irregularidades e ainda promover atos de retaliação aos profissionais que ousam denunciar a situação da saúde na capital, sendo este um dever e prerrogativa de qualquer médico. Dentre os que devem ser acionados pelo CRM para prestar esclarecimento está o secretário adjunto de Planejamento e Operações, Milton Corrêa da Costa Neto. 

"Já determinei a abertura de duas sindicância para apurar a conduta de médicos que atuam na gestão municipal que utilizam do poder de hierarquia para toler a prerrogativa de que todo médico tem de denunciar a ocorrência de condições inadequada para a prática da medicina", declarou a presidente do do CRM, Hildenete Monteiro Fortes. 

Leia também: CRM realiza vistoria, detecta irregularidades e recomenda interditar antigo pronto-socorro

Para a médica, quem faz "política é a gestão municipal que arbitrariamente vem removendo servidores públicos por fazer denuncias. Em evidente retaliações, dois medicos sofreram consequencias administrativa por terem denunciado a situação do pronto-socorro de Cuiabá", 

Ela rebateu ainda as declarações feitas pelo secretário de Saúde de Cuiabá, Luiz Antonio Possas de Carvalho, em que chamou médicos de covarde e disse ainda que não é hora de críticas. A presidente pontuou que não se tratam de críticas, mas sim de apontamentos de irregularidades, além disso, ressaltou que caso não concorde, o gestor pode responder de maneira fundamentada e faça o contraponto dos relatório realizados pelo CRM. 

"Contudo, o CRM se recusa fazer parte de um mundo de fantasias, onde se faz de conta que as uniadades públicas estão atendendo a contento, onde se faz de conta que que os profissioanais trabalham em condiçoes adequadas, e que faz de conta que não faltam medicamentos e insumos hospitalares. Com isto, não conte com nossa ajuda", rebateu. 

Hildenete lembrou ainda que os problemas na saúde pública não são de hoje, assim, como CRM já fez diversas denuncias em vários outros momentos, portanto, os médicos não 'sonham' com uma situação perfeita. 

Quanto aos equipamentos, a presidente ressalta que os profissionais não estão exigindo equipamento linha A, mas, sim de boa qualidade "para evitar que eles sejam contaminados e reduza a mão de obra na linha de frente do atendimento".

"O secretário disse que médicos são covardes, até aqui esse foi o ataque mais duro que presenciei, engoli a seco essa frase, enquanto as palavras ressoam aos meus ouvidos minha memória recorda de cada médico que está abdicando da sua vida pra trabalhar na pandemia", respondeu. 

Ela ainda pediu que o secretário assuma que está prevaricando e declarou que a ofensa aos profissionais médicos "apenas expõe o fracasso daquele que está proferindo". 

O que diz a prefeitura? 

Com relação à declaração do secretário referente aos médicos, em nota, a pasta explicou que a "fala foi em relação aos médicos que entregaram atestados falsos na Secretária de Saúde, para não atenderem nesse momento de pandemia. O secretário ainda esclareceu que os médicos e demais profissionais da Saúde que não utilizaram essa prática são heróis e agradeceu o empenho de todos nesse momento difícil, quando à população mais precisa da  auxílio hospitalar". 

Já com relação às retaliações, que inclusive foi alvo de uma representação do Ministério Público Federal, também por meio de nota, a gestão municipal informou que todas as denúncias sobre supostas retaliações serão investigadas e, caso confirmadas, serão punidas no rigor da lei. 

"No caso da médica Maragareth Mendonça, a servidora precisou ser transferida para o Hospital Municipal de Cuiabá- HMC, considerando que o Hospital Referência (antigo PS) já não possui internação infantil que justifique a  lotação da referida equipe na local. Oportuno esclarecer que o HMC tem acolhido pacientes não Covid-19 de todo o Estado de Mato Grosso".

Margareth é uma das médicas apontadas pelo CRM e pelo MPF como alvo de retaliação. A profissional tinha quase 30 anos de serviço no antigo pronto-socorro. A remoção dela causou comoção entre a classe e até mesmo de pessoas de outros meios em reconhecimento ao trabalho dela. 

Já com relação à falta de medicamentos, a pasta informou que "o cenário é nacional e não exclusivo de Cuiabá/Hospital Referência. A pandemia fez com que todo  o país enfrente dificuldades para fazer a aquisição de medicamentos. Entretanto, cabe ressaltar que  os medicamentos estão sendo substituídos por outros que possuem os mesmos princípios ativos, sem oferecer qualquer dano à saúde dos pacientes".

No entanto, o Leiagora fez outros questionados à secretaria que não foram respondidos, como por exemplo, a questão do secretário adjunto que é um dos alvos da sindicância. Também quis entender o por quê esta prática de remoção tem sido adotada com vários profissionais, tanto da Medicina, quanto da Enfermagem, e se não se trata de retaliação, o que tem motivado às mudanças, coincidentemente, de profissionais que fizeram denúncias ou participaram de atos em protesto à gestão municipal? Porém, até o momento não teve retorno.

A reportagem também questionou sobre o por quê profisisonais contratados estão sendo demitidos, justamente no momento em que gestão alega dificuldade de mão de obra, mas ficou sem resposta até o fechamento da matérias mais de 24 horas depois do questionamento. 

O espaço continua aberto para que os fatos sejam esclarecidos. 

 
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