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Notícias / Polícia

05/08/2020 às 17:20

Mãe revela presença de muitas pessoas na casa onde filha foi morta e falta de isolamento

Além disso, o cunhado chegou a discutir com o empresário Marcelo Cestari sobre onde estaria a arma de onde saiu o disparo que matou Isabele

Eduarda Fernandes e Luzia Araújo

Mãe revela presença de muitas pessoas na casa onde filha foi morta e falta de isolamento

Alphaville

Foto: Rogério Cabeça de Urso / Leiagora

A presença de muitas pessoas, inclusive não moradores do condomínio, e a falta de isolamento do local do crime foram fatos que chamaram atenção de Patrícia Helen Guimarães Ramos, mãe de Isabele Guimarães Ramos, a adolescente morta no condomínio Alphaville, em Cuiabá, em 12 de julho deste anoO depoimento foi prestado em 21 de julho, às 9h35.

Em depoimento ao atual delegado do caso, Wagner Bassi Júnior, narrou que após ver o corpo de sua filha caído no banheiro da casa e receber a constatação do Samu de que Isabele estava morta, “sentou na frente da casa do local dos fatos e viu uma grande movimentação de pessoas, inclusive pessoas que não eram do condomínio”.

Neste ponto do depoimento, ela conta ter visto chegar um carro, cantando pneu, de onde saíram dois indivíduos “bastante agitados” e “prepotentes”. A mãe de Isabele também disse ter achado estranho que a casa não foi isolada e não soube precisar quem havia chegado primeiro, se a Polícia Militar ou Civil. O sogro da filha do empresário Marcelo Cestari, suposta autora do disparo, também chegou ao local bastante agitado. Ele é o dono da arma de onde partiu o disparo que matou Isabele.

O depoimento também foi acompanhado pelo delegado Francisco Kunze Junior, titular da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica). Acompanhada dos advogados Hélio Nishiyama e Natali Akemi Nishiyama, ela relatou
que não tem conhecimento de nenhuma briga intensa entre sua filha e a filha de Cestari.

Disse qu
e sabia da amizade de Isabele com a filha de Cestari e que há cerca de dois anos o laço ficou mais forte, situação que ficou ainda mais evidente por conta da pandemia do novo coronavírus.

Segundo a mãe, às vezes a filha do empresário ia à sua residência, mas na maioria das vezes era Isabele quem ia até a casa da amiga. “Isabele dizia que gostava de ir na casa de *, pois lá era mais movimentado”, diz trecho do depoimento. (
O nome da filha do empresário será substituído por um asterisco  em todas as vezes que for mencionada no depoimento por ser menor de idade.)

Conforme o depoimento, Isabele contou para a mãe que a filha do empresário “começou a mudar” desde o final de 2019, após começar a namorar e “ficou mais distante”, de modo que a adolescente ficou mais próxima da outra filha do empresário.

Patrícia contou que conhecia a família de Marcelo Cestari apenas como vizinhos de condomínio e os cumprimentava, “mas não tinha relação próxima”. A mãe revelou que Isabele não tinha namorado. Ela também destacou também que não teve conhecimento de nenhuma briga entre sua filha e o namorado da amiga, suposta autora do disparo.

“Que sua filha era muito amável e não se envolvia em conflitos”, lembra a mãe no depoimento. Patrícia ainda comentou que sabia que a família Cestari era praticante de tiro esportivo, “porém não sabia que havia livre circulação de armas pela casa, senão, não deixaria que Isabele frequentasse a casa”, assegurou.

No dia dos fatos, 12 de julho, Patrícia lembra que Isabele acordou por volta das 13h, tomou café da manhã e pediu para ir até a casa da amiga, “pois havia sido convidada por * e * (filhas de Cestari) para fazer uma torta na casa delas”. Isabele saiu de casa por volta das 14h.

A mãe ligou para a filha às 20h43, conforme verificou no extrato telefônico, chamando-a para voltar para casa. “Isabele disse que estavam preparando um risoto e que jantaria e, após, iria embora”. Ao delegado, Patrícia citou que não perguntou à filha quem estava na residência.

“Por volta das 22h, a genitora de * foi na casa da declarante de carro e chamou a declarante às pressas. Que a mãe de * disse que havia ocorrido um acidente, mas não sabia exatamente o que era”, segue o depoimento.

Segundo Patrícia, sua casa fica a aproximadamente 500 metros da casa onde a filha estava. Acrescentou que “a mãe de * apenas informou ter ocorrido um acidente, um disparo com a Bel (Isabele), mas que não sabia o que havia acontecido”.

Ela foi com a esposa de Cestari até a residência e chegando lá, “mostraram onde estava o corpo de Isabele, isto é, no banheiro do quarto de *”.

Patrícia então entrou no banheiro e viu Marcelo Cestari fazendo massagem cardíaca em Isabele e perguntou se ela tinha pulso. “Marcelo disse não saber” e pediu que Patrícia verificasse.

“Que a declarante se abaixou, virou a cabeça da vítima e viu que havia parte do cérebro exposta e notou que a filha já estava morta”, diz o depoimento da mãe ao delegado.

Em seguida, Patrícia “saiu do banheiro e questionou às pessoas que lá estavam sobre o acidente, mas ninguém soube dizer nada”. Neste momento, a filha de Cestari que assumiu autoria do disparo não estava no local e, segundo a mãe de Isabele, também não falou com ela depois. Posteriormente, Patrícia soube que * havia sido levada para outra casa para trocar de roupa.

Depois, a mãe de Isabele pediu para ser levada em casa para pegar seu celular, mas antes pararam na residência de um médico vizinho e o chamaram. Já em casa, Patrícia ligou para o médico Wilson Novaes, amigo da família e voltou para o local do fato. Lá já se encontrava o médico dr. Garibaldi e o Samu, cuja equipe lhe informou que sua filha estava morta.

Ao questionar o delegado Olímpio, ainda no local dos fatos, a mãe de Isabele ouviu dele a versão já contada pela filha de Cestari, que o case com as armas caiu no chão e que o disparo ocorreu quando ela pegava as armas do chão. O delegado contou, ainda, que havia uma fissura no case, o que indicava ter sido em ocorrência de disparo.

“Que a declarante perguntou como seria possível uma arma ter sido disparada dentro do case e o delegado respondeu ‘é isso que não está crível’”, segue o depoimento.

Patrícia perguntou aquele delegado se ele faria a oitiva da adolescente autora do disparo e ele respondeu que faria em outro dia, pois ela estava muito abalada.

Uma semana após a morte de Isabele, no domingo (19), Patrícia diz ter encontrado a mãe de um dos amigos da filha que estaria com Isabele no dia de sua morte. Essa mulher lhe revelou que os três filhos de Cestari, bem como a mãe deles, foram até sua casa e que as duas meninas, filhas do empresário, trocaram de roupa e as roupas de * estava lá.

De acordo com o depoimento de Patrícia, no momento em que ela entrou no banheiro e viu a filha caída no chão, não viu nenhuma arma de fogo no local. O cunhado de Patrícia teria, inclusive, discutido com Marcelo Cestari, pois ao questioná-lo sobre a arma o empresário respondeu que não sabia onde estava.
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