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Notícias / Polícia

20/08/2020 às 08:24

Namorado de adolescente investigada por morte de Isabele voltou ao condomínio após o tiro

De acordo com os depoimentos dos membros da família Cestari, o disparo que atingiu a cabeça de Isabele ocorreu cerca de um minuto depois dele sair da casa.

Eduarda Fernandes

Namorado de adolescente investigada por morte de Isabele voltou ao condomínio após o tiro

Condomínio Alphaville

Foto: Rogério Cabeça de Urso / Leiagora

Na noite em que Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, morreu com um tiro na cabeça, o namorado da adolescente que assumiu a autoria do disparo retornou ao condomínio para dar apoio emocional a ela. Ele é filho empresário Glauco Fernando Mesquita Correa da Costa e a adolescente investigada é filha do empresário Marcelo Martins Cestari, proprietário da residência onde a tragédia ocorreu.

Conforme depoimento do rapaz, que tem 16 anos, ele saiu do condomínio Alphaville, em Cuiabá, onde residem as famílias das duas adolescentes, por volta das 22h de 12 de julho. De acordo com os depoimentos dos membros da família Cestari, o disparo que atingiu a cabeça de Isabele ocorreu cerca de um minuto depois.

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Enquanto ia para casa, o irmão de sua namorada “ligou informando que havia tido um acidente com a arma do declarante, informando que estava saindo muito sangue”, mas ele acreditou se tratar de uma brincadeira e desligou.

Após várias ligações, o rapaz diz ter pedido que o cunhado enviasse alguma foto para comprovar que não se tratava de uma brincadeira, mas o pedido não foi atendido e ele continuou sem acreditar que algo havia acontecido.

Ao chegar no edifício onde mora, “quando foi entrar no elevador, encontrou seus pais desesperados”, pois já haviam sido informados do ocorrido. Eles o colocaram no carro e os três seguiram de volta para o condomínio.

O menor relatou que “ao chegar lá, ficou dando apoio do lado de fora, pois a casa estava isolada; que falou um pouco com *** (sua namorada), mas ela estava em choque e não detalhou o que havia acontecido; que apenas dizia que a Bel havia ido; que o declarante se preocupou em dar apoio e não perguntou sobre o ocorrido”.

Ao delegado Wagner Bassi Júnior, o rapaz contou que Isabele e sua namorada eram melhores amigas, sempre estavam na casa uma da outra e nunca presenciou uma briga entre elas.

O depoimento foi prestado em 20 de julho e durou pouco mais de uma hora.

Treino no sábado
Ao delegado, o garoto contou que no dia anterior à morte de Isabele, sábado (11), ele foi treinar tiro com seu pai na parte da tarde no Clube FH e ligou para Marcelo, convidando-o a ir junto.

Ele relatou que “Marcelo também foi acompanhado de uma pessoa que o declarante não conhece; que treinaram no dia e o declarante se queixou a Marcelo que o gatilho estava duro, de sua arma Tanfoglio .38 Super; que Marcelo disse que era só dar uma polida no ‘sear’ que melhoraria e se prontificou a fazer isso no domingo (12), a tarde”.

Ao final do treino, o adolescente lembra que guardou todo o seu material em sua bolsa de tiro, inclusive sua arma que estava dentro do case. Ele alega não ter visto o pai também guardar a arma dele na mesma mochila, pois ficou aguardando dentro do carro, mexendo no celular.

Tarde do domingo
No domingo em questão, o garoto almoçou com sua família por volta das 11h e comentou com seu pai sobre ir à casa de Marcelo para fazer a manutenção na arma. “Seu pai disse que iria descansar e ‘viam’ isso”. Porém, enquanto o pai dormia, o rapaz pegou o case na bolsa de tiro, colocou em sua mochila pessoal e foi para a casa da namorada de Uber.

Já na casa dos Cestari, o adolescente colocou a mochila em cima de uma poltrona branca que fica na sala, cumprimentou todos, beijou a namorada e sentou um pouco com as pessoas que ali se encontravam, pois estavam vendo fotos de família. Em seguida, o rapaz foi até a mochila, pegou a case e a abriu na poltrona. “Neste momento, viu que além de sua arma, também estava no case a arma de seu pai, Imbel .380”.

