A reconstituição da morte de Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, durou cerca de sete horas, que poderiam ter sido classificada como angustiantes, inclusive pelo fato de a mãe da adolescente, Patricia Guimarães, morar no mesmo condomínio - ela não participou da simulação. Porém, apesar do clima de tensão com mais de 40 policiais na ação, ruas fechadas, teve uma pausa para pizza que foi levada para dentro da casa pelos advogados que acompanharam a dinâmica.
Claro que o que mais chamou atenção foram os tiros disparados. A reportagem do Leiagora acompanhou a reconstituição a algumas casas do fato e pode ouvir quatro disparos. Em nota, a Polícia Civil Judiciária (PJC) informou que foram realizadas a simulação com três disparos.
Ouvir o barulho à distância, despertou curiosidade na reportagem, isto porque o pai da adolescente investigada, o empresário Marcelo Cestari, alegou não ter ouvido e também disse que não sabia o que tinha acontecido, tanto que ligou para o Samu e alegou que a adolescente teria sofrido uma queda. Além disso, até o momento, os vizinhos também parecem não ter ouvido tiro no dia do ocorrido.
Atrizes
Outro fato curioso é que foram usadas duas atrizes que representaram as adolescentes na reconstituição. De acordo com a Polícia Judiciária Civil, ambos foram voluntárias. Elas tinham alturas e pesos semelhantes aos das envolvidas na tragédia.
Quem participou da ação?
A família Cestari, com exceção da investigada, que apresentou laudo psiquiátrico alegando sofrimento psicológico e físico, além do namorado responsável por levar a arma para a casa, e o vizinho, namorado da outra irmã da adolescente apontada como autora do disparo.
Os advogados do caso também estiveram presentes: Ulisses Rabaneda e Renan Serra, que atuam na defesa dos Cestari, Valber Mello, que acompanhou o namorado da investigada, e ainda Helio Nishiyama, advogado da família da Isabele.
Início e movimentação
A movimentação na casa iniciou por volta das 17h30, mas a reconstituição começou somente às 19h33 e terminou quase 2h da madrugada.
As pessoas envolvidas foram orientadas a ficar dentro da casa até para que pudessem refazer ações anteriores ao disparo e confrontar os horários também. Como por exemplo, o fato de o disparo ter ocorrido em um intervalo de menos de dois minutos entre a investigada ter deixado o namorado na porta, pegado a arma, subido a escada, procurado Isabele e ter ocorrido o disparo.
Pausa para pizza
Neste meio tempo ainda os advogados da família Cestari chegaram com pizza na residência. Isto por volta das 21h30. Não houve muita movimentação em frente da casa, a não ser do aparato mobilizado para cercar a residência e evitar aglomeração no local. Inclusive com o uso do Grupo de Operações Especiais responsável por fechar as ruas do condomínio.
Uma cena que até parece contrastar com o dia da morte de Isabele, em 12 de julho, já que os depoimentos mostram uma intensa movimentação na residência, inclusive, de amigos e conhecidos da família Cestari, dentre eles, policiais próximos de Marcelo.
Os disparos
Os disparos puderam ser ouvidos somente por volta da meia-noite. Ao todo foram 4 tiros simulados que puderam ser ouvidos pela reportagem. A polícia confrontou a versão apresentada pela investigada com o laudo. A adolescente, que assumiu a autoria do disparo, relata em depoimento que o tiro ocorreu após deixar o case com as armas cair na porta do banheiro. Ao tentar equilibrar a caixa com uma mão e arma com a outra, o tiro teria ocorrido. Ela admite a possibilidade ter apertado o gatilho. Por outro lado, o laudo aponta que o atirador estava dentro do banheiro, de frente com a vítima, numa distância de 20 a 30 cm. Além disso, o tiro foi disparado numa altura de 1,44 m e em linha reta, devido a trajetória da bala que acertou o nariz de Isabele e saiu na nuca.
Encerramento
Após os disparos, por volta da 0h30 foi possível ver movimentação das irmãs da investigada do lado de fora da casa e logo depois a simulação foi encerrada.
