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26/07/2020 às 18:01

Covid-19: idosos infectados podem apresentar sintomas incomuns e confusão mental

Muitas vezes a doença quase passa despercebida, disfarçada em sono excessivo, perda de apetite, tontura, diarreia ou confusão mental

Camilla Zeni

Covid-19: idosos infectados podem apresentar sintomas incomuns e confusão mental

Na imagem, Ermando Piveta, ex-integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) - imagem ilustrativa

Foto: Cb Estevam/CCOMSEx

A comunidade científica e os médicos em geral estão com a atenção redobrada para os casos de covid-19 nos idosos. Além de serem grupo de risco, a turma dos "mais experientes" também tem chamado a atenção por desenvolverem sintomas incomuns para a doença, entre eles, a demência.

De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), na grande parte dos idosos detectados com o novo coronavírus, os sintomas vão além de tosse seca, dor de garganta, coriza, febre, ou perda do olfato e paladar. Neles, a doença quase passa despercebida, disfarçada em características como sono excessivo, perda de apetite, tontura, diarreia ou confusão mental.

Nos últimos meses, pesquisadores da University College London (UCL) identificaram complicações neurológicas em pacientes com covid-19. Segundo a BBC News, os cientistas não encontraram vestígios do novo coronavírus no líquor dos pacientes - fluido presente no cérebro. Dessa forma, entendendo que o vírus não ataca diretamente o órgão, eles especulam que o dano seja causado pela resposta do sistema imunológico dos infectados.

Em conversa com o Leiagora, a geriatra Waltyane Poussan ponderou que, apesar dos estudos indicando a possibilidade do desenvolvimento de demência em alguns pacientes mais idosos, esse quadro é observado quando eles já apresentam predisposição à doença. Ela destacou, no entanto, que, quando se trata de idosos, é necessário manter a atenção a todo e qualquer detalhe do dia a dia, principalmente naqueles que já têm o diagnóstico.

“Quando algum vírus ou bactéria entra no organismo, o nosso corpo começa a responder e causa a febre, mas o idoso nem sempre tem essa resposta. E no caso de quem tem demência, você tem que perceber pela mudança de comportamento. Ou ele fica agressivo, ou tem delírio, alucinação, confusão mental”, explicou.

A médica observou que, em geral, as famílias têm dificuldade de perceber alguma infecção nesse público e, como alguns não conseguem se expressar de forma clara, torna o diagnóstico das doenças ainda mais complicado.

“Por essa razão, os idosos sempre chegam com situação mais grave, principalmente os que têm demência. O que a gente preconiza é que o idoso é o maior grupo de risco sempre, então, a melhor coisa a se prevenir é o isolamento social. Não pode receber ninguém e pronto”, colocou.

Dona Márcia, aos 75 anos, e a filha Eliana

Diagnóstico precoce graças à atenção

No caso da dona Márcia, foi a atenção da filha, a professora Eliana da Costa, que fez com que a covid-19 fosse identificada logo no início da manifestação. Com 75 anos, há quatro Márcia foi diagnosticada com Alzheimer. Foi por meio da mudança de comportamento que a filha percebeu que havia algo errado.

Segundo Eliana, a mãe começou a trocar o dia pela noite. Contudo, como o quadro é comum em portadores de Alzheimer, ela seguiu apenas monitorando o comportamento da mãe, até que, no dia 14 de julho, após um banho, ao medir a temperatura corporal de dona Márcia, a professora percebeu febre de 38,3º.

Naquele mesmo dia Eliana procurou o teleatendimento do seu plano de saúde e, ao informar que a condição da mãe, foi orientada a procurar, imediatamente, um pronto-atendimento. No hospital, os médicos identificaram um número baixo de plaquetas, o que levou às duas a permaneceram no hospital até o dia seguinte. 

Já no dia 15, mãe e filha foram transferidas para um hospital particular em Cuiabá, direto para a Unidade de Terapia Intensiva. Na unidade, um teste rápido havia descartado a possibilidade de covid-19. Contudo, no exame de tomografia apareceu alteração no pulmão e os médicos decidiram interná-la imediatamente.

“Foi um baque porque disseram que ela tinha que ir para uma UTI fechada. Eu esbravejei porque como ela, com Alzheimer, ia ficar sozinha numa UTI fechada, intubada e eu sem poder estar do lado dela? Eu preferia correr o risco de pegar a covid”, lembra Eliana.

Conforme a professora, ela conseguiu autorização para ficar confinada com a mãe em uma ala de UTI de casos mais leves, ainda com suspeitas da doença, sendo que Márcia não precisou ficar intubada. Lá, as duas ficaram até essa quarta-feira (22), quando conseguiram autorização para continuar o tratamento em casa. Nessa quinta-feira (23), um novo exame apontou positivo para covid-19 em Márcia, sendo que o tratamento já estava em andamento.
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