Diante disso, a primeira coisa que fez foi vistoriar ambas as armas para ver se estavam municiadas. A primeira que testou foi a Imbel. Ele tirou o carregador, notando que havia munição dentro. Colocou então o carregador dentro da mochila, golpeou a arma sem carregador para ver se havia munição na câmara e não havia. Na sequência apontou a arma para um local seguro e deu um disparo a seco, confirmando que não havia munição.

Após essa checagem, o jovem deixou a arma do pai em cima do case e passou a fazer a mesma verificação em sua arma, a Tanfoglio, constatando que estava sem carregador e sem munição. Ainda assim, deu um tiro a seco.

Depois disso, ele pegou a arma do pai descarregada e a mostrou a todos que estavam na casa. “Contou para todos que antigamente usava esta arma e ganhou dois campeonatos com ela”. No depoimento, ele diz também que mostrou a arma do pai por curiosidade e negou estar oferecendo-a para venda, pois o equipamento não lhe pertencia.

Segundo o adolescente, na casa estavam Marcelo e sua esposa Gaby Cestari, os quatro filhos do casal e Isabele. Todos teriam visto a arma, exceto uma das filhas que estava na parte superior da casa estudando. Ao que ele se recorda, Marcelo foi o único a pegar na arma. Depois, a devolveu e o rapaz a deixou em cima da mesa da sala.

Em seguida, o jovem entregou sua arma para que Marcelo fizesse a manutenção como prometido. Depois disso, as duas ficaram em cima da mesa.
Marcelo então foi fazer a manutenção de suas armas pessoais e o garoto foi ver filme com sua namorada. Nesse tempo, ele relata que Isabele estava com uma das outras filhas do casal, não sabendo precisar em que local da casa.

Por volta das 17h30, quando o filme acabou, chegou na casa o namorado de uma das filhas de Cestari, que é vizinho da família. Então ficaram na área externa todos os jovens, exceto a que estava estudando. Ele contou que “ficaram por um longo tempo conversando; que todos juntos foram fazer a janta, por volta das 19h; que, por volta das 20h, todos jantaram”, inclusive Marcelo, Gaby e a filha que estava na parte superior da casa.

Pós jantar
Durante o jantar, o adolescente acredita que as armas tenham ficado em cima da mesa da sala.

Ele contou ao delegado que por volta das 20h30 seu pai, Glauco, ligou falando que já estava tarde e que seu irmão iria buscá-lo. Foi então que o rapaz contou ao pai que estava com a arma dele e que havia pedido para Marcelo ficar com as armas até o dia seguinte, quando seu pai iria pegá-las.

O depoente diz ter ficado conversando com a família Cestari na mesa de jantar que fica do lado de fora da casa até por volta das 21h50, quando seu irmão ligou informando-o que estava na portaria, pedindo autorização para entrar e buscá-lo. A entrada dele foi liberada.

O adolescente então guardou as armas no case, primeiro a Tanfoglio, depois uma luva para ficar entre elas e não arranhar e, por fim, a Imbel, na qual ele colocou o carregador com as munições de volta.

Ele explica que “como o cão já estava batido, sendo uma arma de ação simples, não seria possível ter munição na câmara, razão pela qual o declarante não fez nova vistoria”. Contudo, afirma que “estava sem munição na câmara”.

O garoto avisou Marcelo onde as armas estavam, pediu que as guardasse, se despediu e foi embora levando sua mochila por volta das 22h.

O relacionamento
O adolescente disse ao delegado que pratica tiro esportivo desde 2017, possui autorização judicial para tanto, e foi por meio dessa prática que conheceu a família Cestari, em julho de 2019.

Com o passar do tempo, ele acabou se aproximando da família e conheceu a filha de Cestari em um churrasco. Depois disso, o jovem passou a frequentar a casa de Marcelo, se aproximando ainda mais da menina quando, mais ou menos em outubro do ano passado, começaram a namorar. As famílias chegaram até a praticar tiro esportivo juntas.

O menor disse que não transita com a arma em via pública e que o objeto ficava em seu quarto, mas sempre descarregada, pois ele treinava a seco.

 
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