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12/07/2020 às 10:00

Secretário quer médicos formados no exterior no atendimento à covid, mas esbarra em burocracia

Atualmente Mato Grosso tem o sistema de saúde em colapso, tanto pela falta de leito quanto para de profissionais

Camilla Zeni

Secretário quer médicos formados no exterior no atendimento à covid, mas esbarra em burocracia

Foto: Mayke Toscano / Secom-MT

O governo de Mato Grosso alega dificuldade na busca de profissionais para atuarem no enfrentamento à covid-19. Uma solução seria a contratação de médicos recém-formados, sejam no Brasil ou no exterior. No entanto, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) parece não entender a situação.

Na última semana, a instituição federal anunciou a suspensão do processo de revalidação do diploma médico, adiando-o para setembro. Ocorre que, sem ter feito o Revalida - prova que mede as competências do profissional formado no exterior -, o médico não poderá atuar em solo brasileiro. Dessa forma, ficam de fora do auxílio necessário nesse momento da covid-19.

O secretário de saúde estadual, Gilberto Figueiredo, revelou ter ficado surpreso e preocupado com a decisão. Ele acredita que, diante de uma pandemia que ainda não atingiu seu pico de contaminação, e da escassez de profissionais, todos os reforços são bem-vindos e necessários.

“Temos uma falta de profissionais no país. Toda iniciativa que puder contribuir nesse momento para reforçar o número de profissionais da área de saúde deve ser exercido”, comentou, em coletiva de imprensa na sexta-feira (10).

Em Mato Grosso, conforme o Conselho Regional de Medicina (CRM), 6.868 profissionais estão com registros ativos na unidade, ou seja, essa é a quantia de médicos aptos a atuarem no estado. Nem todos, porém, realmente atendem os mato-grossenses. Levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aponta que há pouco menos de 6 mil médicos em atendimento no estado.

A falta de profissionais no estado já era uma dificuldade antes da covid-19. A doença, porém, deu luz a este problema. Segundo os dados do TCE, a média é de que para cada 10 mil habitantes de Mato Grosso existam apenas 15 médicos para atendimento, ou seja, cada médico sozinho deve dar conta de mais de 666 moradores.

O secretário de Saúde ainda chama atenção para outra situação: todo dia um médico ou enfermeiro precisa se afastar das atividades, mas a substituição não ocorre na mesma velocidade. Segundo ele, esse é um dos principais motivos pelos quais o governo não conseguiu colocar em funcionamento algumas Unidades de Terapia Intensiva.

De acordo com o CRM, até essa sexta-feira (10), 210 médicos tinham sido diagnosticados com covid-19. No caso de profissionais da enfermagem, 145 profissionais estavam em quarentena ou internados até essa sexta-feira, segundo o Conselho Federal de Enfermagem. Além desses, outros 251 estavam afastados por suspeita de covid-19.

Por não ser uma dificuldade exclusiva de Mato Grosso, um projeto de lei chegou a ser apresentado na Câmara dos Deputados, por uma autoria conjunta de 17 parlamentares, entre eles a deputada federal por Mato Grosso, Rosa Neide (PT). Ele estabelece a aplicação de um emergencial, considerando que a última prova de revalidação de diplomas foi realizada em 2017.

A justificativa dos parlamentares é justamente a falta de profissionais para combaterem a doença, enquanto há mais de 15 mil médicos brasileiros formados em universidades do exterior aguardando a realização do exame.

"O Ministério da Saúde cogita em convocar veterinários, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais e até mesmo antecipar a formatura de estudantes de Medicina, de Enfermagem, de Farmácia e Fisioterapia para entrarem imediatamente em ação, no enfrentamento da pandemia. Mas e os médicos já formados que estão aptos a exercer imediatamente a profissão e aguardam tão somente se submeter ao Exame Revalida?", questionaram.

Apesar de justificarem a urgência, o projeto segue parado na Câmara desde maio.
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