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Notícias / Agro e Economia

05/07/2020 às 14:00

Empresas se unem e criam Startup para ‘driblar’ o cancelamento de eventos agropecuários

Devido aos decretos que proibiram aglomerações, diversos eventos tiveram que ser cancelados, dessa forma, a alternativa foi realizá-los online

Edyeverson Hilario

Empresas se unem e criam Startup para ‘driblar’ o cancelamento de eventos agropecuários

Foto: Assessoria

O crescimento do número de infectados pelo novo coronavírus no Brasil resultou em decretos que proibiram aglomerações. As determinações resultaram no cancelamento de vários eventos. Em Mato Grosso, um dos setores afetados pelas medidas foi o setor agropecuário. Para “driblar” essa situação, um grupo de empresas se uniu e criou uma startup que passou a realizar eventos online.

Os cancelamentos dos eventos aqui no estado começaram antes mesmo dos números de infecções chegarem próximo a atual situação, que coloca Mato Grosso no epicentro da doença no país. As medidas restritivas iniciaram ainda março, dentre elas, cancelamento de vôos e fechamento de comércios e até fronteiras.

Por esse motivo, expositores e palestrantes ficaram impedidos de viajar e, consecutivamente, de estarem presentes nos eventos, que, por sinal, acabaram cancelados.

As incertezas e o ambiente desesperador foi sentido na pele por Daniela Peres, que viu ao menos seis grandes eventos do setor agropecuário serem desmarcados. Proprietária da empresa Indústria de Eventos que atua na organização de eventos há 20 anos, a empresária relatou que todas as programações marcadas no período de março a setembro foram canceladas. Segundo ela, outras duas estão em observação, já que os realizadores estão acompanhando o avanço da pandemia para definirem se serão ou não realizadas.

Um dos eventos que já estava organizado e acabou cancelado foi a feira agropecuária Parecis SuperAgro, que ocorreria do dia 31 de março a 3 de abril deste ano, em Campo Novo do Parecis (a 404km de Cuiabá). Essa seria a 13ª edição da feira e era esperada mais de 20 mil pessoas.

Daniela recorda que parou de trabalhar no dia 20 de março, mas já no começo de abril reuniu alguns parceiros e decidiram desenvolver a plataforma. O lançamento da startup Meu Evento Online (MEO) ocorreu no dia 14 de maio, com um evento próprio que foi chamado de “E Agora?”.

No projeto, presidentes das federações do Comércio, Indústria e Agricultura de Mato Grosso, discutiram os impactos que a pandemia poderia causar em cada setor e ainda teve a participação de um palestrante online, que estava em São Paulo.



A idealizadora da startup explicou que os eventos feitos pela plataforma tem cenário, apresentação e apresentadores, por isso não difere dos presenciais. “A interação do público e a participação do palestrante é online, mas o formato do evento é como se fosse presencial. Ele é filmado dentro de um cenário de um evento. Tem palco, telões de LED, iluminação, música e vídeos. Tem tudo de um evento presencial, porém é transmitido online, com interação ao vivo, em tempo real”, relata.

Para isso, a startup une as empresas; Indústria de Eventos, que atua na organização geral, a empresa Soul, que faz o trabalho de iluminação e sonorização, a On Mídias que cuida da parte de projeção e LED, a Coch’tigo que é responsável pela moderação, mediação e apresentação, além do desenvolvimento de conteúdo, e a Virtual Vídeo, que faz as filmagens e transmissão da programação.

Do desespero dos cancelamentos à luz no fim do túnel

Mesmo depois de observar uma possibilidade de renda, Daniela conta que a situação continua desafiadora, já que os afazeres não diminuíram. “Cada evento cancelado me dá o dobro de trabalho. São todas as providências de conversar com o patrocinador, de negociar com expositor, de rever a situação de inscrições realizadas e de renegociar com todos os fornecedores. Em termos de trabalho, eu continuo tendo e sei que vou ter novamente no ano que vem, na hora da realização dos eventos. Trabalho existe, só não existe remuneração dele”, explica ao contar que está se mantendo com sua reserva financeira.

Apesar de se ver bastante prática e não se deixar levar pela situação de momento, Peres diz que o cenário é desesperador pelo fato de não saber quando isso vai acabar. “Trabalho com organização e não consigo fazer isso, o que gera uma ansiedade tremenda e uma angústia de não saber o que fazer”. Contudo, diz que “não adianta brigar, querer criar polêmica onde não tem o que fazer. Não adianta eu querer que os eventos voltem amanhã. Não dá para voltar. A gente tem que ter muito bom senso em relação a isso”.

Ela ainda observa que mesmo que falem que acabou o lockdown e pode abrir tudo, os eventos não voltam como se nada tivesse acontecido. “A gente precisa de um tempo de preparo. Pode levar até um ano, dependendo do evento. Não dá pra falar que vamos aproveitar essa janela e fazer um evento. Ninguém casa com 15 dias, ou faz um congresso. Não existe uma malha aérea de aviões que eu consiga trazer meu palestrante em 15 dias. São muitas variáveis que interferem nisso e não adianta eu brigar. Não vou perder minha energia, com coisas que não estão sob o meu controle”, relata.

Ela afirma que a Plataforma MEO tem sido bem aceita pelas empresas, mesmo sendo novidade e ainda ressalta que não é uma live em uma rede social simplesmente, mas uma ferramenta de marketing, treinamento e conhecimento. Por esse motivo, tem sido bastante procurada por empresas. Agora, a startup tem focado em campanhas voltadas para o “reconhecimento do valor de um evento online”.

Avalia que é tudo muito novo, “tanto para nós que fizemos a plataforma, quanto para os clientes. Estamos construindo e melhorando a plataforma em conjunto com o cliente, de acordo com as necessidades deles. Desde o lançamento, começamos a fazer os ajustes necessários. Melhorias, investimentos em mais tecnologias para atender as necessidades dos clientes”, assegurou.

Daniela explicou que por se adequar ao formato e necessidade de cada evento, o custo para a realização não é fixo. “Um evento pocket, quantidade de palestrantes, se vai ser transmitido em uma plataforma aberta, é uma situação, se vai ser fechada, com credenciamento, é outra. Ou seja, são muitas variáveis que acompanham o custo dele”, explicou a empresária.

Negócios para além da pandemia

A boa aceitação da plataforma e aprovação de empresas deu a Daniela motivação para continuar com o projeto depois que a situação voltar ao normal. Mesmo preferindo os eventos presenciais, ela diz que a pandemia do coronavírus potencializou “a grande tendência de eventos híbridos, onde eu tenho palestrantes tanto presenciais, quanto online. Como tenho participante congressista tanto presencial, quanto online. Essa será a tendência pós-pandemia. Nada vai acabar, mas vai se transformar”, prospecta.

Isso não quer dizer que ela vai deixar de realizar eventos presenciais, pelo contrário, “entendo que tem coisas que você jamais vai conseguir transferir para o online, que é a questão do encontro, das pessoas estarem juntas. O evento não é só o conhecimento e negócios, são as relações, as conexões que você faz durante a programação. Isso só o evento presencial fornece”, comenta.

Os pequenos eventos devem seguir a mesma tendência. Por questões logísticas e financeiras “muitos encontros, reuniões, fóruns de discussão com até 50 pessoas, que antes movimentava e levava o grupo para uma sede, talvez torne online e não volte a ser presencial, já que o evento online vai ter a mesma efetividade”.

Já no caso das grandes programações, ela acredita que vão continuar presencialmente, mas vão disponibilizar a participação online para os que não puderem ou não quiserem ir pessoalmente.
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