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21/09/2020 às 16:45

Obra de centro de reabilitação para pacientes com microcefalia está abandonada

Enquanto isso, as mães de crianças com microcefalia sofrem com a falta de atendimento especializado na rede pública de saúde

Bruno Pinheiro

Obra de centro de reabilitação para pacientes com microcefalia está abandonada

Foto: Ramon Alves / Playagora

Em 2016, um surto de zika vírus mudou a vida de muitas mulheres grávidas. Ele interfere diretamente na formação do bebê ocasionando a microcefalia. Uma das crianças afetadas foi Murilo, de 4 anos. Ele é filho de Fernanda Pereira da Silva, uma mãe apaixonada pelo filho que deixou o mundo de lado e decidiu cuidar apenas do filho.

“Murilo tem microcefalia e foi por zika vírus. Este vírus existe, somos prova disso. Renunciamos nossa vida no interior e viemos embora para cá com apenas a coragem”. A intenção era conseguir atendimento especializado na capital, mas acabou sendo surpreendida com a falta de suporte. “Encontra limitação de médicos e limitação na fisioterapia”, comentou Fernanda.

A esperança era uma obra lançada em 4 de julho de 2016 pela Prefeitura de Cuiabá que previa a construção de um Centro Especializado para crianças com microcefalia. A previsão de inauguração era 4 de maio de 2017. A equipe do Playagora apurou como está este obra atualmente. 

O investimento custaria, inicialmente, R$ 1,1 milhão e cerca de 80%, segundo a denúncia, já foram pagos. No entanto, a empresa responsável pela construção acionou a Justiça solicitando um aditivo e abandonou a obra que atenderia as crianças com microcefalia.

Só que a espera continua. Esta obra abandonada já foi a esperança dessas mães. Quando anunciada a construção, nasceu o sentimento de uma nova chance. “Me deixou esperançosa porque teríamos um centro que iria atender as necessidades das nossas crianças, prioridade, porque essa que era o acordo, prioridades das crianças com microcefalia por zika vírus”, declarou Fernanda.

Sem uma atenção na rede municipal de Saúde, o jeito foi buscar na rede particular, mas isso não tem sido fácil e as despesas tem afetado o orçamento família. “A gente acaba ter que ter dinheiro de onde a gente não tem. Faz vaquinha, a família ajuda, para poder conseguir custear este atendimento que por direito Murilo teria na rede pública. Em torno de 15 mil reais que precisa para custear as despesas do Murilo”, relata Fernanda.  

A Andréia de Campos, mãe da Paola de cinco anos, também vive o mesmo dilema de Fernanda. Ela deixou o município de Querência e veio tentar a vida em Cuiabá. Uma de suas maiores riquezas é a Paola que necessita de uma atenção especial. Só que não teve o respaldo do Poder Público.

“Já tentei pelo Estado e município, mas não consegui. O mínimo que eu consegui foi aquilo que eu falei, que era a fisioterapia uma vez por semana, e por ela já chegar aos 4 ou 5 anos recebeu alta. Única coisa que eu consegui era esse atendimento e uma cadeira de rodas, que foi pedida em 2017 e ai veio uma cadeira em 2019, mas muito pequena que daqui a pouco não dá mais para ela porque demorou muito tempo”, declarou Andréia.

Enquanto isso, 3 anos após da data marcada para inauguração o cenário onde funcionaria o Centro Especializado é assustador. A reportagem do Playagora foi ao local e encontrou caixas de lixo hospitalar, embalagens de seringas, luvas, máscaras, e o mato que esconde o canteiro de obras. A construção fica ao lado da Policlínica do Planalto em Cuiabá.

Em meio ao lixo, também foi encontrado documentos com registros de ocorrências ambulatoriais. O local está sendo usado por moradores de rua, usuários de drogas, durante a noite. Uma estrutura totalmente comprometida, com sol, chuva e o tempo, as colunas já estão caindo. Nesta sala a parede inteira está dependurada e cheia de rachaduras.
 
“Já são quatro anos que aconteceu, levantou e não saiu do papel”, lamentou Fernanda. Realmente, a obra ficou apenas no sonho e no papel que se perdeu em meio a todo esse lixo. Papel que leva a mensagem, cuidando de quem cuida da gente.

Confira a reportagem completa 



 
Edição de texto: Alline Marques 
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