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Notícias / Polícia

19/07/2020 às 13:30

Policiais contam como foram de dias de terror à cura da covid-19

O Leiagora conversou com dois policiais que passaram pela UTI, chegaram ao estágio gravíssimo da doença e superaram

Luzia Araújo

Policiais contam como foram de dias de terror à cura da covid-19

Foto: Arquivo pessoal

A missão de servir e proteger sempre foi seguida à risca pelos policiais Rony Cley Caetano da Silva e Joelson Fernandes Rosa da Silva. Os anos de dedicação à carreira na Segurança Pública, fizeram o investigador da Polícia Civil e o sargento da Polícia Militar (catiano 33) enfrentarem diversos desafios e se tornarem profissionais admirados pelos colegas de trabalho.  

Mas, não é só isso que os dois têm em comum. Recentemente, Rony e Joelson venceram o coronavírus e hoje se recuperam em casa, preparando para retornar ao trabalho o quanto antes. 

Dois dias antes de assumir mais um serviço no Grupo de Apoio (Gap) do 3º Batalhão da Polícia Militar, em Cuiabá, o sargento Joelson começou a sentir dores no corpo. Achando que tinha exagerado nos exercícios físicos, o militar seguiu para mais uma jornada de trabalho, sem saber, na verdade, que os incômodos já eram os primeiros sinais da doença. 

Durante a tarde e parte da noite, o mal-estar foi piorando e o PM “baixou” a viatura para procurar atendimento médico. Depois de exames, Joelson descobriu que estava com coronavírus, mas não precisou internar, recebendo uma receita para fazer o tratamento em casa. Porém, os remédios não fizeram efeito e a falta de paladar e de olfato se uniram aos outros sintomas, que o sargento estava sentindo. 

Novamente, ele procurou um especialista e foi em uma dessas consultas, que o militar ouviu do médico que o seu pulmão estava 50% comprometido e que precisaria ser internado, urgentemente. “Foi o momento mais tenso que passei. Tive que ficar no oxigênio e não tinha forças nem para sentar, porque a falta de ar era enorme”, lembrou. 

O quadro do sargento chegou a ser considerado gravíssimo, mas com a dedicação da equipe médica, ele foi melhorando, até que recebeu alta hospitalar depois de ficar 10 dias internado. “Sigo em isolamento e me tratando em casa’. 

Ainda sem saber como se contaminou, o PM contou que é atleta, tem alimentação saudável e não possui nenhuma comorbidade. “Não bebo. Não fumo. Não perco noite. Tinha tudo para não ser uma vítima da covid-19. Receber a notícia que estava contaminado foi surpreendente para mim, meus familiares e amigos. Infelizmente, o maior problema das pessoas é que elas não acreditam na doença. Só quem passou, sabe que ela é coisa séria”. 

A saída do hospital do investigador Rony Cley circulou na internet e ficou marcada pela emoção. Toda a comemoração da equipe médica, familiares e colegas da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Cuiabá, tinha um motivo. O policial civil deixava a unidade hospitalar depois de 17 dias em coma, em estado gravíssimo e chegar a circular notícias que ele tinha morrido. 

Antes de ir parar no hospital, Rony estava em mais um dia de trabalho quando soube que uma colega tinha apresentado sintomas da covid-19, deixando todos em alerta na delegacia. Dias depois, ele e o seu parceiro de investigação, também apresentaram sinais da doença. “Foi uma quinta-feira. Nós começamos a apresentar perda do olfato e outros sintomas característico do coronavírus”, lembrou.

Os policiais foram ao hospital fazer o exame PCR, que deu positivo para doença, mas, no primeiro momento, o investigador e o parceiro também não precisaram ficar internados e foram fazer o tratamento em casa.

Por segurança, a esposa e os filhos de Rony deixaram a residência da família, para não serem contaminados. O investigador ficou isolado, mas os sintomas da doença foram aumentando. “Quando fizeram quatro dias que estava em casa, eu não aguentava mais. Minha esposa e meus filhos foram para casa da minha sogra. Eles só me levavam comida. Em um desses dias, minha esposa viu que eu estava muito mal. Então, retornamos ao hospital”. 

Lá, a médica que atendeu o policial disse que ele seria internado, porque o seu pulmão estava 37% comprometido. “Fui direto para a UTI (Unidade de Terapia Intesiva). Estava conversando normal, mas sentia muita dor quando respirava”. 

No terceiro dia na UTI, o quadro de saúde de Rony complicou. Ele não conversa mais e também não aguentava mais levantar da cama e tomar banho sozinho. O investigador foi intubado e permaneceu em coma durante 17 dias, lutando pela vida.  

“Meu estado era gravíssimo mesmo e a minha cura, com certeza, foi um milagre. Chegaram a falar que eu tinha morrido. Os próprios médicos falaram que nunca viram uma pessoa retornar do quadro que eu estava”, relatou. 

O policial foi apresentando melhoras até que no dia 28 de junho, ele deixou o hospital aplaudido. “Graças a Deus, hoje estou recuperado. Comecei a ganhar peso, voltei a caminhar e a tomar banho sozinho. Sou outra pessoa”, comentou o investigador que chegou a perder 20 quilos no hospital.

Classificando a doença como perigosa, Rony disse que o seu porte físico de atleta colaborou para o salvar da Covid-19. “Sou uma pessoa que pratica atividade física. Antes da doença, pedalava 100 quilômetros. E o médico falou que eu resisti devido ao meu porte físico. Não sabemos explicar como fui contaminado, porque não tenho nenhuma comorbidade. Só a ciência poderá explicar”. 

Em casa, o investigador está retornando aos poucos para as atividades e começou a fazer sessões de fisioterapia, seguindo recomendações médicas. “Me considero uma outra pessoa. Passar por uma experiência dessa, te faz valorizar as pequenas coisas da vida. Inclusive, o fato de você poder acordar, levantar e caminhar”. 

Daqui para frente, Rony disse que irá se proteger mais e dar mais valor às pequenas coisas da vida. “Eu gosto muito de trabalhar. Eu me dedicava ao máximo ao trabalho. Então, espero voltar logo, mas também vou cuidar mais de mim. As pessoas que têm condições devem ficar em casa, porque infelizmente essa doença é muito misteriosa. Não vamos pagar para ver. Os que precisam sair para trabalhar, sigam as regras para aguardar a vacina chegar, para voltarmos a ter uma vida normal”. 

Balanço

Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontaram que 503 profissionais foram diagnosticados com o coronavírus em Mato Grosso até a última quinta-feira (16), sendo que 277 servidores conseguiram recuperar e estão curados. 

O levantamento apontou ainda o registro de cinco óbitos e 452 profissionais afastados por suspeita da doença. Os dados abrangem os servidores da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Sistema Penitenciário, Politec e do setor administrativo da Sesp. 
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