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13/08/2020 às 09:00

MP abre investigação contra delegado e policiais envolvidos no caso Isabele

Três policiais amigos do empresário Marcelo Cestari estiveram na casa após morte de adolescente; Advogado da família de Isabele apontou falhas na investigação

Camilla Zeni

MP abre investigação contra delegado e policiais envolvidos no caso Isabele

Promotor Célio Fúrio apura conduta de delegado e policiais na noite do crime

Foto: MPMT

A pedido da família de Isabele Guimarães Ramos, morta aos 14 anos com um tiro na cabeça disparado pela melhor amiga, o Ministério Público de Mato Grosso abriu investigação contra o delegado da Polícia Civil Olímpio da Cunha e outros dois policiais, amigos do empresário Marcelo Cestari, dono da casa onde a adolescente foi assassinada.

O procedimento de investigação, segundo o Ministério Público, está sob comando do promotor de Justiça Célio Joubert Fúrio e corre sob sigilo.

O caso de Isabele, morta na casa da melhor amiga no condomínio de luxo Alphaville I, em Cuiabá, tem mobilizado a polícia e a imprensa. A menina foi morta há um mês, em 12 de julho, e perguntas importantes ainda não têm respostas. 

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Para o advogado da família de Isabele, Hélio Nishiyama, o procedimento de investigação da Polícia Civil, inicialmente comandado pelo delegado Olímpio, foi lastrado de falhas. 

Em uma representação encaminhada ao Ministério Público no dia 6 de agosto, o advogado aponta que Olímpio cometeu, no mínimo, omissão ao deixar que pessoas externas da cena do crime entrassem no local. A defesa apontou que pelo menos dois policiais, amigos do empresário, estiveram na casa, na noite do crime e na presença do delegado.

“As investigações policiais identificaram os policiais que estiveram ilegalmente na cena do crime. Trata-se do policial militar Fernando Raphael Pereira Oliveira e dos policiais civis Leandro Livinali Ecco e Mário José Leite dos Santos. Todos, em tese, estiveram local em razão de relações particulares com Marcelo Cestari, todavia, valeram-se da condição de policiais, seja violando o isolamento da cena do crime mediante “carteirada”, seja utilizando veículos oficiais, seja participando dos trabalhos da Delegacia de Homicídio, tudo com a aparente anuência do delegado de polícia Olímpio Júnior e em benefício do particular Marcelo Cestari”, diz trecho da manifestação.

O advogado ainda apontou que depoimento de um militar que atendeu a ocorrência comprova a presença dos três amigos de Cestari, e ainda que um deles chegou a ajudar na remoção do corpo da adolescente.

No depoimento, o militar também conta que os três subiram ao piso superior da casa, que deveria estar isolado, com o objetivo de ajudar Cestari a apresentar os registros das armas de fogo.

A mãe de Isabele, por sua vez, também contou em depoimento sobre a presença de pessoas estranhas na cena do crime. Disse que um carro chegou cantando pneu e dele saíram duas pessoas bastante agitadas e prepotentes. Médico vizinho, que esteve na cena a pedido do empresário, no intuito de tentar prestar socorro à adolescente, afirmou em depoimento que os amigos de Cestari teriam intimidado as pessoas no local.

"A despeito do conteúdo volátil de moralidade, é certo que, no senso comum, o auxílio prestado por policiais “amigos” de pessoa presa em flagrante constitui grave imoralidade, pois, na condição de agentes de combate ao crime, espera-se conduta diametralmente oposta, ainda que pessoa presa seja amigo", apontou a defesa, em outro trecho da manifestação.

Segundo o Ministério Público, o sigilo do caso é necessário para não atrapalhar as investigações. 

Caso Isabele

Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, morreu na noite do dia 12 de julho, quando estava na casa de sua amiga, no condomínio de luxo Alphaville I, em Cuiabá. Segundo a Polícia Civil, ela foi atingida por um tiro na cabeça, que teria entrado por suas narinas e saído pela nuca. A autora do disparo seria a melhor amiga e moradora da casa. O caso ainda é tratado como homicídio culposo (quando não há a intenção de matar).

As investigações, conduzidas por duas equipes da Polícia Civil, ainda tentam elucidar o que aconteceu na noite do crime. 

Sabe-se que na casa da família Cestari, onde a morte da adolescente aconteceu, foram encontradas sete armas, sendo duas sem registro. Segundo a polícia, os membros da casa eram praticantes de tiro esportivo e as armas eram modificadas. Em razão da falta de documentação, porém, o pai da família, o empresário Marcelo Cestari, foi preso por posse irregular de arma de fogo. Contudo, ele pagou uma fiança de R$ 1 mil e foi liberado na mesma noite. Depois a Justiça aumentou o valor para R$ 52 mil - o que ainda é contestado pelo Ministério Público, que pede R$ 104 mil

Além da fiança, também se soma ao quebra-cabeça as inconsistências na noite do crime. Até o momento, mais de 20 pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil. Para a defesa da família de Isabele, houve falha na condução do caso.


Confira a cobertura completa sobre o caso Isabele aqui.
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