Pressão popular e de parlamentares levou o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) a pedir o afastamento de suas funções por 90 dias. Ele foi flagrado com R$ 33 mil em sua cueca, durante operação policial na semana passada.
Um dos parlamentares que aconselharam o senador foi o mato-grossense Jayme Campos (DEM-MT), que também preside o Conselho de Ética do Senado. O democrata ponderou a necessidade de esclarecer a verdade em torno da situação na qual se envolveu o colega, e sugeriu que ele deveria se afastar.
"Se eu fosse ele [Chico Rodrigues], pediria uma licença por 121 dias para não ter nenhuma dúvida de que ele quer, de fato, esclarecer a verdade", avaliou Jayme Campos, em entrevista à GloboNews nessa segunda-feira.
O afastamento de Chico Rodrigues também já tinha sido determinado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, a decisão monocrática vai ser novamente analisada pelo plenário nesta quarta-feira (21).
A expectativa é de que os ministros do STF mantenham a decisão de afastamento do senador. Com isso, ficaria mais difícil para o Senado derrubar o entendimento e mantê-lo no cargo.
Cabe lembrar que os partidos Rede Sustentabilidade e Cidadania já representaram junto ao Conselho de Ética a situação do senador. Contudo, Jayme Campos decidiu não avaliar o pedido sozinho, e o encaminhou para a a Advocacia Geral do Senado.
Na entrevista, o mato-grossense explicou que, após receber o parecer, o Senado ainda tem outros 10 casos para analisar, na frente de Chico Rodrigues. Dessa forma, o pedido de licença feito pelo próprio parlamentar facilita para os colegas, que não precisam se desgastar com o afastamento do senador, nem com o STF e tampouco sofrer com pressão popular.
Dinheiro na cueca
O parlamentar de Roraima foi alvo de investigação da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU), que apuraram desvio de R$ 20 milhões em emendas parlamentares destinadas ao combate da covid-19 no Estado.
A apuração apontou que um grupo de políticos, empresários e servidores fraudaram licitação para que determinadas empresas fossem contratadas pela Secretaria de Estado de Saúde e, assim, promovessem o desvio de valores. Conforme a CGU, foram identificados sobrepreço e superfaturamento nas compras de EPIs e de testes rápidos.
Chico Rodrigues negou participação no caso e afirmou, em nota, que estar confiante na Justiça. Ainda, que tudo deve ser esclarecido e que deverá provar que não praticou qualquer ato ilícito.