O cacique Aritana no Parque Indígena do Xingu, em 2012
Foto: Ueslei Marcelino / REUTERS
Liderança do Alto Xingu, reconhecida nacionalmente, o cacique Aritana Yawalapiti, 71 anos, faleceu com covid-19 em um hospital em Goiânia. Familiares confirmaram a morte nesta quarta-feira (5).
O cacique estava internado em Goiânia desde 22 de julho, após enfrentar uma longa jornada de carro com o apoio de cilindros de oxigênio, da aldeia da etnia yawalapiti até hospital em Canarana (838 km de Cuiabá), de onde foi transferido.
Foi o que contou à Reuters o médico Celso Correia Batista, que atende indígenas no Xingu e conduziu o cacique na viagem de mais de 10 horas. Segundo ele, no Alto Xingu indígenas relatam um grande número de casos suspeitos de covid-19.
Cacique desde os 19 anos, Aritana Yawalapiti assumiu a liderança do Alto Xingu na década de 1980. Desde então, ele é reconhecido por lutar pela defesa dos povos indígenas, principalmente pela preservação das terras já conquistadas.
"Quando morre um cacique, a comunidade perde um líder. Quando morre um mestre e um ancião, é um livro cheio de informações que se fecha para sempre", escreveu o neto do cacique Raoni Metuktire, Patxon Metuktire, nas redes sociais.
Conforme a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), 633 indígenas já morreram de covid-19 no Brasil. Já foram infectados 22.325 em 148 povos. Os números da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) confirmam 294 óbitos e 16.509 infecções.
Conforme o boletim da Secretaria do Estado de Saúde (SES), que passou a identificar óbitos entre indígenas, 43 morrem com covid-19 em Mato Grosso. No entanto, esse número já passa de 77 óbitos na plataforma do Comitê Nacional pela Vida e Memória dos Povos Indígenas da APIB.
O maior número está entre os Xavantes, 47 mortes, seguido dos Bororo-Boe (4), conforme informações do Comitê. Além dos citados, a covid-19 já afeta 12 povos no estado: Kalapalo, kurâ Bakairi, Umutina, Chiquitano, Kamayurá, Apyãwa Tapirapé, Paresi, Kaiabi, Rikbaktsa, Kuikuro.
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